terça-feira, 1 de março de 2011

"Navegar é preciso, viver não é preciso" - um exercício

Para hoje estou deixando este exercício que é proposto em Caderno 1 de Atividades dos alunos de 2º Ano do E. Médio das escolas estaduais.


Analise os seguintes versos, pautados na discussão realizada em sala sobre o Racionalismo na Cartografia Moderna:


“Diziam os argonautas que navegar é preciso, mas que viver não é preciso.” Fernando Pessoa


O exercício foi proposto para a reflexão dos alunos (dos grupos A e B com os quais trabalho neste ano) em torno da palavra “preciso”... Quais significados podemos atribuir a ela?


A discussão foi produtiva e a conclusão a que chegaram é a de que o sentido da palavra “preciso” é o de necessidade... Não posso deixar de registrar o fato de alguns refletirem sobre a impossibilidade de “navegar sem estar vivo”, ou ainda “ter necessidade de navegar, mas não ter necessidade de viver”... Como assim? É a questão que alguns chegam a fazer.


A situação começou a ficar melhor entendida quando questionei se alguém conhece um paquímetro ou um micrômetro... Nos dois grupos havia pelo menos um aluno que sabia do que se trata. Eles colaboraram dizendo que tais instrumentos fornecem uma “medida precisa”, quer dizer, exata. Paquímetro e micrômetro são "instrumentos de precisão". Então, a palavra “preciso” adquire esse outro significado: precisão. E, transferindo para os versos de Fernando Pessoa, “navegar tornou-se mais preciso do que viver”... E isso foi possível graças às técnicas cartográficas e de navegação que se aprimoraram ao tempo do Renascimento.


Essa parte da discussão também é interessante, já que os alunos percebem que só a sensibilidade do poeta pode despertar-nos para essa temática. “Viver não é preciso”, acabamos concordando.



Um abraço,
Prof.Gilberto

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