sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eleições, corrupção, desilusões

Vamos pensar um pouco mais sobre as considerações que fazemos e ouvimos nestes dias... Vamos refletir sobre essa situação de a corrupção ser uma das principais causas de desilusões políticas de grande parte da população. Não é para menos... Vejam, porém, que a própria Democracia Liberal nos dá o direito de nos levantarmos contrariamente a esse tipo de postura política!

Depois do comentário de ontem, pensei em alguns trechos de outro pensador... Eles nos ensinam...

Bem antes de Rousseau, existiu Maquiavel. Este filósofo escreveu importantes textos. É claro que ele nada tem a ver com Liberalismo, já que o contexto em que viveu foi bem diferente. Não há dúvidas de que o mais conhecido de seus textos seja “O Príncipe”. A maioria das pessoas pouco sabe de sua filosofia... De modo equivocado usam o termo “Maquiavélico”... Porém não estão enganados aqueles que afirmam que muitos políticos da atualidade seguem certos conselhos de Maquiavel para chegar ao poder... E, se possível, dele não mais se separar...

Sem grandes riscos de erros, podemos dizer que esse texto é uma espécie de “manual” para que o “príncipe” se tornasse liderança política... Aliás, para muitos, Maquiavel e seu texto inauguram a “Política” enquanto Ciência...

Então... Retornando às reflexões...

A angústia que percebemos em Maquiavel é a grande divisão e enfraquecimento de seu país, a Itália do século XVI. O texto apresenta as várias características de governos e cita passagens históricas, de povos que se destacaram e constituíram impérios, além da postura de seus líderes... Quer dizer, afinal, o que seria possível aprender com aqueles exemplos?

Quando, há muitos anos, li esse texto na íntegra, lembro de que me chamaram a atenção as passagens sobre quais seriam as posturas mais recomendáveis ao “príncipe” em relação aos seus súditos... Concluímos que ele (líder político) pode até mentir ou não cumprir com a palavra dada, ou ainda “fazer uma média” com os súditos ao parecer satisfeito com suas manifestações festivas, por exemplo.

Há um trecho do texto que ilustra isso:

“... Todos concordam que é muito louvável um príncipe respeitar sua palavra e viver com integridade, sem astúcias nem embustes. Contudo, a experiência do nosso tempo mostra-nos que se tornaram grandes príncipes os que não ligaram muita importância à fé dada...” Maquiavel, Nicolau: “O Príncipe”.

Mas ficava nítida a ideia de que o “príncipe” não deve proporcionar graves traumas sociais. Entre esses, podemos destacar a corrupção.

Para ilustrar essa afirmação, cito aqui outro trecho que aparece em caderno de atividades 1 para alunos do 2º ano do Ensino Médio. Fica a ressalva de que a temática nele está relacionada ao “abuso de poder e apropriação dos bens alheios”, mas o que é o dinheiro público senão o auferido da contribuição de todos?

“O príncipe, de todo modo, deverá fazer-se temido, de sorte que, em não granjeando a estima, ao menos evitará ser o alvo de ódios, afinal, é perfeitamente possível a um só tempo fazer-se temido sem fazer-se odiado, o que, aliás, ocorrerá sempre que ele se abstiver dos bens dos seus concidadãos e dos seus súditos, bem como das mulheres destes, (...). Mas sobretudo deverá abster-se dos bens de outrem, visto que os homens não tardam tanto a esquecer a morte de um pai quanto a perda de um patrimônio. Maquiavel, Nicolau: “O Príncipe”.

Um abraço,

Prof.Gilberto

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