terça-feira, 28 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Afrodite recuperou o seu prestígio entre os mortais; Eros está muito triste e deseja a morte; o jovem deus desabafa ao afirmar que desconhece figura materna; revelações sobre a convivência com Psique; Afrodite manifesta o seu rancor e diz que levará o filho a julgamento por traição no Olimpo

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Os dois anos marcados pelo isolamento de Psique no misterioso palácio de Eros coincidiram com a recuperação do prestígio de Afrodite... De fato, Psique havia sido esquecida pelos demais mortais, que voltaram a cultuar apenas a deusa da Beleza... Aos poucos o seu altar encheu-se de oferendas que vinham de todas as partes do mundo. Ela estava muito satisfeita, pois nenhuma outra mulher podia fazer-lhe concorrência.
Podemos dizer que os planos de Eros estavam dando certo... Se não fosse a intromissão de Téssora e Magnetes, era certo que logo ele apresentaria Psique a Zeus e solicitaria o perdão divino.
Mas vimos que a bela Psique foi iludida pelas irmãs e passou a desconfiar do marido... Eros concluiu que a esposa não o amava sinceramente e a mandou embora... Arrependida e adoentada, Psique retornou ao seu país... Já as malvadas Téssora e Magnetes tiveram um amargo fim.
(...)
Então Afrodite estava exultante... Já o seu filho amargava profunda tristeza.
É claro que os dois tinham se visto bem pouco durante os dois anos em que ele se manteve casado com Psique. Podemos concluir que, para Afrodite, dessa vez, Eros não havia falhado em sua tarefa (fazer sua rival mortal desaparecer de cena casando-se com um monstro banido de Céu e Terra). Sabemos bem como foi que o deus do Amor resolveu a situação...
Foi Afrodite quem tomou a iniciativa de falar ao filho que estranhava a sua ausência e melancolia... Ele justificou-se de modo enigmático dizendo que procurara inutilmente disseminar um amor em distante paragem... A deusa era só contentamento e disse-lhe que estava muito satisfeita por ser novamente admirada... Todos a veneravam e isso só podia ser resultado do plano que, dessa vez, havia sido bem executado pelo filho.
(...)
Eros resolveu revelar à mãe o que estava acontecendo... Ele disse que não havia compatibilidade entre ter de disseminar o amor e, ao mesmo tempo, promover atos que traziam infelicidade àqueles que ela considerava inimigos. O jovem lamentou não conseguir mudar o coração rancoroso e invejoso da própria mãe.
Afrodite respondeu que ele não conseguia enxergar o bem que ela procurava promover... Disse que ele parecia preferir Psique a ela. Sobre isso, Eros deixou claro que em nada ela lembrava uma mãe... Por tratar-se de uma imortal, era evidente que ele não havia nascido de seu ventre, mas de seus “pensamentos mesquinhos”... Ela nunca o amamentou e seu alimento sempre foi o mesmo dos deuses (néctar e ambrosia)... Em vez de filho, ele se sentia um escravo da própria mãe, que sequer notara a sua falta nos dois últimos anos. E completou garantindo que sua presença só interessava a ela se fosse para contemplar o seu sucesso.
É claro que Afrodite não concordou com a opinião de Eros e perguntou se ele esperava que ela se subjugasse como fazem os mortais. O jovem sintetizou que o problema todo se concentrava exatamente neste ponto... Não sendo mortais, os deuses não se preocupam em evoluir... Se temessem a morte procurariam reparar os erros que cometeram ao longo da vida para chegar a um final “sem arrependimentos”.
A deusa da Beleza entendeu que o filho estava protestando contra o que de melhor a condição divina lhe oferecia (“visão plena dos fatos, poder inesgotável sobre os homens”...).
Na sequência ele gritou que queria morrer de tristeza como paga por todo o mal que causara a quem amava... Afrodite entendeu que ele só podia ter chegado àquelas conclusões devido à convivência com mortais... Então Eros esclareceu que nos dois últimos anos vivera como o monstruoso marido de Psique (por isso os mortais voltaram a fazer-lhe oferendas), mas, como tudo estava acabado, desejava a morte.
(...)
Afrodite não se conteve e disse que ele se arrependeria pela mentira e traição ao ter amado aquela que era sua inimiga. Eros seria julgado pelo tribunal dos deuses no Olimpo, onde certamente não teria como escapar da condenação.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – as irmãs de Psique caíram sobre o soberano Quéops; escandalizam o faraó com seus maus modos; no momento de maior tensão, Téssora tenta atribuir toda a culpa do incidente a Magnetes; punição e o fim das duas

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Magnetes e Téssora foram “sopradas para o antigo Egito” por Bóreas. Elas despertaram em pleno deserto como queriam, mas viram que estavam muito sujas e desarrumadas pela ventania...
O intenso calor contribuía para provocar uma sensação ainda mais desagradável. Logo foram cercadas por vários “homens truculentos” e entraram em pânico.
Pensaram o pior... Porém aconteceu que eles se ajoelharam. Então as duas pensaram que, como tinham caído do céu, eles estavam imaginando que eram deusas.
Magnetes concluiu que certamente eles fariam todas as suas vontades... Téssora concordou e começou a fazer várias exigências de “primeira necessidade” (água, cremes, batom, “balão de oxigênio” e um “Big Mac”).
Elas só perceberam que protagonizavam um grande vexame quando ouviram o gemido do homem que tinha sido atingido pelas duas. Ninguém menos do que o faraó Quéops!
O soberano recuperava o seu fôlego enquanto exigia que tirassem “aquelas loucas” de cima dele. Os seus serviçais obedeceram, então Téssora e Magnetes notaram que o faraó era um sujeito de baixa estatura que sabia pronunciar uma série de xingamentos.
Magnetes preocupou-se e chegou a pensar que ele as mataria ali mesmo. Téssora a tranquilizou, pois ainda estava confiante numa saída honrosa. O problema é que Quéops estava muito irritado... Ele as ameaçava de chicoteamento caso não se calassem... O modo como esbravejava era assustador.
Téssora, que era a mais mesquinha e ardilosa, quis se livrar dizendo ao soberano que ela era uma princesa grega que havia sido raptada pela outra que estava ali... Ou seja, a mais velha não tinha escrúpulos e, para se livrar de maiores complicações, colocou todo o risco para Magnetes.
É claro que Magnetes não entendeu o que estava acontecendo e advertiu que havia sido por atitudes como aquela que o marido de Téssora a abandonara... Esta, por sua vez, respondeu que o marido de Magnetes foi arruinado por causa dos enormes gastos com joias que ela fazia questão de acumular...
Na presença daqueles estranhos permaneceram falando dos defeitos uma da outra para justificar o fracasso e o fim de seus casamentos.
(...)
Quanto mais as duas discutiam, mais o faraó se irritava. Ele até ficou rouco de tanto que gritou com elas. Quéops estava a ponto de mandar cortar-lhes as línguas. Fez essa e muitas outras ameaças!
Mesmo estando em delicada condição, Magnetes e Téssora ainda planejaram uma saída honrosa... Tudo o que tramaram deu errado, assim, ficaram sem o sonhado palácio e a vida farta junto ao deus do Amor. Foi com a intenção de sensibilizar o faraó que disseram que estavam livres e desimpedidas... Mas até isso deixou Quéops irritado. Ele garantiu que era fiel “às suas vinte e três esposas”.
Depois dessa última tentativa frustrada, restou a elas discutir sobre “a morte menos traumática” que poderiam ter (emparedamento, chicoteamento, enforcamento...).
Quéops acabou com aquela falação ao dizer que sabia como puni-las exemplarmente... Resolveu que elas trabalhariam como escravas na construção de seu “modesto túmulo” (referia-se à grande pirâmide), onde dezenas de milhares de operários já trabalhavam dias e noites no que viria a ser uma das “sete maravilhas do mundo”.
(...)
E esse foi o fim das duas irmãs de Psique.
Depois de acorrentadas pelos soldados, foram encaminhadas ao trabalho... “Por longos vinte anos” sofreram incalculável suplício... Distantes da família e esquecidas por todos.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 25 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Téssora e Magnetes têm planos para a vida que pretendiam iniciar na montanha mágica; chamaram Zéfiro, mas foi o seu irmão Bóreas quem apareceu causando muitos estragos; o senhor dos ventos do norte antecipa que no “futuro” teria trabalho em outras partes do planeta; as irmãs de Psique esperavam tratamento delicado, mas foi com uma forte soprada que atravessarem o Mediterrâneo

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Téssora e Magnetes cogitaram uma série de situações que poderiam vivenciar no castelo junto a Eros. Mas as duas não possuíam as mesmas qualidades de Psique e, em vez de se dedicarem a um amor verdadeiro e cultivar a sabedoria, só pensavam em futilidades...
Imaginavam-se ricas, se alimentando dos melhores pratos e sendo assistidas por serviçais exemplares... Téssora falou sobre exigir que construíssem um jardim suspenso, e sobre isso Magnetes alertou que o deserto egípcio impossibilitaria seu intento. A mais velha viu a solução do problema numa viagem que poderiam fazer à Babilônia ao tempo de Nabucodonosor, que construiria os “Jardins de Téssora”... Magnetes não gostou do nome e sugeriu "Jardins Suspensos da Babilônia”, que certamente se tornaria uma das “sete maravilhas do mundo”...
As irmãs prosseguiram trocando essas ideias que demonstravam o seu caráter e ambição enquanto subiam para o alto de uma montanha... Ali chamaram por Zéfiro, que era quem esperavam que as levasse para a montanha mágica de Eros... De fato, logo teve início uma forte ventania.
O vento era tão forte que, além de assustá-las, deixou-as com cabelos e vestes completamente desarrumados... A situação se agravou de tal maneira que começaram a gritar por socorro. Se não tivessem se agarrado a uma árvore teriam voado para longe... O cenário tornou-se devastado e só se viam folhas e galhos de árvores além da imensa nuvem de poeira que se levantava.
Poeira e folhagem faziam um bailado estranho que resultou na formação de um tipo “gordo e mal encarado”... Este era “Bóreas, o deus do Vento Norte”.
                                                                     Quando conduziu Psique ao deserto, Zéfiro fez referências às atitudes violentas de seu irmão... Essa sua aparição combina com a descrição feita em (http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_6.html).
Ele explicou que Zéfiro estava ocupado e que havia pedido para conduzi-las à montanha mágica... Magnetes reclamou dos estragos que a ventania havia provocado, mas Téssora lembrou-a de que precisava ser educada... Concluíram que Bóreas devia ser tão cavalheiro quanto Zéfiro.
Acontece que Bóreas não fazia questão de esconder o tipo mal educado que era. Soltou um pum tão medonho que fez com que as árvores perdessem o resto de folhagem que ainda possuíam... As duas não viram a menor graça naquele “cartão de apresentação” fedorento. De sua parte, Bóreas ria a valer e exigia que elas também dessem risadas...
Bóreas estava sendo agressivo no tratamento que dispensava às princesas, falava anedotas sem a menor graça e as forçava a rir... As irmãs estavam sentindo um grande desconforto enquanto ele dizia que o comportamento delas era um reflexo do modo de ser dos gregos, sem o menor “senso de humor”. Ele mesmo preferia “trabalhar” no Triângulo das Bermudas...
(...)
Vemos Bóreas ocupar-se de sua agenda para justificar que o seu dia seria de muitas tarefas... Teria de agitar a América do Norte com um tornado. Algo tranquilo para ele naquela época...
Neste ponto notamos referências aos problemas ambientais de nosso tempo a partir do descompromissado discurso de Bóreas... Ele esclareceu que o aquecimento global “vai virar tudo de cabeça pra baixo” e é por isso que o deus do Vento Norte terá de atuar até mesmo na costa de Santa Catarina (região Sul do Brasil).
(...)
Magnetes ouvia a fala de Bóreas e não pôde deixar de perguntar se ele as carregaria com segurança para o Egito antigo... O brincalhão respondeu que não era “avião de carga, mula, ou download”. Zeus o puniria se não cumprisse suas tarefas, que incluíam “tufões com maremoto na Normandia, vendavais no Oriente e tempestade na Gália”.
Com tantos compromissos inadiáveis, Bóreas só poderia mesmo “soprá-las” ao destino pretendido... E foi isso mesmo o que ele fez... Encheu-se de ar e provocou ventania capaz de fazê-las atravessar o Mar Mediterrâneo.
Depois de fazê-las sumir, Bóreas deixou claro que estava agindo daquela maneira para punir as gananciosas princesas (que, além de tudo, haviam sido indelicadas em relação a Zéfiro).
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Psique fica sabendo que enfrentará novos desafios e recebe os dons da sensibilidade, política e força; ardendo de febre e desfalecida, é descoberta nos jardins do palácio dos pais; em seu delírio, diz palavras que revelam às irmãs mais velhas o seu infortúnio; Téssora e Magnetes querem tirar proveito da situação

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Aquele que se apresentou como devotado a Psique (e à sua tortuosa jornada) explicou que não seria fácil dirigir-se a Afrodite para obter a sua confiança. Várias “batalhas” deveriam ser travadas. Apesar disso, garantiu que ela contaria com os dons da Sensibilidade, Política e Força, concedidos por ele.
(...)
Não era pouco o que ele oferecia. Inclusive o homem fez questão de lembrar que há muito tempo Zeus havia mandado uma caixa com os dons ao irmão de Prometeu... Mas aconteceu que Pandora (a primeira mulher humana), que tinha a responsabilidade de entregar a caixa, encheu-se de curiosidade e não conseguiu evitar bisbilhotar o seu conteúdo... Foi assim que os dons escaparam e na caixa restou apenas a Esperança... Aqueles dons que Psique estava recebendo foram recuperados pelo tipo que se dizia seu protetor.
Ele comparou Psique a Pandora ao dizer que sua curiosidade a colocara naquele apuro... E a alertou que novas situações exigiriam que ela mantivesse o controle...
(...)
Psique estava agradecida. Viu que o homem só tinha boas intenções. Ela quis saber o seu nome, mas ele respondeu que até para isso haveria momento adequado.
Uma espessa névoa cercou-os... Psique viu que o tipo desaparecia aos poucos... Ela começou a sentir uma pesada sonolência...
Deitou-se e “dormiu profundamente”.
(...)
A manhã do dia seguinte foi de espanto para os habitantes do palácio do pai de Psique... Os serviçais foram surpreendidos ao se depararem com uma jovem desfalecida no gramado... Logo perceberam que se tratava de Psique.
O rei ordenou que a acomodassem em seu quarto. Mas por mais que se tentasse reanimá-la, ela não reagia... O próprio médico da corte garantiu que seu estado era muito grave. Psique estava ardendo de febre e balbuciava palavras que soavam estranhas para os que a cercavam... Dizia que o deus do Amor a havia abandonado e que lutaria para reconquistá-lo, pois sabia que ele havia se espetado com a própria flecha e, por isso, também a amava.
(...)
Téssora e Magnetes ficaram atentas àquelas palavras... Concluíram que Psique havia sido abandonada pelo esposo depois da conversa que tiveram com ela... E mais! Souberam que o marido da caçula era o próprio deus do Amor...
Nenhuma piedade brotou de seus corações... Pelo contrário! Elas entenderam que a situação era-lhes totalmente favorável. Achavam que podiam ser escolhidas por Eros em substituição a Psique... Então se encheram de ânimo ao pensarem em como seria bom viver no encantador palácio junto ao deus do Amor...
(...)
Como tinham sido eficientes ao enganarem Psique, Magnetes e Téssora estavam eufóricas com o resultado que se descortinava...
Téssora ainda encontrou disposição para manifestar seus protestos contra os mimos dos pais ao receberem Psique... Lembrou que quando elas foram dispensadas pelos maridos foram recepcionadas com muita frieza em seu retorno... Mais uma vez Magnetes concordou plenamente com sua irmã mais velha.
Em sua lógica, se a previsão de se tornarem esposas de Eros se confirmasse, os parentes seriam mais atenciosos e carinhosos com elas... Foi Magnetes quem lembrou que teriam de conseguir que o deus do Amor se apaixonasse por elas e, sendo assim, de alguma maneira deveriam seduzi-lo.
Téssora refletiu sobre isso e respondeu que deviam proceder do mesmo modo como teria ocorrido com Psique... Sua sugestão foi a de se apossarem de uma das flechas do deus e usá-la para atingir o seu peito... Não haveria dúvidas de que ele se apaixonaria instantaneamente por elas.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Psique é dissuadida de sua radical intenção; os deuses e suas imperfeições; apenas o entendimento com Afrodite possibilitaria a reconciliação com Eros

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Vimos que Psique vivenciou um desfecho traumático para o seu casamento.
A rigor, a sua ansiedade em conhecer a real identidade do marido resultou em infeliz.
Ficou sabendo que estava vivendo em um castelo (de fato) esplendoroso e que era casada com um deus... Tudo muito diferente do que Téssora havia anunciado...
Eros não admitiu a desconfiança de Psique, que foi ao seu encontro armada com o punhal... Psique acabou dispensada por ele.
Amargurada retirou-se do castelo disposta a tirar a própria vida. E só não chegou ao suicídio porque um desconhecido a impediu.
(...)
O misterioso homem esclareceu que o sofrimento que ela passava em vida por causa das maldições de Afrodite era nada comparado aos flagelos junto a Tânatos (o deus da Morte). E emendou que certamente a morte dela traria tormentos àquele deus.
Psique disse que “os deuses são perfeitos” e que, por isso, não acreditava no que acabara de ouvir... O homem esclareceu que quando os mortais foram feitos por Prometeu e passaram a viver graças ao divino sopro de Atena, eles receberam as qualidades e defeitos que os deuses têm.
Neste ponto Psique recordou-se que Prometeu foi castigado (acorrentado numa rocha e tendo o fígado devorado por uma ave de rapina) por ter entregado o Fogo Sagrado do Olimpo aos humanos, e entendeu que também ela devia ser castigada por ter traído a confiança de Eros.
O homem disse que era certo que Zeus vivia em constante remorso por ter castigado Prometeu de modo tão duro... Psique não deu crédito àquelas palavras porque havia aprendido que Zeus era muito poderoso para arrepender-se de suas decisões. O outro pediu que ela permanecesse em silêncio por algum tempo. Assim poderia ouvir os gemidos do gigante Prometeu... Certamente aquelas lamentações chegavam aos ouvidos do poderoso deus.
Psique argumentou que, se era verdade que Zeus sentisse culpa, ele teria libertado Prometeu. A esse respeito o homem falou que o erro do gigante havia sido muito grave, já que por ter entregado o Fogo Sagrado aos mortais a Terra tornou-se palco de muitas tragédias por causa de sentimentos como a “raiva, ciúmes, inveja...”. Emendou que a lamentação que Psique estava vivenciando só era possível devido ao grave erro de Prometeu.
(...)
O homem insistia com aquele assunto porque queria dizer que também os deuses são dotados de defeitos... Assim, Psique deveria entender que isso também se aplicava a Eros. Então a aconselhou a não desistir dele.
Mas Psique demonstrou que não vislumbrava esperança em reatar com o marido divino... Sentia-se muito desgastada depois de ter se mudado para o misterioso castelo, onde, por dois anos, se dedicou completamente ao marido... Via-se abandonada e sem forças para encará-lo novamente... Por isso preferia a morte.
O misterioso tipo destacou que são as mulheres que dão “sentido à vida dos homens”... Ela podia não imaginar, mas naquele momento Eros precisava muito dela. Além disso, ele esclareceu que o suicídio não é a melhor forma de se retribuir às bênçãos dadas pelos deuses.
(...)
Essas palavras deixaram Psique confusa... Ela quis saber o que deveria fazer... O velho orientou-a a prosseguir com humildade. Disse que ela deveria visitar Afrodite e pedir para se casar com Eros...
Psique antecipou-se a essas orientações e sentenciou que a deusa nutria ódio por ela... Sobre isso, o homem deixou claro que o melhor a fazer era provar que a deusa se enganava ao seu respeito... Psique, então, deveria se submeter a tudo o que fosse preciso. Apesar das advertências, ele mesmo garantia que a deusa é boa e sábia.
Mas as dúvidas dela persistiam. Psique não tinha a menor ideia de como convenceria a divindade a aceitá-la... Por incrível que pareça, o misterioso homem garantiu que a ajudaria a superar mais essa dificuldade.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Eros mandou Psique embora; "sentimento que não é cultivado chega ao fim"; afinal, o que é Amor?; Psique deixou o castelo para trás e partiu para a morte; no estranho caminho há um homem grisalho

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Psique estremeceu... Notou que havia cometido um grande erro e que a conversa com Eros estava resultando em desfecho dramático para ela.
Eros decidiu que ela não podia mais viver ali... Retornaria ao castelo dos pais e aos conselhos das irmãs.
(...)
Percebendo que havia cometido grande injustiça com o marido, Psique implorou para que não tomasse tão radical medida... Disse que aprendeu a amá-lo e que sabia que ele também nutria sentimentos sinceros por ela, já que havia se ferido com a própria flecha.
Eros explicou que o sentimento não cultivado chega ao fim... Revelou que adoeceria por causa daquele trauma, mas chegaria o momento em que essa dor não mais incomodaria. Ele saberia cicatrizar a ferida e impedir que outras se abrissem... Seria um exercício de convivência com a dor.
(...)
A conversa prosseguiu assim... Psique tentando dissuadi-lo, e Eros sentenciando que ela não sabia o que é o Amor... Até porque ele não espetou nenhuma de suas flechas enquanto ela viveu no palácio.
Psique pensou sobre esse juízo...
Quer dizer que ela não sabia o que é o Amor?
Certamente foi com um “nó no peito” que ela desabafou suas indagações a respeito desse sentimento:


Amor? Um fogo que queima por dentro, um desejo sem igual de ser a simbiose de dois corpos? Sentir a respiração de seu amado ofegante como se fosse a sua própria? Ouvir o coração do amado bater com força contra o seu peito? Querer construir um futuro em conjunto para vibrar com as pequenas magias do presente e lembrar-se com saudade do romântico passado? Encontrar forças para suplantar todas as dificuldades? Isso é o Amor?

Eros nada falou... Então Psique prosseguiu dizendo que seu sentimento por ele não era resultado de “flechadas divinas”... Não foi algo introjetado por ele nem por qualquer outro deus... Seu sentimento era vivo, pois estava entranhado em seu peito e resultava em manifestações de carinho e desejos de bem querer a ele... Sim, Psique estava afirmando que a sua consideração por Eros era de esposa para com o marido, e não a de uma devota para com a imortal divindade jamais acessível.
Eros se emocionou, mas a sua reação foi sair voando pela janela... Psique permaneceu chorando no quarto que ardia em chamas. Os criados egípcios apareceram para conter o fogo e ajudá-la... Ela decidiu retirar-se para a escuridão da noite. Queria encontrar Zéfiro, porém não obtinha resposta ao seu chamamento.
(...)
Completamente só no escaldante deserto caminhou sem rumo até chegar à beira de um precipício...  Sentiu vontade de lançar-se para a morte, mas foi contida por uma misteriosa e grave voz masculina. Ela procurou, mas não viu ninguém nas imediações... A certa distância notou que um homem já grisalho caminhava em sua direção.
O tipo disse que se tratava de alguém que, diuturnamente, cuidava dela... Psique falou que não o conhecia e que, assim, não poderia tratar-se de um amigo. O outro esclareceu que aquilo pouco importava e perguntou por que ela estava indo em direção à morte... Ela respondeu que estava muito triste porque o marido a mandara embora do palácio.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 19 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Psique faz oferendas e súplicas a Atena; pela primeira vez consegue contemplar o palácio em todo o seu esplendor; buscando conhecer a identidade do marido, despertou-o com o óleo quente da lamparina; Eros se revela, explica o seu plano e manifesta grande tristeza pela atitude de Psique

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Psique deu crédito às palavras das irmãs... Estava convicta de que não podia conhecer a verdade a respeito de seu casamento (e também do seu futuro) se seu esposo não se revelasse a ela. As palavras de Téssora eram duras demais e, pelo visto, verdadeiras.
Ela sabia que tinha de eliminar os temores de seu pensamento. Vivia muito bem no castelo e era muito bem tratada, mas a possibilidade de estar sendo preservada para se tornar inocente vítima da criatura horrenda a apavorava.
(...)
Ela fez oferenda à Atena... Suplicou que o palácio se tornasse visível. A deusa da sabedoria “alumiou todo o solar”. Psique ofereceu também um belo colar de ouro, presente do marido. Considerou que mais importante que as joias era saber a verdade que estava escondida.
Ela seguiu para o aposento dele. Caminhou com segurança, pois levava um lampião que a fazia enxergar o trajeto e, além disso, carregava o punhal que Téssora havia lhe dado...  Viu que tudo por ali era mesmo muito bonito e de bom gosto (“tapetes persas, móveis talhados em predas preciosas e os detalhes em ouro e diamantes”).
Foi com o maior cuidado que ela entrou no quarto do monstro, pois não queria que sua iniciativa fosse descoberta. Aproximou-se da cama e levantou a manta bem devagar, mas aconteceu que um pouco de “óleo fervente” caiu sobre a face dele.
A dor o fez gritar aterrorizado. Psique se assustou, largou o lampião e saiu em disparada carreia para um canto do aposento... Na sequência veio o desastre.
(...)
As chamas se espalharam depois que o lampião se espatifou e atingiram as cortinas do quarto. Psique pôde notar que o monstro se levantou, mas ela só via um vulto com o rosto coberto pela manta. Ela se apavorou e pediu que não a devorasse...
Aos poucos a manta deslizou para o chão e a verdadeira face do marido de Psique foi revelada... Ela viu um “rosto alvo, adornado por cabelos cacheados compridos, olhos azuis penetrantes, de uma beleza incomensurável”, e “em suas costas, um par de asas brancas de dois metros de envergadura”.
Psique estava atormentada e pegou o punhal para se defender ao mesmo tempo em que dizia que sabia que aquele tipo só podia ser o que tinha invadido seu quarto naquela tumultuada noite... Depois sentenciou que as irmãs tinham razão, pois podia notar que naquele momento ele se fazia virtuoso para obter a sua confiança e, assim, concretizar o seu projeto assassino.
(...)
Na verdade o marido de Psique era Eros, o deus do Amor.
Ele desabafou toda a sua tristeza... Disse que por dois anos devotara amor incondicional a ela, no entanto recebia apenas incompreensão e terror... A iniciativa dela mostrava-lhe que estava certo ao não aprovar a visita das cunhadas.
Psique argumentou que tudo o que ele fazia tinha a finalidade de enganá-la... Disse que com os deliciosos alimentos ele esperava engordá-la para, enfim, devorá-la.
Eros não suportou tamanha ofensa e acabou se revelando de vez... Explicou que se tratava do deus do amor, e que havia se casado com ela para defendê-la da ira de Afrodite...
É claro que Psique ficou espantada com a revelação e perguntou por que ele não havia lhe contado antes... Eros respondeu que se sua mãe soubesse que ele a havia traído poderia ser o fim... Disse que esperava que o tempo passasse para poder se revelar plenamente, depois a levaria até Zeus na esperança de obter o perdão divino... Isso traria imortalidade a Psique.
Eros lamentou que a esposa tivesse sofrido a maléfica influência das irmãs... Exatamente por isso seus planos estavam anulados. Psique abandonou o punhal e perguntou a ele se suas irmãs estavam enganadas ao seu respeito. Ele respondeu que evidentemente não era o assassino que Téssora e Magnetes descreveram. Tratava-se do deus do amor! Devotava-se à união com ela, mas, triste e incisivo, garantiu que o amor não convive com desconfianças.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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