Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino_8.html antes de ler esta
postagem:
Vimos que as iniciativas militares de Bolívar e
seus generais resultaram em libertação da América espanhola. Porém, a ideia de
construir uma Gran Colombia unificada tornava-se cada vez menos possível. As
turbulências políticas e econômicas conspiravam contra o ideal da unidade... Na
Venezuela, os llaneros continuavam protestando contra a autoridade de Caracas.
José Antonio Páez liderava esse pessoal. Bolívar considerava que a prática
(liberal) do general Santander, que presidia interinamente a Gran Colombia,
favorecia a insurgência.
Então retornou a Bogotá em
novembro de 1826 para retomar a presidência. Centralizando os poderes político
e militar, Bolívar procurava reverter a situação... Em janeiro de 1827 conseguiu
a rendição de Páez, mas também nesse caso sofreu críticas dos colombianos que o
consideraram muito condescendente com os rebelados. Em setembro deste ano voltou
à capital, onde se desdobrou para sanar a crise vivenciada por várias
províncias... No começo de 1828, o general José Padilha liderou os
pardos em Cartagena num movimento em que manifestavam apoio a Santander. Essa
nova agitação foi resolvida com o auxílio das elites colombianas... Mas não há
como negar que a condição política de Bolívar se tornava muito vulnerável.
Tanto é que em setembro desse mesmo ano sofreu um atentado que, apesar de
malogrado, abalou sua confiança nos projetos políticos ambicionados (sobre
esses episódios, talvez também seja interessante ler http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino.html).
Notamos que a cada crise
que ocorria, Bolívar respondia concentrando mais poder. Porém, na mesma medida,
os enfrentamentos que se sucediam mostravam-se mais radicais... Não é por acaso
que em 1829 os venezuelanos decidiram-se pela separação em relação à Gran
Colombia. Justificava-se que a Venezuela era muito diferenciada em relação aos
“costumes, climas e produções”. E o argumento que sustentava a emancipação era
o de que as “leis que convinham à Nova Granada e a Quito” não se ajustavam aos
venezuelanos.
A 13 de maio de 1830,
também o Equador rompeu com Bogotá... Aí também se notavam diversas
insatisfações, sendo que a principal reclamação era de ordem política. Dizia-se
que os interesses locais eram desprezados pelo governo central... E dessa forma
a unidade política que Bolívar esperava construir foi se limitando apenas à
Nova Granada, onde os problemas persistiam... Ali, a elite dominava a
burocracia e era através dela que permanecia se favorecendo em detrimento dos
esforços de recuperação da economia e da necessária reconstrução após as lutas
emancipacionistas.
Bolívar não suportou
as pressões políticas... Muitos de seus antigos aliados se tornaram
insatisfeitos e passaram a liderar conspirações... O “libertador” resolveu que
o melhor que tinha a fazer era renunciar à presidência (março de 1830) e partir
para o exílio.
Neste ponto, mais uma vez,
a autora recorre aos escritos de García Márquez para relatar a condição existencial
de Bolívar, que seguiu para Cartagena das Índias... Nosso personagem dormia
poucas horas por noite e a maior parte do período que seria para o seu repouso
passava sofrendo alucinações, tosse ou em delírio... À tarde notava-se o quanto
estava deprimido, pois enquanto os companheiros cochilavam, ele se demorava em
sua solidão a contemplar os “cumes elevados da serra”.
Envelhecido, vivera
situações dramáticas que resultaram em seu protagonismo (atravessou quatro
vezes o Atlântico; percorreu longas extensões a cavalo durante as lutas de
libertação; enfrentara as situações mais adversas...). Em certa ocasião foi
alertado pelo general Pedro Alcántara Herrán a respeito da necessidade de
elaborar um testamento... Foi em San Pedro Alejandrino que tomou as
providências a esse respeito, ditando a José Laurêncio “notas um tanto
descosidas que expressavam tanto os seus desejos como os seus desenganos”...
As palavras registradas em O General em seu labirinto são diretas e
exprimem inegável lamento ao fim de sua vida: “a América era ingovernável, quem
serve a uma revolução ara no mar, este país caíra sem remédio em mãos da
multidão desenfreada para depois passar a tiranetes quase imperceptíveis de
todas as cores e raças”... Além desses, “muitos outros pensamentos lúgubres que
já circulavam dispersos em cartas a diferentes amigos”.
No
dia 17 de dezembro de 1830 Simón Bolívar morreu na Quinta de San Pedro Alejandrino,
onde era hóspede. Tinha 47 anos.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2013/04/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino_23.html
Leia: Simón Bolívar. Fundação Memorial da América Latina.
Um abraço,
Prof.Gilberto