Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/07/o-guarani-de-jose-de-alencar-d-lauriana.html
antes de ler esta postagem:
Cecília e Isabel
retornaram do banho no rio... Vimos que o que deveria ser um momento de
tranquilo contato com a natureza havia se tornado uma desventura devido ao
atentado dos índios aimoré e a intervenção belicosa de Peri. Ao chegarem a casa
logo se depararam com a onça morta... D. Antônio advertiu à filha que a mãe
estava muito irritada com Peri.
Dona Lauriana aproveitou a ocasião para apresentar um quadro o mais
terrível que podia... Então disse a Cecília que a sua caseira havia notado que
o índio Peri estava adestrando a onça para que pudesse entrar na casa para
causar alguma desgraça... Sabemos que a mulher exagerava na mentira a respeito
de um ataque ao sossego da família... Ela seguiu dizendo que Peri nem mesmo
podia ser considerado gente e que o melhor que tinham a fazer era expulsá-lo do
lugar.
Inicialmente Cecília
mostrou-se preocupada com a narrativa da mãe... Ela se imaginou cúmplice de um
episódio terrível para os familiares. Mas depois clamou para que o pai não
afastasse Peri, argumentando que ele amava a todos. A menina sabia que o pai o
tinha em boa consideração e esperava que ele não levasse a cabo as intenções de
dona Lauriana. Então sugeriu ao pai que bastaria advertir o amigo índio com
rigor para que ele não mais procedesse de modo perigoso.
Dona Lauriana recebeu apoio de quem ela menos podia
esperar... Isabel, por quem ela não nutria nenhuma consideração, decidiu
participar da conversa. Ambas nutriam aversão em relação ao índio. A moça começou
a falar denunciando Peri ao relatar sobre os episódios do rio... Falou da
flecha que quase atingiu Cecília e também dos disparos que ouviram...
A situação de Peri se complicava porque a moça fazia questão de garantir
que tinha certeza de que ele era o autor dos atentados... A cada palavra de
Isabel, Lauriana emendava algum lamento de desespero. Demonstrava que, estando
a situação em tão adiantada degradação, não saberia mais o que esperar... A
própria Cecília havia presenteado Peri com as armas que podiam tirar-lhe a
vida? E mostrava indignação pelo fato de o marido não tomar nenhuma atitude
antes que algo mais grave viesse a ocorrer.
Dom Mariz, que era um tipo sensato, ouviu os exageros da mulher com
apreensão... Conseguiu afastar-se com a filha e perguntou se o que a prima
havia dito era verdadeiro... Cecília confirmou, mas ponderou e garantiu que
Peri não teria feito nada intencionalmente... Ela tinha certeza de que o
ocorrido só podia ter sido resultado de algum acidente. D. Antônio
demonstrou-se decepcionado, mas entendeu que o caso era grave. Isso, somado ao
fato de a esposa ter se assustado muito, era suficiente para afastar Peri da
localidade. A pequena Cecília teve de ser consolada pelo pai, que reconheceu
que acabariam pagando essa dívida de ingratidão.
Os dois estimavam Peri e sabiam que ele sentiria muito ter de se afastar
dali... D. Antônio finalizou a conversa com a filha querendo saber se ela
conservaria a fera que o índio havia caçado para ela como presente especial...
Disse que certamente seria uma lembrança marcante do amigo selvagem... A menina
abraçou fortemente o pai e quase desabou em lágrimas... Ambos sabiam que era
graças a Peri que podiam vivenciar aquele momento afetuoso.
Então d. Antônio comunicou à esposa que havia decidido fazer-lhe a
vontade. Disse que a partida do índio era para breve, mas fez questão de
esclarecer que enquanto ele permanecesse por ali não devia ser admoestado de
nenhuma maneira, principalmente com palavras... Deixou claro que o índio iria
embora porque ele (d. Mariz) solicitaria, e não porque alguém (entenda-se dona
Lauriana) o ordenasse.
Aires Gomes recebeu a incumbência de encontrar Peri para pedir que ele
se encontrasse com d. Antônio na casa. O escudeiro também recebeu ordem de
"encher" a onça caçada de modo que fosse conservada e pudesse "enfeitar
o gabinete de armas"...
Tendo percebido que a esposa desdenhava e fazia
cara de nojo quando ouviu o seu pedido, o fidalgo completou dizendo que a fera
empalhada a ajudaria a se habituar a ter “menos medo de onças”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/07/o-guarani-de-jose-de-alencar-depois-de.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto