terça-feira, 28 de junho de 2011

Fragmentos de Héctor Hernan Bruit, "Bartolomé de las Casas e a simulação dos vencidos", propostos em 1ª Série, vol.4

Os fragmentos de Héctor Hernan Bruit propostos pelo caderno do professor (1ª Série, vol.4) para estudo com os grupos de alunos do primeiro ano do Ensino Médio foram citados em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/resposta-para-proposta-de-exercicio.html. Então, para uma melhor análise do texto elaborado, eles foram registrados abaixo:


“Quando da chegada dos espanhóis à América, estes encontraram uma grande heterogeneidade etnográfica com os mais diferenciados graus de organização social, política e cultural. Em relação aos maias, incas e astecas, atualmente está fora de dúvidas o nível de desenvolvimento alcançado por essas sociedades. Os próprios cronistas hispânicos, horrorizados com a idolatria, os sacrifícios humanos e a sodomia, elogiaram a ordem, a disciplina, a religiosidade, a educação dos jovens, a sabedoria dos legisladores, a limpeza das cidades, as construções, o comércio, a vida urbana tão boa ou melhor que na Espanha. Tenochtitlan tinha, em 1519, segundo estimativas modernas, entre 250 mil e 300 mil habitantes, e Las Casas lhe atribuiu 50 mil casas construídas. Nem Paris, Nápoles, Milão ou Veneza tinham essa população. Sevilha, a maior cidade da Espanha, só tinha 120 mil habitantes. Isso é suficiente para mostrar que se tratava de sociedades complexas, para não citar as realizações arquitetônicas, artísticas e científicas.”
BRUIT, Héctor Hernan. Bartolomé de las Casas e a simulação dos vencidos. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Iluminuras, 1995. P. 43.



Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Resposta para a proposta de exercício sobre Cultura Pré-Colombiana com fragmentos de Lewis H. Morgan

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/proposta-de-exercicio-sobre-cultura-pre.html antes de ler esta postagem.


A classificação como uma monarquia com características acentuadamente feudais tem a ver com a compreensão de cronistas espanhóis à época da dominação. Tal compreensão revela uma identidade que se arrogava superior às demais. Também com as necessidades de impor o seu modelo sobre outros.
Ao tempo das constituições das monarquias nacionais na Europa uma nova mentalidade estabeleceu-se. Os novos modelos de organização política, econômica e social haviam superado uma realidade de “atrasos”, representada em grande parte pelas estruturas feudais. Em vez da fragmentação política, uma monarquia centralizadora; em vez da estrutura marcantemente agrária, o dinamismo das cidades e da expansão marítima. A idéia de retratarem os astecas como “atrasados” justifica a dominação e o papel de “civilizadores” que os europeus pretendiam assumir.
Os fragmentos de Héctor Hernan Bruit propostos pelo caderno do professor para estudo com os grupos de alunos do primeiro ano do Ensino Médio traz à tona a discussão sobre o contato que a conquista da América proporcionou entre as diferentes culturas. Os cronistas se revelavam escandalizados com as práticas da sodomia e de sacrifícios humanos. Mas ao mesmo tempo não podiam deixar de considerar a complexidades da organização asteca e a grandiosidade de sua capital quando comparada aos maiores centros urbanos europeus.



O texto aqui apresentado é curto porque (na época em que foi elaborado) havia limitação em relação ao número de caracteres. Para uma próxima postagem pretendo esclarecer os fragmentos de Héctor Hernan Bruit que são citados aqui.
Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 26 de junho de 2011

Proposta de exercício sobre Cultura Pré-Colombiana com fragmentos de Lewis H. Morgan

Há não muito tempo participei de um curso promovido por SEE para garantir embasamento às aulas desenvolvidas a partir da nova Proposta Curricular de nosso estado. Foi-nos apresentada a seguinte questão:


Tendo como base Cultura Pré-Colombiana, produza um texto argumentativo conciso sobre o fragmento abaixo:

“A organização asteca colocava-se claramente, diante dos espanhóis, como uma confederação de tribos indígenas. Nenhuma outra coisa, a não ser a mais grosseira distorção de fatos óbvios, poderia ter autorizado os escritores espanhóis a fabricar a monarquia asteca a partir de uma organização democrática.
(...)
eles (os cronistas espanhóis) temerariamente inventaram para os astecas uma monarquia com características acentuadamente feudais... Essa concepção incorreta já se manteve por mais tempo do que merece devido à indolência dos americanos.” Lewis H. Morgan, Montezuma’s Dinner. American Review, abril, 1876, p. 308.


Em breve postarei o texto elaborado para os fragmentos acima.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Filme: A Carrocinha - O Pedido de Casamento

Segue o trecho em que Jacinto comunica a Salvador a sua intenção de se casar com Hermelinda. Confira a sequência cômica (citada em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/filme-carrocinha-ultima-parte.html), com as interpretações de Mazzaropi e Adoniran Barbosa.
Indicação (livre)
Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 21 de junho de 2011

Filme: A Carrocinha - Última Parte


Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/filme-carrocinha.html antes de ler esta postagem:

O veículo de Jacinto, um caminhãozinho, foi destinado a outras tarefas: transportar podas de árvores, porcos, uma banheira velha... O padre Simão solicita a Jacinto que traga de Pirapora uma imagem de Santo Antônio, o santo casamenteiro... Em seu retorno, numa noite chuvosa, Jacinto acaba atolando o caminhãozinho. Sua sorte é que estava nas proximidades do rancho de Salvador. Nesta noite, pai e filha ajudam Jacinto a retirar o veículo da lama... Jacinto consegue revelar à Linda os seus sentimentos.
A popularidade de Jacinto era crescente... Políticos locais se aproximaram dele. Acabou convidado pelo Esporte Clube Brioso a se tornar o líder da torcida do time de Sapiranga. Temos uma sequência interessante, que é a do jogo entre o Brioso e o Pirapora... Jacinto exerce a liderança com os “gritos de guerra” característicos da época... Vitória do Sapiranga e, em seguida, festa na sede do clube... Jacinto canta Cai Sereno Cai (postado em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/cai-sereno-cai-na-interpretacao-de.html).
Jacinto decide pedir a mão de Linda... Uma confusão se estabelece porque o velho Salvador persegue Jacinto de espingarda carregada. Um trecho muito engraçado... No final tudo acaba bem, mas Jacinto percebe que casamento é ocasião de muitas despesas... Ele sabe que o seu ordenado é muito baixo, então não tem outra saída a não ser pedir aumento ao prefeito.
Juca Miranda faz um acordo com Jacinto... Para cada cachorro capturado, aprisionado e “executado”, ele receberia uma quantia extra. A maior dor de Jacinto estava no fato de ter de levar os bichos à morte. Mas não havia outro jeito... O prefeito acertou uma burocrática organização para ter certeza de que os animais estariam sendo capturados e eliminados para, só depois dos carimbos em fichas individualizadas, pagar o prometido ao Jacinto.
Jacinto, então, passou a perseguir os animais... Ele, que era querido pela comunidade, tornou-se odiado... O prefeito foi questionado por todos sobre as últimas medidas em relação à cachorrada, mas ele forjou um cenário positivo, mostrou que os animais eram bem tratados...
A ideia de Jacinto foi presentear a noiva com os cães que capturava, dessa forma, além de receber o dinheiro do prefeito, ficava com a consciência tranquila, já que livrava os animais da morte... Só que aos poucos a situação ficou insustentável no rancho... Salvador não teve outra saída a não ser encaminhar-se para a cidade, onde ficou sabendo toda a verdade sobre o laçador de cães, fica sabendo também que o futuro genro não é um sargento. Mas o pai de Linda não se abala... Mantém a palavra dada, mantém o casamento da filha com Jacinto que, se perder o emprego na cidade, terá uma enxada a esperá-lo no sítio.

O casamento ocorre num dia de jogo do Brioso contra os Gigantes... O time de Sapiranga está irreconhecível e toma uma goleada... Na falta de jacinto, era o cachorro Biriba que poderia animar a torcida... Mas até este animal havia sido capturado... A torcida revoltada segue para a igreja para linchar o noivo... A surpresa de todos ficou por conta da chegada dos cães que conseguiram escapar do sítio e seguiram sãos e salvos (graças a Jacinto) para os antigos donos. O final é de felicidade para todos.
Indicação (livre)
Um abraço,
Prof.Gilberto

Filme: A Carrocinha

No último domingo de amanhã assisti A Carrocinha, um filme nacional de 1955, que tem a participação de Mazzaropi, Adoniran Barbosa, Doris Monteiro, entre outros. A história se passa na pequena Sapiranga, um lugarzinho pacato do interior do país...
O maior drama do lugar era o que o prefeito Juca Miranda (Modesto de Souza) vivia: não suportava a convivência com a cachorrinha Bolinha, que pertencia à sua esposa. Os problemas chegariam ao fim com o trabalho de Jacinto (Mazzaropi), encarregado de executar os serviços de “laçador de cães” da Carrocinha.


Apesar de Jacinto demonstrar-se exímio laçador de cães, não conseguia a frieza de encaminhá-los ao último destino... É que se sensibilizava com as solicitações dos proprietários que pediam a liberação dos bichos. Na provinciana Sapiranga todos se conheciam... Farmacêutico, barbeiro, dono da bodega, açougueiro, padre, jogadores do Brioso, cidadãos comuns... Todos notavam a bondade de Jacinto.
Menos o prefeito... Ele não aceitava que o laçador não desse cabo da pequena Bolinha... Em uma ocasião o alcaide até enxotou a pequinês para a rua na esperança de que o atrapalhado Jacinto a capturasse... Mas a esperta cadelinha fugiu para as matas... Jacinto laçou uma onça! Mas não a pequena Bolinha. Ele a perdeu de vista, mas não um morador local, que resolveu (para o desespero do prefeito) devolvê-la à desolada primeira dama.


O prefeito mostrava que Jacinto tinha uma farda a honrar... Mas não adiantava... Ele não conseguia cumprir o papel de carrasco dos pobres animais. A comunidade o agradava de várias formas, assim todos contavam com a sua consideração... Numa ocasião levou a professora primária e seus alunos a uma Festa da Ave. Pois foi no caminho a esta festa que Jacinto precisou parar para recuperar um passarinho da professora. Jacinto adentrou a mata...
Encontrou um pequeno e afastado rancho... Nele viviam o viúvo Salvador (vivido por Adoniran Barbosa) e a filha Hermelinda. Salvador, considerando Jacinto um militar (por causa da farda), trata-o com o maior respeito. Linda, como a moça era chamada pelo pai, demonstra grande acanhamento, sua única companhia era o cachorro Duque... Entre ela e Jacinto surge certa afeição.


Na próxima postagem segue a última parte.


Indicação (livre)
Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cai Sereno Cai, na interpretação de Mazzaropi em "A Carrocinha", de 1955

Por hoje estou postando este clipe de Cai Sereno Cai, letra de Elpídio dos Santos, cantada por Amácio Mazzaropi. Trata-se de um trecho do filme A Carrocinha (1955) que é protagonizado pelo Mazzaropi. Nas próximas postagens pretendo deixar alguns registros.
Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 18 de junho de 2011

Considerações sobre o capítulo VI do Manual de Sociologia de Jay Rumney & Joseph Maier - Conclusão e uma bibliografia

UMA CONCLUSÃO
A introdução que elaborei em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/consideracoes-sobre-o-capitulo-vi-do_15.html revela parte do que considero ter concluído com a leitura do texto. Está claro que a Família é o núcleo básico da sociedade. Ela reproduz os mecanismos de poder existentes. O ser humano busca resolver suas necessidades elementares no gregarismo.
A família é a célula primeira que, na sociedade em que se encontra inserida, participa da nossa formação. A sociedade é a extensão dos diversos lares. A garantia de segurança e de identidade aumenta os vínculos familiares. O Estado foi instituído historicamente e foi também uma necessidade. O Estado já foi muito mais centralizador... Liberdades e garantias individuais estiveram, em determinados momentos, limitadas ou proibidas.


Os Estados atuais garantem a proteção à propriedade privada. No entanto, há muito que ser feito para minorar as injustiças sociais, a má distribuição da renda... Principalmente depois do colapso do bloco socialista, os neoliberais garantem que não há mais outro modelo a ser buscado, pois a humanidade já atingiu o seu momento ideal de organização. Não é bem isso o que verificamos. Há muito que ser feito... Até porque é muito difícil vivermos felizes, e realizados, numa sociedade injusta, violenta e formada por pessoas infelizes e excluídas.


UMA BIBLIOGRAFIA

·         “Manual de Sociologia”. Humhey, Jay & Maier, Joseph
·         “Reflexões sobre o socialismo”. Tragtenberg, Maurício. Editora Moderna,1986
·         “Os socialismos utópicos”. Vários autores. Círculo do Livro, 1977
·         “O que todo cidadão precisa saber sobre Comunismo”. Paulo Netto, José. Global editora,1986
  . “Caros Amigos” – textos diversos da revista – notadamente o do “Le Monde Diplomatique”, página 16, edição de novembro de 2000.



Um abraço,
Prof.Gilberto

A Família - Considerações sobre o capítulo VI do Manual de Sociologia de Jay Rumney & Joseph Maier - Quarta Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/consideracoes-sobre-o-capitulo-vi-do_15.html antes de ler esta postagem.


A FAMÍLIA
É do círculo de famílias (que se entrecruzam) que temos a origem da sociedade e a base do Estado. Algumas necessidades fundamentais como o gregarismo e a segurança levam as famílias a serem constituídas. Como todas as instituições, a família é um produto social, passou por um processo de evolução e está sujeita a mudanças e transformações.
O texto estudado nos leva a crer que no “estado de natureza” não havia somente a monogamia, tão defendida por aqueles que acreditam ser a base para uma sociedade sólida e pelos que vêem nela um estágio superior das relações humanas. Mas, também nas sociedades primitivas, acontecia a poligamia e (raras vezes) a poliandria (o matrimônio da mulher com vários homens). Acredito ser importante fazer referência à questão sobre elos estabelecidos da família com a sociedade e vice-versa.


Chegamos à conclusão de que está claro que a família é o núcleo básico da sociedade. Ela reproduz os mecanismos de poder existentes na sociedade em que se encontra inserida. A sociedade, por sua vez, é uma extensão dos diversos lares.
Quanto mais sólidos os laços familiares, quanto mais tradicionais forem os vínculos familiares, tantos maiores serão os elos com a sociedade. Para a sociedade burguesa, o que é o bom cidadão? Aquele que possui uma estabilidade familiar, é casado, e com descendentes... Este é o estereótipo ideal,o que menos distúrbios poderá criar.
Leia: Manual de Sociologia. Zahar Editores.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/consideracoes-sobre-o-capitulo-vi-do_18.html

Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Estado - Considerações sobre o capítulo VI do Manual de Sociologia de Jay Rumney & Joseph Maier - Terceira Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/consideracoes-sobre-o-capitulo-vi-do_15.html antes de ler esta postagem.

O ESTADO
O texto também nos ajuda a entender que a instituição “Estado” foi uma necessidade das sociedades humanas. Foi basicamente a necessidade de ter organização e um poder superior para que a harmonia imperasse, para que houvesse a manutenção da lei e a consolidação da propriedade. Enfim, as ameaças de guerras externas requerem um Estado instituído e organizado.
Acredito ser importante fazer, neste ponto, uma referência à questão sobre se o Estado pode ser um “ser de vida própria” na sociedade. Sim, o Estado pode ser um “ser de vida própria na sociedade”, isso pode ocorrer. Pois há exemplos na história Ocidental. Os países que se tornaram totalitaristas tinham sociedades que colocaram o Estado acima de todos os direitos individuais. Isso ocorreu também no período moderno (tradicionalmente, séculos XV ao final do XVIII) quando ocorriam monarquias absolutistas – o texto cita, por exemplo, a frase do rei Luis XIV que se colocava como representante de todo o Estado francês, O Estado sou eu.

Mas o texto cita ainda, em outro trecho, a conquista do direito de rebelar-se contra o Estado constituído que não esteja garantindo os Direitos Inalienáveis (vida, liberdade, propriedade) e os anseios básicos de seu povo. Isso (como a Revolução Gloriosa, a Revolução Industrial e o Liberalismo Econômico) também foi uma conquista burguesa... A ideia de “vontade da maioria” de J.J. Rousseau é um alerta quanto à excessiva desconexão (“vida própria”) do Estado em relação à sociedade.


Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Capitalismo e Socialismo - Considerações sobre o capítulo VI do Manual de Sociologia de Jay Rumney & Joseph Maier - Segunda Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/consideracoes-sobre-o-capitulo-vi-do.html antes de ler esta postagem. O texto não está lá “grande coisa”... Em todo caso é um registro.


O CAPITALISMO E O SOCIALISMO
O texto que é o principal objeto do estudo nos dá várias definições desses dois modelos econômicos. Podemos afirmar, em poucas palavras, que a caracterização do Capitalismo está na posse privada dos meios de produção (terras, fábricas, bancos) e que a produção tem fins lucrativos. Assim, alguns distúrbios – como a exploração da classe de trabalhadores – foram e são notados atualmente nesse modelo. Ao tempo da primeira fase da Revolução Industrial (1750-1830) os trabalhadores, entre os quais encontravam-se mulheres e crianças, sofreram tremenda exploração. Como não havia leis que regulamentassem o trabalho nas fábricas as jornadas impostas eram enormes, as condições de trabalho péssimas e os salários muito baixos. Toda essa exploração garantia altos lucros aos empresários. A situação dos trabalhadores era tão ruim que sua classe social foi denominada proletariado. Podemos afirmar mesmo que o trabalhador das primeiras indústrias vivia tão mal que as únicas propriedades que possuía eram a sua força de trabalho que era trocada pelo pequeno salário oferecido pelo patrão e a sua prole para sustentar.
É claro que toda essa situação gerou conflitos sociais. O proletariado se organizou e lutou por melhores salários, condições de vida e de trabalho Muitos economistas e intelectuais perceberam as injustiças da sociedade liberal e passaram a propor alterações. Alguns acreditaram que os patrões poderiam ser benévolos e que concederiam certas garantias ao trabalhador para que, além de viver melhor, produzisse mais. Karl Marx e Friedrich Engels desenvolveram estudos sobre a evolução do capitalismo e chegaram às conclusões acerca da revolução proletária e do Socialismo. Assim, os principais meios de produção passariam para as mãos do Estado e as desigualdades sociais seriam minoradas. O tempo passou e notamos que o marxismo conquistou muitos seguidores em todo o mundo. Diversos países passaram por processos revolucionários e adotaram esse modelo econômico. Alguns outros, principalmente a maioria do leste europeu, vivenciaram a administração soviética após a segunda guerra mundial e aos poucos se tornaram repúblicas “democráticas e socialistas”. Até o final da década de 1980 a ordem mundial esteve mesmo estabelecida por essa bipolarização e por conflitos (a guerra fria) que nos fazem pensar que um modelo econômico não pode mesmo conviver com o outro.


O maior golpe que o Capitalismo sofreu talvez tenha sido mesmo o de 1929, quando ocorreu a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. A crise foi mundial porque o Capitalismo não tinha os mecanismos de proteção que tem hoje. Milhares de empresas e bancos faliram os trabalhadores ficaram sem emprego. Por esse tempo foi definida a idéia de John Maynard Keynes, que achava que somente as leis de mercado eram insuficientes para garantir um bem estar mínimo para todos. Os liberais tiveram de aceitar a intervenção do Estado. Foi essa instituição que salvou a todos, pois vários bancos e empresas foram assumidas por governos e empregos foram criados.
O significado atual que o texto apresenta para o Socialismo é o de “um sistema econômico que permite a propriedade privada de empresas industriais, ao passo que as indústrias básicas são consideradas como de utilidade pública”. Aqui, podemos fazer referência à questão se podemos pensar socialmente em um capitalismo socialista e democrático. O texto nos dá alguns exemplos de experiências em países capitalistas (inclusive a Inglaterra governada pelos trabalhistas) em que algumas garantias sociais mínimas foram conquistadas. Na verdade o contexto que havia na época em que o texto estudado foi escrito já não existe. Naquela época havia uma necessária interferência do Estado na Economia. O colapso vivido pelas sociedades capitalistas modernas após a queda da Bolsa de Nova Iorque trouxe profundas demandas sociais, economistas defenderam o “estado do bem estar social mínimo”. Porém já faz mais de trinta anos que há uma tendência econômica – podemos chamá-la de Neoliberalismo – que não dá grande importância à participação do Estado (que deve ser “mínimo”). O que notamos é que o Capitalismo deve encontrar algumas saídas para as desigualdades sociais acentuadas pela concentração de riqueza nas mãos de uma pequena camada social enquanto que grande parte vive na penosa linha de pobreza.
Há uma parte III.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/consideracoes-sobre-o-capitulo-vi-do_16.html
Leia: Manual de Sociologia. Zahar Editores.

Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 14 de junho de 2011

A Propriedade - Considerações sobre o capítulo VI do Manual de Sociologia de Jay Rumney & Joseph Maier - Primeira Parte

Entre os vários papéis encontrados, postados em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/antigas-anotacoes.html, está um que faz referências ao capítulo VI do Manual de Sociologia de Jay Rumney & Joseph Maier.


Procurei fazer algumas considerações acerca da propriedade, dos modos de produção capitalista e socialista, sobre o estado e a família. Apesar de percebermos que o manual não se trata de um texto recente, para muitos de nós (e para mim particularmente) constitui-se numa importante leitura, que muito contribui para a nossa formação. O texto estudado faz uma análise separadamente dos temas de interesse, mas podemos perceber a interligação entre eles, sua natureza, estrutura e função. Os conceitos têm a ver com a história das sociedades humanas e foram historicamente construídos. Por isso não abri mão da leitura de outros textos que nos auxiliam para uma melhor compreensão.
Por esses dias pretendo postar, com poucas modificações, as considerações elaboradas na ocasião (sem data evidente).


A PROPRIEDADE
Logo na apresentação de “natureza da propriedade” o texto afirma que “para sustentar a vida o individuo deve ter uma propriedade”. Propriedade, aí, não é exclusivamente a relação entre uma pessoa e um objeto. Devemos entendê-la como uma instituição social, em que a propriedade, e a sua posse, determinam status social e controle (poder) sobre os que não têm propriedade.
Podemos fazer uma reflexão acerca dessa introdução e relacioná-la à ideia de que a propriedade privada é natural, porém injusta. Há vários pensadores que sustentam que a existência de propriedades privadas se dá exatamente porque em determinado momento da história ocorreu uma expropriação e determinados grupos passaram a depender de outros. Pelo que podemos depreender da leitura do texto, entre as sociedades primitivas, as que mais se aproximam do “estado natural”, há uma posse coletiva dos bens necessários à vida. Muitos aceitam que a propriedade privada é um direito inalienável. Essa ideia está bem próxima daquilo que a burguesia postulou no século XVII na Inglaterra, quando ocorreu a “Revolução Gloriosa”. O pensamento de John Locke serviu de embasamento teórico e fundamentou o Liberalismo. Se entendermos que a propriedade privada é excludente temos de concordar, também, que ela é injusta. O Estado constituído legitima e defende a propriedade privada. Estados foram constituídos para que a propriedade privada fosse preservada.


Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/06/consideracoes-sobre-o-capitulo-vi-do_15.html
Leia: Manual de Sociologia. Zahar Editores.

Para amanhã, pretendo registrar as considerações sobre Capitalismo e Socialismo elaboradas a partir da leitura do capítulo VI do Manual de Sociologia em questão.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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