sexta-feira, 2 de agosto de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Soeiro e Simões se animam com a revelação de Loredano; acertaram as execuções, e o italiano exigiu exclusividade sobre Cecília; Peri não se contém ao saber do segredo dos bandidos; abertura da segunda parte, chuva sobre o pouso; o frei Ângelo di Luca

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-na-manha.html antes de ler esta postagem:

Soeiro e Simões conheciam vagamente a história que Loredano contou... Mas o que não sabiam é que o que Robério Dias havia oferecido ao rei Felipe II estava escondido ali naquele mato... E Loredano sabia como encontrá-lo. Com a espada retirou uma pedra e começou a cavar. Enquanto se dedicava à escavação, os dois tipos se revezavam na posse da garrafa de vinho. Tanto esburacou com a espada que atingiu um pequeno “vaso de barro vidrado” (que os índios chamavam de camuci). O objeto estava fechado em todos os seus lados... Loredano viu que o vaso não estava vazio... E era isso mesmo o que esperava... Então pronunciou que em breve se tornariam “mais ricos que o sultão de Bagdá, e mais poderosos que o doge de Veneza”.
Os dois comparsas regalados pelo vinho, estavam alegres também porque aguardavam que dali brotasse algum tesouro... Mas quando Loredano quebrou o vaso, não foi ouro ou prata que saiu dele... Em vez disso surgiu um pequeno rolo com um pergaminho envolto num couro avermelhado atado por um fio pardo. Depois de cortar o fio com sua lâmina, o italiano expôs o conteúdo “escrito em grandes letras vermelhas”... Ao notarem o documento, os dois aventureiros se embriagaram também por terem constatado que Loredano não só falava a verdade como tinha em seu poder algo muito valioso.
Ele conseguiu que seus comparsas firmassem compromisso em relação à sua autoridade. Ali mesmo acertaram que d. Antônio seria morto por Rui Soeiro; Bento Simões deveria assassinar Aires da Cunha; Álvaro de Sá seria a vítima do próprio Loredano. O chefe do grupo deixou claro que se houvesse quem defendesse a d. Antônio deveria ser morto, mas os que aderissem à causa seriam bem vindos... Ele ainda disse que mataria quem ousasse chegar à soleira da porta de Cecília, que seria sua prenda.
Toda essa conversa foi ouvida por Peri que, como sabemos, permaneceu próximo da touça, junto ao tampo aberto do formigueiro... Ele não conseguiu se conter ao saber das ameaças à integridade de sua senhora. Então, desabafando, soltou um “traidores”, que foi ouvido pelos três bandidos.
Loredano e seus comparsas estranharam. Assustados, se levantaram para averiguar os arredores... Nada encontraram... Esses episódios marcam o final da Primeira Parte do livro. Ela é intitulada “Os aventureiros”.
(...)
O autor abre a Segunda Parte tratando da tempestade que caiu sobre o vasto pouso em meio ao caminho que ligava o Rio de Janeiro ao Espírito Santo... Como devemos saber, a adaptação de Pallottini se inicia por este evento. O pouso servia de parada para expedições... Na redondeza viviam alguns colonos e índios catequizados.
(...)
Era março de 1603, portanto um ano antes dos episódios que foram narrados na primeira parte. A noite estava para começar e nuvens carregadas despejavam uma tromba que ameaçava as árvores mais fortes da floresta... Ali no pouso estavam três homens a contemplar o espetáculo raivoso da natureza. Um desses tipos era gordo e baixo e estava acomodado numa rede... Ele exclamava “a cada estrago produzido pela tempestade”... Outro tipo estava encostado numa das colunas de jacarandá que serviam de apoio para o teto. Tinha uns quarenta anos e seus traços lembravam os dos judeus. Também encostado a uma coluna estava um frade carmelita que sorria para a tempestade. Este era o frei Ângelo di Luca, um missionário de origem humilde que, naquelas paragens, lidava com a catequese dos índios... Fazia meio ano que estava por ali em pastoral a arrebanhar também famílias de colonos.
Fazia um ano que o frei obtivera autorização para se transferir do convento de Santa Maria Transpontina (Roma) para a casa da ordem dos carmelitas, que havia sido fundada em 1590 no Rio de Janeiro. Ângelo di Luca havia sido recomendado a Diogo do Rosário, prior carmelita do Rio de Janeiro.
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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