Esse Samba Enredo apresentado no Carnaval Carioca de 2001 faz referência ao texto de Georges Bourdoukan, Capitão Mouro.
A narrativa trata de episódios que se passam durante o século XVII em nosso país. O muçulmano Saifudin é o protagonista da história. Há muita ficção, mas há muita situação “que a História registra”...
Ele naufragou e acabou se envolvendo na intrincada situação colonial aqui existente. Quer dizer, Saifudin participou do cotidiano de senhores de engenho, administradores coloniais, índios e negros em sua resistência contra a escravidão e todo tipo de exploração que sofriam...
Saifudin torna-se amigo do judeu Ben Suleiman, e os dois passam por várias situações, desde a perseguição da Inquisição aqui no Brasil, até o confronto de ideias em relação ao que pensam os colonos cristãos...
Saifudin apresenta-se como um tipo bem à frente dos brasileiros. Enquanto ele sempre nota um ensinamento ou um modo natural de tratar das moléstias, os colonizadores só veem possibilidades de se endinheirar com a exploração das florestas; Saifudin não aceita a escravidão... Até se envolve em confusão por defender escravos; demonstra tolerância em relação ao modo de ser dos outros, e é um amante da liberdade e da razão. Nem é preciso fazer considerações sobre seus costumes sempre fiéis aos ensinamentos que recebeu a vida inteira. Em suas atitudes perante a natureza e os outros percebemos os ensinamentos que foram legados dos mestres árabes, como é o caso de Ibn-Sina (Avicena).
Já faz muito tempo que li o texto, mas não dá para esquecer de como Domingos Jorge Velho (o destruidor de Palmares) é apresentado... Ele aparece em cada situação vexatória... Saifudin e seu companheiro de jornada, Bem Suleiman, acabaram se envolvendo com o pessoal de Palmares... Ambos se destacaram na defesa do Quilombo... Sobretudo o mouro, que ensinou as técnicas que conhecia aos aquilombados. Fortificações foram erguidas e por muito tempo o Quilombo resistiu.
Leia: Capitão Mouro. Editora Casa Amarela.
Um abraço,
Prof.Gilberto