Enfim a visita dos dois príncipes para conhecer as filhas do rei se concretizou... Vimos que Téssora e Magnetes se esforçaram ao máximo para causar boas impressões aos pretendentes... Até ensaiaram passos de dança para dramatizar a história de Apolo e Dafne! A esse respeito, a rainha advertiu-as para que não ofendessem aos deuses... Téssora brincou dizendo que a irmã dançava tão mal que faria os príncipes, e também os deuses, se divertirem... Magnetes protestou dizendo não saber como imitar um loureiro...
A mãe disse que “a beleza é importante, mas o conhecimento é fundamental”. E manifestou contentamento por saber que Psique ensinava-lhes a respeito dos deuses... As duas disseram com desprezo que não entendiam por que a caçula cultivava “tanta cultura inútil”... E não entendiam também por que a moça se tornaria uma sacerdotisa celibatária.
A rainha percebeu que elas só podiam ter acesso àquelas informações porque as ouviram “atrás das portas”... Por isso advertiu-as a respeito desse inadequado comportamento para princesas... Ao mesmo tempo ela se surpreendia, pois só naquele momento ficou sabendo das intenções do marido em transformar a caçula numa sacerdotisa... Não se conformou porque percebeu que o rei escondia segredos e, além disso, entendia que Psique nutria sonhos, embora ingênuos, de também realizar-se no amor. Assim, a rainha achou injusto o marido decidir sobre o futuro de Psique sem levar em consideração a sua opinião e desejo.
(...)
Os príncipes chegaram...
Conduzidas pela rainha, as pretendidas desceram até o
salão... O rei anunciou-as garantindo que os dois moços eram homens de sorte. O
príncipe mais novo perguntou a respeito da mais jovem, e o rei respondeu que
Psique não apareceria porque estava estudando... Na verdade, ele não sabia que
Psique vinha atrás das duas irmãs com um cesto carregado de pétalas que atirava
pelo caminho...
Os rapazes ficaram encantados com a jovem de “pele alva e cabelos cor de
fogo”... O príncipe mais velho demonstrou todo o seu encantamento e disse que
Psique era “a mais linda de todas”... Não entendia como que o rei havia
decidido destiná-la ao sacerdócio...
O rei não quis dar continuidade àquelas discussões, e
disse que Psique estava ali apenas para ajudar as irmãs, que provavelmente
apresentariam uma dança para os dois... Eles quiseram saber se Psique também
dançaria, mas o rei esclareceu que ela era “muito jovem para esse tipo de coisa”...
Os moços insistiram... Não acharam Psique tão jovem como o rei queria
fazer crer... Eles perguntaram a respeito da inteligência da jovem... E sobre
isso, o rei respondeu que ele mesmo cuidava de sua formação carregada de “lições
de história” e rico vocabulário... Repetiu que ela não se destinava ao
casamento, mas, sim, ao sacerdócio.
O príncipe mais velho era o mais insistente em querer saber a respeito
de Psique. E foi ele mesmo quem afirmou que ela seria a esposa ideal. Disse
isso e pediu para o rei rever as suas decisões em relação às filhas.
Não foi sem irritação que o pai de Psique explicou que havia prometido a
caçula ao sacerdócio no templo de Apolo logo que nascera... Argumentou que,
assim sendo, a menina não seria desposada... O príncipe persistente falou que “dobraria”
o valor de sua oferta.
O rei tinha as suas convicções e garantiu que não concederia a mão de
Psique nem mesmo se o céu caísse sobre suas cabeças... Então o príncipe também
manifestou irritação e disse que, se não se casasse com Psique, não haveria
nenhum acordo entre os dois reinos... O velho sentenciou que a caçula não
estava à venda e que o rapaz podia escolher qualquer uma das outras duas...
O príncipe virou-se para o mais moço e disse que
podiam se retirar dali porque a teimosia do rei em manter Psique era uma
demonstração de que não desejava nenhum tipo de aliança.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_19.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto