A última carta enviada por Abner foi mesmo a derradeira (sem receio da redundância; não haveria outra)... Sua despedida definitiva sentenciava também o seu “testamento”. Deixara o jardim e Clara aos cuidados de Alfredo, seu discípulo.
Alfredo não estava em casa quando a carta chegou (tinha viajado com a mãe). Em seu retorno foi surpreendido pela carta e pelas notícias dadas por seu pai sobre a morte do professor e a respeito da visita de Clara... Sim, ela apareceu para procurá-lo.
(...)
O final do livro apresenta a carta que Alfredo escreveu vinte anos após
a morte de Abner. Ela registra os episódios que se sucederam desde aquela
ocasião.
E do que ele deixou escrito, e seria depositado em algum lugar do jardim
do mestre, podemos destacar:
Ao chegar à casa de Abner, encontrou
a entristecida Clara, sua amada... O encontro foi de forte e demorado abraço,
de troca de palavras que fortaleciam a união dos dois... Alfredo segue narrando
esses detalhes, também sobre tudo o que havia sido deixado (casa; jardim;
livros; Argus, o cão...). Demonstrou imenso respeito, contristação mesmo,
naquele ambiente tão significativo para ele... Ali a presença de Abner era
sentida. O rapaz se emocionou ao ler frases de suas cartas ao professor em meio
ao jardim.
Alfredo, como que querendo
mostrar que Abner tinha razão, registra que ele e Clara namoraram por pouco
mais de um ano... Casaram... Concluíram os estudos. Ele ocupa a mesma cadeira que
fora de Abner na faculdade. Ela ensina pintura na Escola de Artes e abriu uma
floricultura que fica sob a responsabilidade de Maria Flor, filha mais jovem do
casal.
Os dois outros filhos
de Alfredo e Clara são Abner, que tem “inclinação à Filosofia”; e Carolina que,
ao que parece, apresenta os traços da personalidade do pai ao seu tempo de
juventude. Alfredo conta que Clara se espantou ao perceber que o marido
conhecia tanto a respeito de seu pai... Mas nunca ficou sabendo nada sobre a
correspondência que trocaram ou a amizade que construíram...
Aquele processo havia sido tão importante para ele que essa última carta
era de agradecimentos por todo o seu aprendizado... E também pela herança
deixada... Ele despeja belas palavras sobre as mensagens trocadas com o seu
querido amigo...
Foram tantas...
E isso foi o final?
Deixo
aqui a última mensagem que o autor reservou para o fim do livro: “Quem vive se
buscando nunca para de chegar”.
Leia:
Tempo de Esperas. Editora
Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto