Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-escondido.html
antes de ler esta postagem:
Peri retornou...
Álvaro perguntou-lhe sobre quem eram os “inimigos brancos” que ele havia feito
o alerta. O índio explicou que eram três, mas queria resolver tudo sozinho...
Disse que se morresse no combate a eles, Álvaro deveria finalizar a ação. Peri
não quis revelar quem eram os inimigos porque entendia que o rapaz era “tão
bom” que acabaria “defendendo os maus”... Ainda pesava a Peri o episódio em que
Álvaro decidiu fazer o acordo com o italiano em vez de eliminá-lo.
Como se estivesse a transmitir um enigma, Peri alertou-o dizendo que se
acaso morresse, sua alma retornaria para revelar-lhe os nomes dos bandidos.
Ressaltou que a intenção dos malvados era, além de “ofender a senhora”,
assassinar d. Antônio, o próprio Álvaro e a todos os que se colocassem contra
os seus projetos... Revelou ainda que “o primeiro deles” pretendia fugir
levando Cecília...
Álvaro se espantou com as
palavras de Peri. Não acreditou que pudesse haver uma revolta em curso. Pensou
que o anúncio dramático do índio fosse, em vez de real, produto de sua
imaginação afetada pela extrema devoção a Cecília. Além disso, gozando do
respeito e prestígio entre os cavaleiros, não conseguia dar crédito a qualquer
palavra que anunciasse uma tentativa de eliminá-lo... Jamais vira
insubordinação entre seus comandados... Peri queria que o rapaz acreditasse
nele, mas Álvaro explicou que a acusação carecia de provas. Peri tentou
convencê-lo de que dizia a verdade ao destacar que estava empenhado a perder a
própria vida na defesa de sua senhora...
Álvaro o orientou a falar com d. Mariz, mas Peri disse
que aquilo dava no mesmo, pois os dois se conduziam pelos princípios da
fidalguia e, sendo assim, só combatiam inimigos de frente... Peri voltou a
insistir... Pediu a Álvaro que, se morresse no combate aos inimigos, ele
finalizasse sua tarefa. O moço respondeu que jamais cometeria um assassinato...
Então Peri falou que se ele pensava dessa maneira era porque não amava Cecília.
De sua parte, o rapaz tentou explicar-lhe que daria a vida pela donzela, porém
sua honra pertencia a Deus e à memória do pai.
Como podemos notar, em que pesem a honestidade e a “nobreza de
sentimentos” de cada um, a máxima que definia a ética de cada um deles os diferenciava.
Para Álvaro, a “honra e o espírito de lealdade cavalheiresca”; para Peri, “a
dedicação extremada à sua senhora”... O texto destaca as “duas naturezas”
agraciadas por Deus com heroísmo e grandes sentimentos, embora uma fosse “filha
da civilização” e a outra “filha da liberdade selvagem”... Cada um ao seu modo,
e seguindo unicamente o seu princípio moral, anunciou os procedimentos que
adotaria em defesa da amada Cecília...
Na sequência dirigiram-se para a casa. Álvaro seguiu
sem saber dos nomes que Peri escondia... Peri imaginava uma maneira de o
cavalheiro conhecer a identidade dos traidores num momento propício.
Eram oito horas da noite quando chegaram. Os Mariz jantavam... Álvaro
dirigiu-se para o seu aposento... Peri decidiu aguardar no jardim esperando ser
avistado por Cecília no momento em que ela se recolhesse. De fato, meia hora
depois, a moça chegou ao seu quarto... Não demorou e, de sua janela, viu o índio
acomodado no banco.
Ela resolveu ir até ele para conversar e manifestar o seu lamento pelo
sofrimento do amigo durante aquele dia... Cecília explicou que ficou triste por
ter solicitado que ele partisse... Apesar de sua ingratidão, tudo havia se
resolvido e era o próprio d. Antônio quem queria que Peri permanecesse para
sempre junto à família...
Peri mostrou que não guardava nenhuma mágoa dos
episódios porque havia notado que Cecília chorou quando ele esteve prestes a
partir. Além disso, considerou que, sendo um escravo dela, não podia se queixar
de nenhuma decisão que ela tomasse... A donzela protestou e disse que ele não
era um escravo, mas um amigo fiel e dedicado que por duas ocasiões arriscara a
própria vida para salvá-la.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-cecilia_16.html
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto