segunda-feira, 3 de junho de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Peri e sua caçada à onça; a expedição de Álvaro de Sá presencia a tocaia do índio, que exige a fera para si; ticum e biribá, árvores de fibras bem conhecidas pelos índios; a aparição de outro índio no encalço de Peri

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-novas.html antes de ler esta postagem:

Loredano já não conversava com o chefe, que seguia à frente... Na verdade, sua última frase (sobre o segredo do outro) sequer fora ouvida... Certamente ela seria motivo de confronto armado entre os dois.
Foi um espantoso rugido vindo do meio da floresta que fez a expedição comandada por Álvaro de Sá interromper sua marcha... Os homens quiseram investigar qual era a fera que se pronunciava tão ameaçadoramente... De armas em punho percorreram "com os olhos" por entre os galhos.
Numa clareira, encostado a um tronco partido por um raio, avistaram o jovem índio Peri... Nota de Alencar esclarece suas características físicas (“copiadas” de cronistas, privilegiando-se os registros de Gabriel Soares que em 1580, tendo conhecido a “raça indígena”, descreveu-a como “dotada de pleno vigor”).
O índio portava arco e flechas em sua mão direita... Na esquerda segurava a longa lança enegrecida por fogo. Junto a ele, no chão, estava uma arma de fogo, uma clavina tauxiada, e mais uma bolsa de couro para munição. Peri contava também com uma faca flamenga... O moço mantinha o olhar fixo numa folhagem a uns vinte passos de distância... Era ali que estava a enorme onça, objeto de sua caçada... O texto apresenta uma descrição de seus movimentos e os interesses de seus sentidos ativados para um ataque, mas Peri parecia desdenhar do perigo... O animal também estava muito interessado por ele...
A onça estava prestes a atacá-lo, mas a chegada da comitiva foi como que um bloqueio e, com o pelo eriçado, ela decidiu permanecer por ali mesmo... Peri estava pronto, com força nas mãos apertava o forcado e por um momento dobrou levemente os joelhos... O texto original apresenta diálogo entre ele e o italiano Loredano, que apareceu com o arcabuz em ponto de atacar... Era em direção à onça que ele fazia pontaria... Porém o aventureiro foi impedido em suas ações pela advertência vinda de Peri, que olhava para o bicho ao mesmo tempo em que o reivindicava para si com um “é meu!... meu só!” Rindo-se, Loredano manifestou sua compreensão... Peri mostrou que se quisesse poderia atirar na onça com sua clavina, então os aventureiros perceberam que não era esse o seu intento... O índio manteve o olhar firme na direção do felino... A um sinal de Álvaro, seus comandados se retiraram da clareira... Aliviada, a onça soltou novo rugido saltou para outro tronco.
Com duas flechadas, Peri atingiu-a na orelha e na mandíbula inferior. O bicho partiu para a vingança e então ficou muito perto de seu algoz... Os “dois selvagens das matas do Brasil” tinham ali a consciência de suas forças e limites... Qualquer um podia acabar como vítima... A onça lançou-se sobre o índio com seus enormes dentes, pronta para degolá-lo... Mas a bravura e agilidade de Peri eram impressionantes e ele curvou-se adiantando o forcado... A onça caiu sobre a vara forquilhada e vacilou... Sua cabeça ficou presa pelo forcado ao chão, enquanto isso Peri a dominava... A fera foi asfixiada por estrangulação... Vendo que se tornara senhor da situação, Peri pegou uma corda de ticum (palmeira da qual se obtém filamentos apropriados para confecção de cestos, cordas para arcos...) que trazia sob a túnica e amarrou patas, pernas e mandíbulas de seu troféu...
O bicho estava desfalecido, e é por isso que Peri atirou-lhe um pouco de água à cabeça... Ele ainda abateu uma cutia que passou por ali e permitiu que a onça experimentasse de seu sangue... Isso reacendeu a fúria do animal preso enquanto Peri se divertia com o que via.
Depois o índio produziu fogo com dois galhos secos de biribá (segundo Baltazar da Silva Lisboa, uma árvore que os índios conheciam bem e que era utilizada por eles para produzir fogo a partir do atrito de galhos secos). Com o fogo preparou a cutia para sua refeição selvagem, que foi completada com mel que “uma pequena abelha” produz em suas colmeias no chão. Depois de tomar um pouco d’água, suspendeu a onça e a carregou sobre o ombro... Seguiu o mesmo caminho que os homens de Álvaro de Sá percorreram.
Você pode conferir nos registros deste blog que a adaptação de Pallottini (em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-serie_27.htmlnão oferece esses detalhes todos... E nem trata da chegada de outro índio ao local abandonado por Peri. Esse que chegou vinha todo nu. “Ornado apenas com uma trofa de penas amarelas”, ele observou o ambiente e deteve-se em relação aos restos de fogo e caça... Encostou o ouvido no chão... Ergueu-se e seguiu o mesmo caminho tomado por Peri pouco antes.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/o-guarani-de-jose-de-alencar-mais-sobre.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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