segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Psique se despede dos pais e caminha rumo ao desconhecido; espessa bruma a envolve e depois que se dissipa revela o Saara; Zéfiro conduziu a princesa ao passado egípcio; o “deus do Vento” é apresentado como um tipo espirituoso e se comunica através de rimas

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_5.html antes de ler esta postagem:

Psique admitia cumprir resignadamente o seu destino junto ao esposo monstruoso mesmo sem ter a menor ideia de quem ele pudesse ser... A rainha não aceitava a “capitulação” da filha e dizia que ela merecia “algo muito melhor”, pois era tão bela como Afrodite.
Psique entendia que sua beleza só a prejudicava. Por causa dela, tinha de se afastar das demais pessoas... Por mais antagônico que possa parecer, garantiu, a beleza a transformava num monstro como aquele da misteriosa montanha. Então desejava encontrá-lo e ser feliz ao seu lado pelo resto da vida.
Vendo que a filha estava convencida de seus propósitos, ao rei e à rainha restou despedirem-se. Psique entendia que não voltaria a vê-los. Os pais chorosos foram para o seu lado enquanto que a princesa caminhou para um rumo que tinha tudo por manifestar-se desconhecido e assustador.
(...)
Psique não tinha a menor ideia para onde caminhava. Percorreu por um bom tempo a esmo até ser envolvida por intensa bruma. De tal forma foi cercada pela névoa que não conseguia enxergar mais. Decidiu se sentar e suplicar a Zeus que lhe revelasse onde estava.
De repente a neblina baixou e assim Psique pôde contemplar a lua que se fazia imensa no céu.
A moça ficou por ali observando as brilhantes estrelas. Em seu peito carregava ansiedade de conhecer logo o marido que os deuses lhe haviam reservado e de modo algum sentia medo das revelações do Oráculo.
A lua “deu lugar a Hélio na condução do carro de Sol, puxado por cavalos selvagens que corriam a galope”. Psique estava preocupada porque temia que a montanha encantada ainda estivesse muito longe, então viu que estava em um deserto...
Um vendaval levantou enorme quantidade de areia e a cegou momentaneamente. Psique protegeu os olhos com as mãos e através dos dedos notou que a areia movimentada pelo vento esculpia formas. De um momento para outro o vento se uniu às formas de areia e formou o corpo de um homem.
Perguntado a respeito de sua identidade, o homem esclareceu que era Zéfiro, o deus do Vento, que personificava o movimento e promovia tormentos diversos. Ele podia fazer “as nuvens caminharem no céu e, de supetão, arrancar os chapéus”... Psique ficou admirada com a divindade que falava através de poesia.
Zéfiro continuou e, sempre com rimas, fez recomendações sobre os perigos do deserto (escorpiões, cobras...). Advertiu que, por causa disso, a donzela precisava ter muito cuidado. Por fim revelou à moça que ela se encontrava no alto de uma montanha no Saara, no palácio de seu marido.
Psique quis saber como havia chegado até ali e Zéfiro explicou que a carregou por todo o tempo.
(...)
Então Psique estava no Egito...
Roriz situa tempo e lugar na apresentação feita por Zéfiro. Ele mostrou o planalto de Gizé, onde milhares de trabalhadores pareciam bem pequenos. Esclareceu também que eles “demorarão vinte anos para construir cada uma das grandes pirâmides” (referia-se às pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos).
Psique disse que as palavras de Zéfiro eram-lhe confusas porque ela sabia, graças aos ensinamentos do seu pai, que Quéops havia morrido há mais de mil anos. É neste ponto que o deus do Vento esclarece que a levou a tempos passados, para o “ano 2.500 antes de Cristo”.
É claro que a princesa não tinha a mínima ideia de quem era Cristo e quis saber a respeito... Zéfiro lamentou ter deixado escapar a frase, mas sabia que não dava para esconder muito mais sobre o “mundo futuro”, que obviamente era totalmente desconhecido por Psique... Assim, falou sobre o formato do planeta o gelo dos polos, sobre as ideias de Galileu (por ele inspirado) e suas implicações com a Inquisição...
Psique disse que Zéfiro era mesmo tagarela e quis saber se Bóreas, seu “irmão do Norte”, era como ele... A divindade explicou que seu irmão era “sisudo e violento” e gostava de provocar vendavais destruidores... Os dinossauros teriam sido extintos depois de Bóreas ter “soltado um pum”.
De fato, o Zéfiro que Roriz apresenta é espirituoso.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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