O final de semana festivo acabou e cada um foi cuidar de seus afazeres...
Mas Augusto não conseguia se concentrar em nada que deveria para prosseguir os estudos adequadamente... Em conversa com Leopoldo, teve de ouvir advertências sobre suas desatenções... Ele sabia que estava apaixonado pela Moreninha, pois não a tirava de seus pensamentos... O amigo disse que o rapaz não falava de outra coisa nos três dias seguintes depois da despedida de Paquetá.
Augusto aparentava muita insegurança. Só conseguia ver qualidades e beleza na moça que, de início, não chamou a sua atenção e até foi avaliada por ele como cheia de defeitos... Dizia que queria apenas se divertir, mas ao mesmo tempo revelava não alimentar esperança em relação a qualquer possibilidade de conquistá-la porque achava que não seria correspondido... Leopoldo dizia-lhe o contrário e afirmava que era certo que Carolina gostava do amigo, pois em sua despedida a menina ficou passeando pela praia até que a embarcação desaparecesse no horizonte.
O confuso comportamento de Augusto, dizendo algo que no instante seguinte se evaporava de suas idéias, levou Leopoldo a concluir que seus conflitos se passavam no coração e não na cabeça como o outro imaginava... Augusto acabou concordando e respondeu que talvez estivesse mesmo enfeitiçado pela água da gruta... Citou o meigo episódio em que surpreendeu a Moreninha banhando os pés de sua ama e, no mesmo instante, se encantou por ela... Contou ao amigo a história que tinha ouvido de dona Ana sobre as propriedades encantadoras da gruta e suas águas...
Evidentemente Leopoldo considerou aquelas palavras uma grande tolice e, ao ouvir que Augusto esperava algo mais sério como um casamento com Carolina, refutou dizendo que o amigo não se enquadrava naquelas convenções por ser roceiro (como o próprio Augusto dizia) e, sendo assim, não se entenderia com “moça da cidade”... Mas até a esse juízo Augusto se dispôs a rejeitar... Então Leopoldo concluiu que Augusto estava prestes a perder a aposta e, dessa forma, deveria escrever o romance combinado.
(...)
Também Carolina estava
visualmente mudada depois do final de semana de festas. Tão amuada havia se
tornado que a família cogitava chamar um médico, mas ela não aceitava passar
por nenhuma consulta... A moça serelepe e alegre deu lugar à acanhada e silenciosa,
que deixou de lado o piano e as músicas... É claro, a donzela estava apaixonada
por Augusto...
Filipe
só voltou a aparecer no sábado... Ele trouxe a notícia de que o amigo Augusto
faria uma visita à ilha no dia seguinte... Ao ouvir o irmão, Carolina retirou-se
ao seu quarto onde, longe das vistas de todos, derramou uma “lágrima de amor”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_10.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto