Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-o.html antes de ler esta
postagem:
Nadine explicou que Vincent havia tomado todas
as providências para que nada desse errado enquanto realizavam a tarefa... Sendo
assim, garantia, Anne não devia se preocupar com possíveis vestígios da
participação da filha... Mas a moça demonstrou preocupação e quis saber o que
poderia ocorrer-lhe se fossem pegos. Anne tranquilizou-a e disse que a filha
era apenas cúmplice. Falou que Nadine era ainda muito jovem, mas Vincent
arriscava-se muito... Desejou mesmo que o rapaz acabasse na prisão... Aquela “tarefa”
era muito mesquinha... Anne fez questão de dar a sua opinião.
Nadine quis saber se Henri
não havia criado dificuldades sobre o empréstimo do carro... Anne respondeu que
era bem provável que ele já soubesse das atividades do grupo de Vincent... Na
sequência, Nadine criticou o modo como Vincent não se importava em falar
abertamente a respeito do desencadeamento das atividades e sobre sua opinião de
como proceder no pós-guerra. Lamentou, sobretudo, que falasse demais com Sézenac,
um tipo perigoso e viciado em drogas... Mas ela reconheceu que os dois tinham
uma amizade muito solidificada...
Para Anne, a filha deveria convencer Vincent a abandonar as “ações de
justiçamento”, mas Nadine respondeu que ninguém conseguiria dissuadi-lo... De
volta a casa, Nadine recolheu-se... Anne disse a Robert que havia saído para se
distrair um pouco... Dubreuilh estava tão preocupado com seus planos políticos
que nem questionou sobre a inusitada iniciativa da companheira... Ela ligou
para Henri e agradeceu, tranquilizou-o sem entrar em maiores detalhes sobre o
resgate da filha.
O dia seguiu e, com ele, a
rotina da clínica... Anne mal conseguia lidar interessadamente com os
pacientes... Observou os jornais da tarde e viu que nenhum trazia notícias
sobre os episódios do grupo de Vincent... Ainda pensou muito sobre o
envolvimento de Nadine e concluiu que a garota precisava de sua ajuda... Refletiu
sobre a possibilidade de permanecer ao seu lado, e isso significava recusar o
convite para o Congresso nos Estados Unidos.
Anne angustiou-se, pois
percebia que ajudava aos pacientes que não possuíam nenhum vínculo com ela. Mas
em relação à própria filha via-se impotente, sem a menor condição de
oferecer-lhe ajuda... A relação das duas era assim mesmo... O grupo do qual
faziam parte era de ateus, e até sobre isso ela refletiu... Não estava fácil
aceitar que a filha se envolvesse em situações de risco e perder-se definitivamente...
Isso é muito pesado aos que só acreditam na existência de única chance, sem
outra oportunidade (como acontece com os que oram e fazem promessas a Deus).
No dia seguinte, Anne
viu Nadine despertar e se dedicar aos estudos de química. À noite, a moça
protestou e garantiu que seria reprovada no exame... Anne tentou animá-la
dizendo que a filha sempre foi aprovada nos testes que realizou... A autoestima
de Nadine estava em baixa, então respondeu que certamente seria reprovada, e
assim não poderia exercer nenhuma carreira... Anne persistiu em sua tentativa
de reanimá-la elogiando a sua dedicação na Vigilance
e que a qualquer momento ela poderia se decidir por uma carreira... Mas Nadine continuava
despejando mau humor e falou que talvez tivesse nascido para se tornar um tipo
comum, casada, com filhos para criar, panelas para lavar... Aliás, protestou
dizendo que estava complicado inclusive para encontrar algum homem que se
interessasse por ela... Disse que até gostavam de dormir com ela, mas era só
isso. Anne argumentou que a filha tinha esse gênio de não admitir que alguém
pudesse se interessar por ela...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-anne_6913.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto