quinta-feira, 21 de março de 2013

“Símon Bolívar”, de Gabriela Pellegrino Soares, em “Coleção Fundadores da América Latina”, coordenada por Maria Ligia Coelho Prado – uma introdução; considerações sobre “estruturalismo”; Simón Carreño Rodriguez, preceptor afinado com os ideais revolucionários

Uma questão que se coloca de início ao tratarmos dessa personalidade é sobre a grande evidência de Bolívar frente a acontecimentos tão significativos para os povos da América Latina e para o contexto (internacional) de “relações de poder”... Seriam os personagens tão determinantes a ponto de imprimir resultados à História? Os contextos devem se sobressair em relação aos indivíduos? Essas questões nos remetem às Perspectivas Estruturalistas (à página 41: “correntes de pensamento que marcaram a História e as Ciências Sociais nos anos 1970, as quais levavam os pesquisadores a concentrar sua atenção nas estruturas que regiam cada sociedade. Os sistemas econômicos, sociais e culturais eram vistos como estruturas rígidas, que enredavam os indivíduos de forma a estreitar sua margem de liberdade”).
Partindo de considerações de Giovanni Levi (1989) devemos levar em conta que na relação com o meio social, todo indivíduo se torna dotado de liberdade originada das “incoerências sociais”... As propostas de mudanças da realidade e suas ações são decorrentes dessa relação e “não podem ser consideradas irrelevantes ou não pertinentes”.
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José Antonio de la Santíssima Trinidad Simón Bolívar y Palacios nasceu em 24 de julho de 1783, em Caracas. Ele passou para a história como um dos mais conhecidos e carismáticos “libertadores da América”... Para termos uma ideia, sua atuação se estendeu desde a Capitania Geral da Venezuela até os Vice-Reinos da Nova Granada, do Peru e do Rio da Prata (região do alto Peru, onde contribuiu para a emancipação de território que, em sua homenagem, veio a tornar-se a Bolívia).
Simón Bolívar pertencia à elite venezuelana... Tomou conhecimento e fez parte das discussões e ações provocadas pelas ideias revolucionárias do Iluminismo... Criollo abastado, gozava de boa reputação em Caracas ao tempo da tomada de Madri pelas tropas napoleônicas. O ambiente de efervescência política resultou na criação da Junta de Governo, que declarou guerra à Espanha e resultou na fundação da República (1811)... Bolívar notou as dificuldades da transição, percebeu o seu papel na condução do processo e com clareza atuou na concretização de alianças, impondo condições e derrotando inimigos... Foi assim que “as forças que se articularam em torno dele conquistaram o objetivo comum da emancipação”.
Mas os ideais que almejava para a “nova ordem” que se vislumbrava no continente sofreram o golpe, resultado de interesses locais que se sobrepunham à unidade. Na Grã Colômbia, Peru e Bolívia a “pluralidade de aspirações” eram gritantes... Adoecido de tuberculose, cansado e um tanto decepcionado, acabou se retirando... Mesmo uma personalidade forte como Bolívar sucumbiu.
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Caracas era a capital da Capitania Geral da Venezuela. A rica família de Simón Bolívar possuía fazendas dedicadas à produção de cacau, além de muitos outros bens (escravos, casarão na praça San Jacinto)... Antes dos dez anos de idade viu-se órfão de pai e mãe. Hipólita, a ama da família, cuidou dele e de suas irmãs.
No início sua educação ficou por conta do advogado Miguel José Sanz (que em 1810 escreveu Informe sobre educación Pública durante la colonia). Mais tarde, Bolívar recebeu formação de preceptores como Andrés Bello (que veio a tornar-se reitor da Universidade do Chile) e Simón Carreño Rodriguez que, para muitos, foi o responsável pelos ideais de liberdade assumidos por Bolívar.
Carreño Rodriguez não militava contra a velha ordem apenas na educação, sabe-se que em 1797 envolveu-se na “Conspiração dos Pardos”, agitação política em defesa da independência da Venezuela... Depois desse episódio estabeleceu-se na Europa, tendo passado por Jamaica e Estados Unidos... Foi na Europa que Rodriguez reencontrou Bolívar. Seus escritos registram, depois de 45 anos, o juramento de Bolívar no Monte Aventino (Roma), onde assumiu a missão de libertar as terras da América exploradas pela Espanha.
Leia: Simón Bolívar. Fundação Memorial da América Latina.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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