Vimos que Psique vivenciou um desfecho traumático para o seu casamento.
A rigor, a sua ansiedade em conhecer a real identidade do marido resultou em infeliz.
Ficou sabendo que estava vivendo em um castelo (de fato) esplendoroso e que era casada com um deus... Tudo muito diferente do que Téssora havia anunciado...
Eros não admitiu a desconfiança de Psique, que foi ao seu encontro armada com o punhal... Psique acabou dispensada por ele.
Amargurada retirou-se do castelo disposta a tirar a própria vida. E só não chegou ao suicídio porque um desconhecido a impediu.
(...)
O misterioso homem
esclareceu que o sofrimento que ela passava em vida por causa das maldições de
Afrodite era nada comparado aos flagelos junto a Tânatos (o deus da Morte). E
emendou que certamente a morte dela traria tormentos àquele deus.
Psique
disse que “os deuses são perfeitos” e que, por isso, não acreditava no que
acabara de ouvir... O homem esclareceu que quando os mortais foram feitos por
Prometeu e passaram a viver graças ao divino sopro de Atena, eles receberam as
qualidades e defeitos que os deuses têm.
Neste ponto Psique
recordou-se que Prometeu foi castigado (acorrentado numa rocha e tendo o fígado
devorado por uma ave de rapina) por ter entregado o Fogo Sagrado do Olimpo aos
humanos, e entendeu que também ela devia ser castigada por ter traído a confiança
de Eros.
O
homem disse que era certo que Zeus vivia em constante remorso por ter castigado
Prometeu de modo tão duro... Psique não deu crédito àquelas palavras porque
havia aprendido que Zeus era muito poderoso para arrepender-se de suas
decisões. O outro pediu que ela permanecesse em silêncio por algum tempo. Assim
poderia ouvir os gemidos do gigante Prometeu... Certamente aquelas lamentações
chegavam aos ouvidos do poderoso deus.
Psique
argumentou que, se era verdade que Zeus sentisse culpa, ele teria libertado
Prometeu. A esse respeito o homem falou que o erro do gigante havia sido muito
grave, já que por ter entregado o Fogo Sagrado aos mortais a Terra tornou-se
palco de muitas tragédias por causa de sentimentos como a “raiva, ciúmes,
inveja...”. Emendou que a lamentação que Psique estava vivenciando só era
possível devido ao grave erro de Prometeu.
(...)
O
homem insistia com aquele assunto porque queria dizer que também os deuses são
dotados de defeitos... Assim, Psique deveria entender que isso também se
aplicava a Eros. Então a aconselhou a não desistir dele.
Mas
Psique demonstrou que não vislumbrava esperança em reatar com o marido divino...
Sentia-se muito desgastada depois de ter se mudado para o misterioso castelo,
onde, por dois anos, se dedicou completamente ao marido... Via-se abandonada e
sem forças para encará-lo novamente... Por isso preferia a morte.
O
misterioso tipo destacou que são as mulheres que dão “sentido à vida dos
homens”... Ela podia não imaginar, mas naquele momento Eros precisava muito
dela. Além disso, ele esclareceu que o suicídio não é a melhor forma de se
retribuir às bênçãos dadas pelos deuses.
(...)
Essas
palavras deixaram Psique confusa... Ela quis saber o que deveria fazer... O
velho orientou-a a prosseguir com humildade. Disse que ela deveria visitar
Afrodite e pedir para se casar com Eros...
Psique antecipou-se a essas
orientações e sentenciou que a deusa nutria ódio por ela... Sobre isso, o homem
deixou claro que o melhor a fazer era provar que a deusa se enganava ao seu
respeito... Psique, então, deveria se submeter a tudo o que fosse preciso.
Apesar das advertências, ele mesmo garantia que a deusa é boa e sábia.
Mas as dúvidas dela persistiam. Psique não tinha
a menor ideia de como convenceria a divindade a aceitá-la... Por incrível que
pareça, o misterioso homem garantiu que a ajudaria a superar mais essa
dificuldade.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_24.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto