quinta-feira, 4 de julho de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Isabel mente à prima sobre a sua indisposição em relação a Álvaro; o amanhecer de domingo no poético texto de Alencar; temeroso, Peri decidiu eliminar a onça que havia caçado; a tímida Cecília desfruta do banho em meio à natureza

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/07/o-guarani-de-jose-de-alencar-cecilia-e.html antes de ler esta postagem:

A caminho do rio Cecília perguntou à prima por que ela não conversava com Álvaro... Disse-lhe que reparava no modo como sequer respondia aos cumprimentos do gentil rapaz... Insistindo, quis saber se a outra, além de não gostar dele, tinha-lhe aversão... Nós sabemos o embaraço pelo qual Isabel estava passando naquele momento... O sentimento que nutria por aquele jovem era bem o oposto, mas como poderia abrir-se à prima? E como justificar-se, já que se imaginava uma concorrente? Isabel, para não ficar sem resposta, disse que o seu modo de ser podia aborrecer o rapaz e, sendo assim, o evitava... Em sua lamentável condição, a moça preferiu que a outra entendesse que entre os dois jamais haveria vínculo estreito de amizade... Assim, pelo menos em seu íntimo, esperava poder contemplar Álvaro em silêncio, sem que ninguém desconfiasse de seus sentimentos.

Para mostrar que esses episódios ocorriam na manhã de domingo, mais uma vez Alencar esbanja poesia...

O sol vinha nascendo.
O seu primeiro raio espreguiçava-se ainda pelo céu anilado, e ia beijar as brancas nuvenzinhas que corriam ao seu encontro.
Apenas a luz branda e suave da manhã esclarecia a terra e surpreendia as sombras indolentes que dormiam sob as copas das árvores.
Era a hora em que o cacto, a flor da noite, fechava o seu cálice cheio das gotas de orvalho com que destila o seu perfume, temendo que o sol crestasse a alvura diáfana de suas pétalas.
(...)
Tudo para ela (Cecília) tinha um encanto inexprimível; as lágrimas da noite que tremiam como brilhantes das folhas das palmeiras; a borboleta que ainda com as asas entorpecidas esperava o calor do sol para reanimar-se; a viuvinha (que a nota esclarece ser o “pequeno pássaro negro que canta ao amanhecer”, e dizem “ser o primeiro a saudar o nascimento do dia”) que escondida na ramagem avisava o companheiro que o dia vinha raiando; tudo lhe fazia soltar um grito de surpresa e de prazer.

Enquanto as moças seguiram para o seu divertimento, Peri as sondava o mais silenciosamente que podia... Mas aconteceu de ser tomado por um pavor tremendo ao se lembrar de que a fera que havia capturado para Cecília permanecia viva, aprisionada, certamente enfurecida e tinindo de fome... Ela bem podia escapar e proporcionar uma tragédia à sua senhora. É por isso que ele saltou das árvores e apareceu de repente às moças... Cecília assustou-se e quis saber o que estava acontecendo. Ele nada revelou sobre o que tinha em mente e retirou-se apressadamente para o interior da floresta...
Depois Cecília e Isabel chegaram à latada (uma grade de ripas ou outras ramas) de jasmineiros... Tratava-se de um ambiente em que Cecília confiava plenamente, pois havia sido preparado pelo próprio Peri... Ali, onde a bela vegetação se fazia “casa de banho”, Cecília podia se deliciar à vontade sem ser incomodada... Isabel preferiu permanecer à beira do rio... O texto destaca a beleza, inocência e pudor manifestados pela filha de d. Mariz ao nadar nas águas límpidas.
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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