sábado, 23 de junho de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – felicidade é muito mais do que estar constantemente alegre

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_14.html antes de ler esta postagem:

Alfredo melhorou das indisposições causadas pelo resfriado. Iniciou sua carta para Abner tratando da questão da velhice. Considerou que a condição do outro (sua velhice) não era algo do qual estivesse disposto a refletir. Por tratar-se de um jovem com muitas possibilidades, gostaria de viver muito e não tinha tempo para “pensar a velhice”... Sobre a proposta do jardim, descartou-a completamente porque é uma atividade da qual não tem a menor ciência. Suas férias estavam apenas se iniciando e queria aproveitá-las para atualizar as leituras, embora reconhecesse que isso era tarefa cada vez mais difícil, pois Clara não lhe saía do pensamento... O moço reforçava a ideia de que, para ele, “envelhecer” se relacionava a “decadência”. Ele se confessa, concordando com o professor, que sofria mesmo era de “juventude”.
Encerrou sua carta registrando que a passagem do tempo não estava melhorando sua condição, já que a ausência da amada era uma tortura... Era como “ter sede no deserto” e delirar com visões de oásis... “O amor provoca delírios”. Suas palavras são as de desespero daquele que espera cegamente porque não aceita outra possibilidade que não seja o retorno de Clara, que permanece artificialmente em suas visões... Terminou com mais essa pergunta para Abner: “O que é a felicidade para você?”
É claro que Abner não tinha condições de responder facilmente à pergunta de Alfredo. Escreveu sobre experiências pessoais, que eram bem simples... Sobre satisfações que geravam um estado de harmonia, sem que soubesse exatamente sua origem... A felicidade escondia-se em “coisas miúdas”... Interferências que rompem a mesmice, e “a vida parece parar” por causa delas. É estranho porque há uma estrutura material, mundana, que é “permanente” e, mesmo assim, os momentos de alegria nos levam a enxergar tudo de modo diferente... Passamos a ter motivos para sorrir...
Mas Abner diz que a Felicidade é mais profunda que essas sensações, pois não depende de alegrias... A pessoa pode ser feliz e “não ser permanentemente alegre”... A Felicidade se relaciona à nossa condição de vivenciarmos com propriedade as situações de nossas escolhas... Eventualmente a realidade pode se apresentar pesada, mas é ali mesmo que devo estar... Assim, serei feliz em minhas motivações para superar as dificuldades.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_2059.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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