terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fragmentos de Tucídides - exercício

Por hoje estou deixando este exercício que propus aos alunos de primeiro ano do Médio da Adolfo Casais de 2009. Numa das próximas postagens comentarei a resolução... Prometo colar o fragmento de texto que foi trabalhado em sala de aulas. Também neste caso, quem conhece da matéria sabe que há alternativas bem absurdas aí.

(...) Não é o fato de pertencer a uma classe, mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos (...) O trecho de Tucídides (séc. V a.C) pode ser entendido:

A ( ) Como uma referência a Esparta. Todos tinham direitos.

B ( ) Como uma referência a Atenas. A Democracia valoriza a classe do indivíduo.

C ( ) Os postos de dirigentes, de qualquer polis, deviam ser assumidos pelos formados.

D ( ) Em Atenas os postos mais honrosos deixaram de ser exclusivos dos mais ricos.

E ( ) É uma critica à Democracia, já que nela os despreparados podem chegar ao poder.

Um abraço,

Prof.Gilberto

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Adalbéron de Laon - fragmentos medievais

Por hoje estou postando estes fragmentos. Eles podem ser encontrados em várias coletâneas... Inclusive em um dos cadernos de atividades para grupos de 1º ano do Médio propostos por SEE.

Este material também confirma o poder da Igreja Católica ao tempo da Idade Média no Ocidente... É como postei anteriormente: toda a vida e o conhecimento considerado válido eram determinados pela Igreja e tinham fundamentação bíblica... Isso corresponde a admitir que a mentalidade era a de que o próprio Deus definia as existências e os fenômenos da natureza...

No texto do bispo Adalbéron de Laon temos a apresentação do “modo como Deus organizou a sociedade”. Temos a definição dos “estados”... A sociedade era estamental... Todos conhecem o primeiro estado, o segundo estado e o terceiro estado... Clero, nobreza e camponeses... Esses estados também podem ser chamados de “ordens”... Devemos entendê-las como as “ordens” definidas por Deus a cada um... É por isso que tornou-se comum dizer que a sociedade feudal era aquela em que uns oravam; outros guerreavam; outros produziam...

O que importava era a “missão” determinada por Deus aos homens... O primeiro estado não era necessariamente o dos mais ricos... Seus membros podiam não ser os de maiores posses... No entanto é muito comum notarmos as pessoas desenhando pirâmides sociais do Feudalismo em que explicam que aqueles do alto eram os “mais ricos”... Pertenciam a essa parcela da sociedade aqueles que tinham a ”ordem” estabelecida por Deus para cuidar da espiritualidade de todos, ou seja, os membros do clero... Podia acontecer de um padre passar necessidades, no entanto era um membro do 1º estado. Os nobres proprietários de terras tinham a missão do combate para a defesa da sociedade “estabelecida por Deus”. Guerrear (mantendo-se preparado para o confronto com os “não cristãos”) era a “ordem” que deviam cumprir em vida. Tão sublime missão só podia ser carregada de uma série de nobres regras.

Os fragmentos do religioso deixam claro a condição dos servos, uma “desgraçada raça” que, à custa de muito trabalho, fornecia todo o essencial à vida dos demais... O bispo apresenta a sociedade como perfeita... Dá a ideia de que “tudo está em seu devido lugar” porque é perfeito, “definido por Deus”, e assim (sem traumas provocados por alterações) “reina a paz sobre os homens”.





Fragmentos do bispo Adalbéron de Laon, século XI. In Le Goff, Jacques “A civilização do Ocidente medieval”

“A sociedade dos fiéis forma um só corpo; mas o Estado tem três corpos: com efeito, os nobres e os servos se regem pelo mesmo estatuto. (...) Uns são guerreiros, protetores das Igrejas; são os defensores do povo, tanto dos grandes como dos pequenos. (...) A outra classe é a dos servos: esta desgraçada raça nada possui senão à custa de sofrimento. Dinheiro, vestuário, alimento, tudo os servos fornecem a toda a gente; nem um só homem livre poderia subsistir sem os servos. (...) O senhor é alimentado pelo servo, ele, que pretende alimentá-lo.(...)
A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros combatem, e outros, enfim, trabalham. (...) Os serviços prestados por uma das partes são a condição da obra das outras duas; e cada uma, por sua vez, se encarrega de aliviar o todo. (...) É assim que a lei tem podido triunfar e que o mundo tem podido gozar de paz.”

Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 28 de novembro de 2010

Filme: Ponyo - uma amizade que veio do mar

Indicação (livre)

Postei no blog da EMEF Teodomiro um texto sobre esta animação. Estou compartilhando aqui:
Você deve conhecer a estória da Pequena Sereia... Pelo menos a versão Disney... O fundo do mar, o rei Tritão e suas filhas, uma mais bela e obediente que a outra... Ariel, no entanto, se encantava com os humanos de tal forma que colecionava objetos que afundavam com os navios... Até deparar-se com o príncipe Erick, que naufragou... Por ele se apaixonou e decidiu tornar-se humana...
A estória de Ponyo é bem mais complicada. O seu criador é Hayao Miyazaki, o japonês que fez também A Viagem de Chihiro, outra animação muito legal... Para entender seus desenhos, você tem de se concentrar, pensar bem nas imagens e diálogos...

Fique sossegado... Não vou desvendar o desenho inteiro...

A estória de Ponyo se apresenta um pouco confusa desde o começo. Há um homem que vive no fundo do mar com algumas criaturas que ele cria e desenvolve (!)... Podemos notar que ele é um tipo bem revoltado com o modo como os seres humanos tratam e poluem o ar e as águas do planeta. Ele é o pai da” peixinha” Ponyo e de vários outros peixinhos dourados. A mãe de Ponyo é a poderosa Deusa do Mar...

Os irmãozinhos de Ponyo ajudam-na a sair da redoma que era o laboratório do pai, mas ele não admite essa retirada e segue em sua perseguição.

Sosuke é um garotinho de cinco anos que mora com a mãe em uma casa no alto de uma montanha... Seu pai é oficial da marinha e normalmente está trabalhando num navio... A casa de Sosuke possui equipamentos para comunicação com os que estão no mar através de sinais luminosos... Em seu cotidiano Sosuke se relaciona com as crianças da escola, mas convive especialmente com adultos, em especial os idosos que vivem em um asilo onde sua mãe trabalha.

Maravilhosos desenhos e efeitos espetaculares de computação mostram como Ponyo chega à superfície, onde é capturada por Sosuke. Inicia-se a amizade entre os dois. Mas o pai de Ponyo a recupera. Porém a peixinha está convencida de que deve retornar ao convívio de Sosuke... E dessa vez, graças à ajuda dos irmãozinhos, ela assume a forma humana com poderes incríveis... Novos efeitos espetaculares de computação e lá estão os amiguinhos juntos novamente. Vivendo aventuras, como a da enchente absurda, que deixou todos em dificuldades. O maior desafio de Ponyo passa a ser o de mostrar-se preparada para se tornar uma humana de verdade.
Ela vai mesmo aprendendo a ser uma humana...
Maravilhosa é a cena em que ela se depara com um jovem casal e o seu bebê recém-nascido... Eles estão com problemas por causa da enchente. Ponyo manifesta compaixão e desejo de ajudar o outro... Aí temos, talvez, o ensinamento essencial da animação: para sermos pessoa de verdade temos de ter esse sentimento que nos aproxima aos demais...
Veja o vídeo abaixo. Certo?

Um abraço,

Prof.Gilberto

sábado, 27 de novembro de 2010

Capítulos 2 & 9 de Gênesis - versículos selecionados

Estou destacando esses dois fragmentos de Genesis. Versículos dos capítulos 2 e 9 são citados em exercícios do volume 1 de atividades - 2º do Médio. Aqui trouxe mais textos do que os que lá estão propostos. Fiz isso para evidenciar ainda mais as relações do mapa de Isidoro de Sevilha com a fundamentação bíblica.

Pode ser interessante acessar:


É claro que o trabalho com essa temática pode demandar discussões diversas como, por exemplo, as narrativas sobre um Éden e um Dilúvio universal também em várias mitologias... Outras ainda, mais complicadas, são as que geram debates sobre "criacionismo" e "evolucionismo"...

Isso é outro assunto...

Gênesis 2 (10-14)

E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. O nome do primeiro é Pisom: este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro; e o ouro dessa terra é bom: ali há o bdélio, e a pedra de berilo.

O nome do segundo rio é Giom: este é o que rodeia toda a terra de Cuche.

O nome do terceiro rio é Tigre: este é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.


Gênesis 9 (16-19)
E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra.
E disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança que tenho estabelecido entre mim e entre toda a carne, que está sobre a terra.
E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã.
Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a terra.

Um abraço,

Prof.Gilberto

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mapa de Isidoro de Sevilha - comentários

Achei interessante o trabalho com este mapa que foi selecionado por SEE para volume 1 de atividades - 2º do Médio. Ele é bem representativo sob vários aspectos.

O fato de ser um mapa Medieval e da autoria de um bispo da Igreja Católica, revela-nos o poder exercido pelos religiosos daquele tempo. Além do controle espiritual e religioso, detinham também o poder sobre a organização da sociedade e o conhecimento considerado válido.

As explicações sobre o mundo, a vida e seus fenômenos eram definidas a partir da Bíblia e das premissas estabelecidas pelos padres da Igreja. O mapa é produto dessa situação. A isso podemos chamar de Teocentrismo.

O mapa colado aqui foi copiado do caderno de atividades porque ele apresenta alguns detalhes que não são verificados naquele que faz parte da postagem de ontem. Esse mapa também é chamado de "OT" porque o seu desenho lembra a aglutinação das duas letras. Isso é mais facilmente notado no mapa da publicação de ontem.

Percebam que o mapa apresenta os três continentes conhecidos até então. O mundo conhecido era basicamente aquele dominado pelos romanos na Antiguidade: Europa, norte da África e oeste da Ásia, que formavam o Impe´rio Romano... Mas, quando pensamos nos mapa-múndi atuais, notamos que essas terras estão colocadas em “posições incorretas”. Os continentes são circundados por um grande oceano e por eles está passando o Mar Mediterrâneo (é o que forma o "T"), que era o que conheciam melhor. Ao norte está a Ásia porque ali, a partir das interpretações bíblicas, acreditavam que havia o Éden criado por Deus. A Ásia (o Oriente) era o que interessava.

Podemos dizer que ser “orientado” tem a ver com essa visão medieval... Colocar acima de tudo os princípios religiosos...

Assim como não é por acaso que nos dias de hoje (nossos mapas apresentam o norte na parte alta) dizemos que “ter um norte” é seguir objetivo correto, adequado...

Notem, além disso, que em cada porção de terra há o nome de um dos filhos de Noé (Cão, Sem e Jafeh), que repovoaram a Terra após o dilúvio narrado no Antigo Testamento.
Para finalizar, não podemos deixar de destacar a Cruz que está assinalada no alto do mapa, onde está a Ásia. Além disso, a forma circular representava desde os tempos platônicos a perfeição relacionada a Deus. Dados esses elementos aqui elencados, a resposta adequada para a questão apresentada ontem é a alternativa “A”.
Pode ser interessante consultar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/01/consideracoes-sobre-isidoro-de-sevilha.html.
Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mapa de Isidoro de Sevilha

Por hoje estou deixando este exercício que propus aos alunos de segundo ano do Médio da Adolfo Casais de 2009. O caderno 1 de atividades que eles utilizam traz estudos sobre o mapa nele apresentado. Numa das próximas postagens comentarei o mapa e a resolução... Quem conhece sabe que há alternativas bem absurdas aí.
A seguir temos a representação do mapa do mundo a partir das definições de Santo Isidoro de Sevilha (560-636). O mapa reflete a mentalidade ocidental ao tempo da Idade Média. Sobre ele, podemos afirmar:
A ( ) A mentalidade era definida pela Igreja Católica e a interpretação bíblica.

B ( ) Trata-se de uma representação influenciada pelo Renascimento Cultural.
C ( ) Apresenta os continentes na posição correspondente à realidade.

D ( ) Na verdade trata-se de um mapa astral, para horóscopos.


Um abraço,

Prof.Gilberto

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Clip de Gone - U2

Conforme o combinado, segue aí o clip (não é bem um clip) de Gone... Pelo menos é possível ouvir a música e apreciar a letra... Coloquei aí uma tradução que foi extraída de http://letras.terra.com.br/u2/62948/traducao.html (23/11/2010; 13:00)

Dá para perceber que o livro apresenta uma tradução um pouco diferente...




Gone (Foi)

You get to feel so guilty

(Você se sente tão culpado e)

Got so much for so little

(conseguiu tanto por tão pouco)

Then you find that the feeling just won't go away.

(Então você descobre que o sentimento não irá desaparecer.)

You're holding on to every little thing so tightly

(Você está agarrando toda pequena coisa tão firmemente)

Till there's nothing left for you anyway.

(Até que não reste nada deixado por você de qualquer maneira.)

Goodbye, you can keep this suit of lights

(Adeus, você pode manter esse terno de luzes)

I'll be up with the sun

(Eu ficarei enaltecido com o sol)

I'm not coming down

I'm not coming down

I'm not coming down.

(Eu não estou desanimando...

Eu não estou desanimando...

Eu não estou desanimando.)

You wanted to get somewhere so badly

(Você quis tanto chegar a algum lugar)

You had to lose yourself along the way.

(Você tinha que se perder no caminho.)

You changed your name

(Você muda seu nome)

Well that's okay, it's necessary

(Mas está tudo bem,é necessário)

And what you leave behind you don't miss anyway.

(E o que você deixa para trás você não sente saudades.)

Goodbye, you can keep this suit of lights

(Adeus, você pode manter esse terno de luzes)

I'll be up with the sun

(Eu ficarei enaltecido com o sol)

I'm not coming down

I'm not coming down

I'm not coming down.

(E não desanimando...

não estou desanimando...

não estou desanimando)

'Cause I'm already gone

(E eu já estou arruinado)

Felt that way all along.

(Senti toda aquela forma)

Closer to you every day

(Mais perto de você todos os dias)

I didn't want it that much anyway.

(Não quis mais aquilo de qualquer maneira)

Then you learn to like the way it feels.

(Então você tem que gostar da maneira que isso é)

You hurt yourself, you hurt your lover

(Você machuca a si própria você machuca seu amante)

Then you discover

(Então você descobre...)

What you thought was freedom is just greed.

(O que você pensava que era liberdade era apenas ganância)

Goodbye, and it's an emotional

(Adeus, e isto é emocional)

Goodnight, I'll be up with the sun.

(Boa Noite, eu ficarei enaltecido com o sol)

Are you still holding on?

(Você ainda está segurando?)

I'm not coming down…

I'm not coming down

I'm not coming down.

(Eu não estou desanimando

Eu não estou desanimando

Eu não estou desanimando)


Um abraço,

Prof.Gilberto

Leia: U2 e a Filosofia. Editora Madras.

"U2 e a Filosofia" - considerações acerca da "Alegoria da Caverna"

Na semana passada ouvi uma conversa entre professoras da Adolfo Casais. Falavam sobre música e shows que assistiram ou têm vontade de assistir... Uma delas já havia adquirido entradas para o de Paul McCartney, que teve sua última apresentação em São Paulo na noite de ontem... Outra, que regressou dos Estados Unidos depois de dois anos naquele país, disse que teve muitas oportunidades para assistir a espetáculos de várias bandas. Chamou-me a atenção quando ela fez referências ao show do U2. Ela falava que era bem diferente... Dizia que o comportamento dos fãs era de reflexão (!). Quer dizer... Ela não percebeu excessos de gritos, pulos, essas coisas... Depois de um tempo resolvi falar sobre o livro que li, a coletânea de Mark A. Wrathall.

Os que acompanham as mal traç... digitadas linhas neste blog sabem que recentemente escrevi sobre U2 e a Filosofia. Falei à professora algo de minhas impressões. Ela se interessou e até já encomendou um exemplar... O que falei a ela é mais ou menos o que escrevi naquela publicação, mas tratei também de outros textos do livro que despertaram a sua curiosidade... É por isso que decidi retomar algumas temáticas daquele livro. Não é por nada... Acho que o retomarei ainda em outras publicações.

Naquela ocasião, escrevi basicamente sobre o capítulo “Nós podemos ser um: Amor e transcendência platônica no U2”, de Marina B. McCoy, e suas referências a O Banquete, de Platão: http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/11/u2-e-filosofia-coletanea-de-mark.html

Em A República, mais uma vez Platão, temos a alegoria da Caverna (capítulo 7). Ali percebemos uma reflexão acerca do filosofar sobre nossa existência terrena... Podemos concluir que a realidade física não contempla as nossas reais necessidades. O texto de Platão leva-nos a considerar que o verdadeiro mundo, o que interessa, é o das ideias. Na caverna estão os homens, acorrentados, a contemplar apenas as sombras das coisas (a aparência das ideias). Aquele que sai da caverna fica ofuscado com a forte luz solar, que ilumina tudo o que existe... Na caverna, os prisioneiros conhecem apenas as sombras projetadas na parede a partir da luz de uma fogueira.

O seu retorno é traumático porque a luz do Sol ofuscou sua visão, ele tem de se acostumar à escuridão da caverna. Além disso, ele quer mostrar que em seu interior não vivem um mundo real, que a verdade está lá fora... Isso se torna conflituoso, um forte choque para os demais, que dão risadas do outro que só saiu para “prejudicar a visão”, e chegam a concluir que o melhor que têm a fazer é eliminá-lo para que maiores transtornos não sejam proporcionados.
Bom... Então você pode tirar algumas conclusões do tipo: a caverna é o nosso mundinho sensorial; estamos presos à matéria e às sensações; aquele que sai da caverna é o filósofo que quer conhecer a verdade; a reação dos demais representa a atitude das pessoas quando confrontadas com a verdade... Mas e o Sol? Ele pode ser entendido com o Absoluto, a Verdade Suprema... Deus.
Os textos platônicos levam-nos a interpretar que antes estávamos no mundo das ideias, porém fomos condenados a viver neste mundo de aparências onde não conhecemos a essência. O que podemos fazer? Afastarmos-nos das experiências sensoriais, livrarmo-nos da matéria para buscarmos a realização espiritual.

É claro que isso não é nada fácil. A matéria nos atrai. As experiências sensoriais proporcionam prazer... Mas as pessoas sempre se vêem insatisfeitas... A busca do Absoluto permanece; as pessoas também têm sede de Deus... Alguns filósofos, como Lucrécio (século I a.C) propõem o contrário, quer dizer, deixarmos a religião e as superstições de lado para curtirmos a realidade material...

Historicamente essas questões foram muito refletidas e discutidas por pensadores (só para citar alguns: Santo Agostinho, Pascal, Kierkegaard, Nietzsche, Schopenhauer, Heidegger). As leituras podem nos levar à constatação de que encontramo-nos em angustiante situação de desespero, já que se torna impossível viver apenas a partir de uma das possibilidades... Encarar Deus de frente ofusca os olhos...

Trechos de “Olhando fixamente para o Sol: U2 e a experiência do Desespero Kierkagaardiano”, de Hubert l. Dreyfus e Mark A. Wrathall:

(...) O grupo adota um imaginário extraído da interpretação cristã da Alegoria da Caverna, de Platão, em que o Sol representa Deus. As canções do U2 retornam, repetidas vezes, à ideia de que a fé religiosa nos torna incapazes de viver neste mundo, onde não há espaço para o amor e a santidade. “Jesus’s sisters’s eyes are a blister” [os olhos da irmã de Jesus são uma bolha] (“If Gos Will Send His Angels”) – os fiéis são cegos, possivelmente por ficar olhando fixamente para o Sol (“Staring at the Sun”). Na canção “Staring at the Sun”, o cantor declara que ele “não é o único a ficar feliz por ficar cego” (I’not the only one/ Who’s happy to GO blind”). Na verdade, do ponto de vista tradicional cristão, ou platônico, é bom que o olhar voltado para Deus cegue a pessoa para um mundo onde... “Love took a train heading south” – o amor tomou um caminho para o sul... “the cops collect for cons” – os policiais contribuindo para o crime... “the cartoon network turns into the news” – os desenhos animados se tornam as notícias (If God Will Send His Angels); e onde “intransegence is all around” – a intransigência está em toda a parte (“Staring at the Sun”).

Claro que a rejeição do mundo não faz com que o U2 desista do anseio por Deus e pelo divino. Mas parece que a realização desse anseio só é possível quando você renuncia ao mundo. Esse é o tema de “Gone”, em que o cantor declara: “I’ll be up with the Sun/ I’m not coming down” (...) Ficarei lá em cima com o Sol, não vou descer.
Depois de ler tanto... Acho que você merece curtir Gone, que estará na postagem seguinte com uma tradução que não é bem aquela do livro...

Em tempo: O slide acima foi copiado de http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/platao... (23/11/2010;12:30)


Um abraço,
Prof.Gilberto

Leia: U2 e a Filosofia. Editora Madras.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

No tempo das primeiras fábricas - uma sugestão de leitura para o Ensino Fundamental

Em dias de postagens que nos remetem a textos que publiquei no blog da EMEF Teodomiro, segue mais este, que foi publicado no dia 1 de outubro. O título da publicação é Livro legal.

É uma sugestão de livro para a meninada de Ensino Fundamental... Mas as dicas valem para os marmanjões também... Quando li este material pela primeira vez fui logo relacionando-o ao Germinal, romance maravilhoso de Emile Zola. Quem sabe, entre aqueles que tiverem a curiosidade de pegar e ler esse No tempo das primeiras fábricas, alguém possa, no futuro, ler O Germinal e fazer as mesmas relações.

Segue aquela publicação:

Gostaria de indicar a vocês uma leitura bem legal. Trata-se de “No tempo das primeiras fábricas”.
Este livro da Editora Scipione, disponível na Sala de Leitura de nossa escola, faz parte da coleção “Crianças na História”, e foi escrito por Ginette Hoffmann e Patrice Coupry.

A leitura é fácil e agradável. O material é repleto de figuras e, de fato, baseado em textos clássicos. Em poucas palavras, podemos dizer que este tema importante da História (Revolução Industrial) está acessível porque parte do ponto de vista das crianças daquele tempo.
A narrativa permite conhecer a situação precária das primeiras fábricas e a exploração que mulheres e crianças sofriam em ambientes baixos, escuros e alagados por causa do vapor das máquinas... Mostra a extração nas perigosas minas de carvão com explosivos... E como os trabalhadores se organizavam para lutar por melhores condições de vida e de trabalho.

Mas se continuar detalhando tanto o livro, você não terá tanta curiosidade em lê-lo. Então... Você sabe onde encontrá-lo. Boa leitura.

Um abraço,
Prof.Gilberto

Leia: No tempo das primeiras fábricas. Editora Scipione.

sábado, 20 de novembro de 2010

Salve o Dia da Consciência Negra

Estou postando aqui outra publicação que fiz em blog da EMEF Teodomiro:
É claro que este blog não pode deixar de registrar algo sobre o 20 de novembro, o dia da Consciência Negra.
Durante muito tempo celebrou-se o 13 de maio como data de emancipação dos negros. Os acontecimentos que nos remetem a essa outra data estão relacionados à assinatura da Lei Áurea (1888) pela princesa Isabel, filha de Pedro II. Ainda hoje podemos notar logradouros, como o Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, que lembram aqueles acontecimentos. Há também, principalmente no interior, Blocos Carnavalescos chamados 13 de Maio...
Acontece que, historicamente, o 13 de Maio não significou exatamente a libertação nem trouxe dignidade aos ex-escravos. Eles foram colocados numa situação de miséria e sofreram as mais degradantes formas de discriminação. Uma análise de nossa realidade mostra que ainda hoje há muito a se fazer. Principalmente quando percebemos que entre os que vivem as mais precárias condições, os negros são a maioria. Essa situação se torna ainda mais dramática para a mulher negra.
Devemos viver dignamente!
Os nossos direitos não caem do céu... Já faz muito tempo que grupos de conscientização dos direitos e pela valorização da identidade afrodescendente atuam em nosso meio. Foram eles que insistiram pelo reconhecimento do 20 de Novembro como data significativa das lutas por igualdade e direitos em nosso país. Essas lutas devem encher-nos de orgulho ao conhecermos nossas origens e sabermos que pertencemos a uma rica identidade cultural.
O 20 de Novembro nos lembra as lutas dos africanos que foram trazidos à força para o Brasil para o trabalho escravo. Todos conhecem narrativas sobre os sofrimentos pelos quais passavam. Nesta data, em 1695, morria Zumbi, líder do Quilombo de Palmares. Todos nós sabemos também que os quilombos foram uma das principais formas de resistência à escravidão, de luta pela liberdade. É bom que se saiba que em todo o país existiram quilombos... Há diversos documentos que narram sobre a convivência de negros, índios e brancos que sofriam perseguições na sociedade dominada por senhores de engenho. Portanto, além de tudo, os quilombos também podem ser considerados lugares de tolerância e respeito às diversidades, de valorização da vida humana. A propósito, há um livro muito interessante de Georges Bourdoukan que narra sobre a participação de um judeu e um árabe em Palmares e sua integração na resistência.
Há muito a dizer, principalmente porque devemos cada vez mais constituir uma comunidade que valoriza suas raízes multiculturais, que busca formar cidadãos conscientes de seus direitos, que reconheçam que a igualdade e a paz devem prevalecer em nosso meio.

Um abraço,

Prof.Gilberto

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