quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Anne é novamente o foco do enredo; Nadine e seus presentes; uma empregada para a casa dos Dubreuilh

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_24.html antes de ler esta postagem:

Estamos num ponto do livro em que o foco volta-se para Anne... Ela está refletindo sobre o período em que Nadine permaneceu afastada de Paris (viajou com Henri Perron para Portugal)... Pôde, enfim, vivenciar momentos mais tranquilos... Ela, a casa, Robert trabalhando em seus textos e em conversas com Samazelle e Lenoir... Também pensou sobre seu trabalho na clínica lidando com os traumas que os jovens traziam-lhe da guerra... Vemos Anne acanhada, sobretudo ante aqueles que chegavam carregados de marcas de sofrimento, sobretudo aqueles que estiveram no front... Tão maculados... Passando por consultas com uma doutora que esteve ilesa a tudo aquilo... Ela estava ali para ouvir, aconselhar, medicar... Ajudá-los a esquecer, enfim, curá-los.
Mas Nadine regressou... Trouxe (como sabemos de textos anteriores) novidades e presentes para todos. Para a mãe que, na opinião da moça, andava mal vestida, tecidos para novos vestidos... Nadine andava empolgada com a viagem e revelava ares de quem sabe que tudo deveria mudar em seu antigo ambiente familiar... Cismou que a casa deveria ter uma empregada doméstica... Mesmo com a desaprovação de Anne, Nadine apareceu com Marie, uma jovem morena que já foi iniciando os afazeres. Já nos primeiros dias, Anne percebeu que a iniciativa não tinha sido a das melhores ao flagrar Marie mexendo nos papéis repletos de escritos de Dubreuilh. Anne chamou a atenção da empregada, que se defendeu dizendo ser impossível compreender a letra de Robert... Achava engraçado o patrão escrever durante todo o dia... Anne relevou... O cotidiano da empregada era “tão insignificante” que pediu apenas que não mais procedesse daquela forma.
Marie contou uma história qualquer sobre ser a mais velha de seis irmãos, ter de trabalhar e de não ter tempo para ler... Anne apiedou-se da outra... Esse episódio passou sem maiores consequências. Mas isso ainda vai render...
Mais tarde, Nadine quis saber de Lambert, se havia ligado procurando por ela... Anne lembrou à filha que, ao que sabia, ela ficara de “dar um sinal” a Lambert sobre o seu retorno... Via-se que a relação desses dois era de certa insegurança, e de ambas as partes... Talvez com o desprezo que demonstrava em relação a Lambert, Nadine quisesse apenas autoafirmar-se. Depois, como que prestando contas à mãe, disse que nada sentia por Henri e nem havia como ser “tomada de amores” por alguém como ele... Um tipo “tão seguro de si”... Anne, porém, reparava que quando Nadine saía para encontrar-se com Perron, costumava se preparar mais... Embora sempre retornasse mais mal humorada.
O episódio da fotografia na primeira página de Lendemain, em que Robert Dubreuilh aparecia ao lado de Scriassine (no Isba) rendeu um ataque de fúria em Nadine... A moça não se conformava como “um tipo sujo” tenha se aproveitado daquela forma. Irritada, a moça disparou que se tratava de um “vendido aos norte-americanos”... Além do mais, Dubreuilh e todos de seu círculo preservavam a privacidade evitando a imprensa o máximo que podiam . Nadine sugeriu que se abrisse um processo contra os responsáveis pela imagem no jornal.
Tanto Robert quanto Anne pareciam não se importar com o assunto... Anne não aprovava todo o assédio sobre Robert. Ele nada publicara desde 1939, além de artigos em L’Espoir... Porém alguns sugeriam-lhe postular um lugar na Academia, ou a condecoração da Legião de Honra... Anne entendia que Nadine não podia suportar ser cotidianamente reconhecida como “a filha de Dubreuilh”...
Anne refletia... De fato a filha estava de volta... Ouvia-se novamente o barulho na casa... Sua intenção de se tornar secretária do pai exigia treinamento datilográfico à máquina de escrever... Via-se que ela não levava muito jeito para a habilidade... Contradizendo a si mesma, falava que era melhor devotar-se ao estudo da Química para ingressar na universidade... Embora insistisse que certamente passaria nos exames, isso a aborrecia muito.
Uma tarde Lambert apareceu para visitá-las... Como sabemos, o rapaz estava retornando para a Alemanha onde faria novas reportagens.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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