sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O diário de Anne Frank

Desde que li o diário de Anne Frank sabia que poderia utilizá-lo em minhas aulas. Por diversos fatores retomo a história de Anne: trata-se de uma criança que vivenciou os absurdos das perseguições nazistas; apesar de todas as dificuldades enfrentadas, Anne escreveu muito bem até quando lhe foi possível; os alunos sensibilizam-se com seus dramas; a dramática trajetória de sua família pode ser explicada pelos avanços do nazismo a partir do início da guerra (fugiram da Alemanha para a Holanda, mas o antissemitismo alcançou-os com a capitulação deste país).


Há uns dez anos emprestei um exemplar (como este que está colado aí) a um dos alunos do Casais. Não o recebi de volta, mas não há problema... Se ele circulou por outros leitores já valeu a pena.


Segue o texto que elaborei:

Sobre o diário de Anne Frank

Anne Frank completava 13 anos de idade no dia 12 de junho de 1942 quando começou a escrever em seu diário (um presente pelo seu aniversário). Vivia com a família desde 1933 na Holanda, ano em que deixaram a Alemanha por serem judeus. Poucos dias depois do aniversário a família de Anne (pai, mãe e irmã) passa a viver em um esconderijo com uma outra família (os Van Pels – denominados por Anne em seu diário de Van Dan) constituída por um casal e um filho. Mais tarde o grupo recebe um outro foragido judeu (Fritz Pfeffer – que aparece no diário de Anne com o nome de Sr. Dussel).

O diário de Anne Frank constitui um importante documento sobre a Segunda Guerra e sobre o avanço do Nazismo pela Europa. O começo do manuscrito trata de coisas bem particulares da garota, mas conforme o tempo passa, as condições no esconderijo (chamado de Anexo) pioram e a prolongada guerra não dá sinais de que terminará, as revelações da terrível realidade se evidenciam. Nem todos os judeus tiveram a possibilidade de fugir da violenta perseguição nazista. No esconderijo Anne lembrava-se de suas colegas de escola e de outros tantos conhecidos. Um velho rádio transmitia o desenrolar da guerra e os seus pavores. Os foragidos
recebiam ajuda de alguns cristãos que forneciam alimentos e outras coisas como jornais, livros e revistas. Anne tinha esperança de, ao final da guerra, lançar um livro baseado em seu cotidiano no esconderijo.

A última anotação no diário data de 1º de agosto de 1944. Três dias depois, as oito pessoas escondidas foram presas e enviadas para campos de concentração. O único sobrevivente foi o pai de Anne, Otto, que, de posse dos manuscritos da filha, tratou de divulgá-los. Trágicos foram os destinos de todos do Anexo. Anne morreu, com a irmã Margot, no final de fevereiro ou início de março de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen (depois de terem passado por Auschwitz). O campo foi libertado por soldados ingleses em 12 de abril de 1945.



“Fragmento do Diário de Anne Frank”

Sábado, 20 de julho de 1942 (...) (...) (...) O resto da família, no entanto, sofreu em cheio o impacto das leis anti-semitas de Hitler, e a vida se encheu de angústias. Em 1938, depois dos ‘progroms’, meus dois tios (irmãos de minha mãe) fugiram para os Estados Unidos. Minha avó, velhinha, de setenta e três anos, veio morar conosco. Depois de 1940, foram-se os bons tempos; primeiro a guerra, depois a capitulação, seguida da chegada dos alemães, então é que principiaram, de verdade, os sofrimentos dos judeus. Surgiram decretos anti-semitas, uns após outros, em rápida sucessão. Os judeus tinham que usar uma estrela amarela, os judeus tinham que entregar as bicicletas, os judeus não podiam andar de bonde, os judeus ficavam proibidos de dirigir automóveis. Os judeus só podiam fazer compras das três às cinco horas e só em casas que tivessem placa dizendo ‘casa israelita’. Os judeus deviam recolher-se às suas casas às oito da noite, e, depois dessa hora, não podiam nem sentar em seus próprios jardins. Os judeus ficavam proibidos de ir a teatros, cinemas e outros lugares de diversão. Os judeus não deviam publicamente tomar parte em esportes. Eram-lhes interditadas as piscinas, as quadras de tênis, os campos de hockey e outros sítios esportivos. Os judeus não podiam visitar os cristãos. Os judeus tinham de ir às escolas judias e sofriam ainda uma porção de restrições semelhantes.

Assim pois, não se podia fazer isto e estava-se proibido de fazer aquilo, mas a vida continuava, apesar de tudo. Jopie (amiga de Anne) costumava dizer-me: ‘Tem-se medo de fazer seja lá o que for, pois pode ser proibido.’ (...).

Um abraço,
Prof.Gilberto

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