sábado, 1 de outubro de 2011

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Noite de Natal, Anne, divagações e conversa com Scriassine

Talvez seja interessante acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_27.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-o.html antes de ler esta postagem:


Na sequência temos algumas divagações de Anne na noite de Natal no estúdio de Henri e Paule. São reflexões sobre a morte e o fim da existência. A narradora fala de um passado em que acreditava em Deus. Trata da segurança que passou a sentir logo que conheceu e passou a conviver com Robert. De alguma maneira o marido intelectual de esquerda, um descrente, levou-a a descartar esse passado e a se afastar de sua “inocência pueril”. Anne pensava sobre o início da guerra e a invasão alemã... Algo que ninguém podia cogitar...  Mas o conflito chegou e, com ele, o engajamento de jovens brilhantes na Resistência... Muitos deles (agora) mortos. Ela pensa no jovem Diego, poeta sonhador que venerava Nadine... A filha de Anne demorou-se a recuperar do choque ao saber sobre a execução do garoto. Porém a moça se recuperou... “O que fazer de um cadáver?” Os mortos já são um “problema resolvido”. E os vivos? Anne, psiquiatra que era, refletia sobre os jovens que sobreviveram a tão difíceis momentos. Pensava em como poderia ajudar Nadine, Lambert, Sézenac, Chancel, Vincent... Mas que futuro apresentar-lhes?
Em conversa com Paule, Anne percebeu que de alguma maneira ela sabia que Henri não a queria mais... Logo depois a anfitriã se dirigiu ao piano... Anne vê a filha se divertindo com Lambert, recém chegado das ações na Alsácia militarizada. Os dois riam muito, ele demonstra interesse por Nadine. Ela pensa mesmo que os dois podem formar um casal, mas vê que as diversões da filha sempre acabam em discussão e aborrecimento para Lambert.
Scriassine também se aproximou de Anne naquela noite. Ele pergunta a Anne os motivos de também ela não ser uma escritora... Depois trata de considerar que o futuro intelectual de Robert pode ser incerto e esvaziado de literatura se estiver apenas engajado politicamente...
Scriassine é descrito como um francês naturalizado. Um escritor... Anne refere-se a um livro seu, Le Paradis Rouge, de modo bastante satisfatório... Ele havia fugido da Rússia (Stalin havia sido a motivação), depois da Áustria (Hitler havia sido a motivação). Escrevera sobre a Áustria Nazista... Estivera por uma temporada nos Estados Unidos... Era um socialista. Achava que após a guerra a Europa seria disputada pelas grandes potências (Estados Unidos e União Soviética) numa “terceira guerra”... Scriassine era, então, um tipo insatisfeito com o futuro, para ele nenhuma das duas potências seria influência positiva (seremos anexados por Stalin ou colonizados pela América)... Questionado por Anne sobre o que preferiria, responde que talvez fosse melhor um domínio americano, acreditando que o totalitarismo stalinista era o mal maior... E que o fim da sociedade de classes seria inevitável de qualquer modo. Os dois se despedem acertando um encontro para breve... Um jantar... Anne tratou de registrar em sua caderneta de compromissos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/10/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_03.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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