Psique teve trabalho para ganhar a confiança dos agressivos carneiros que deveria tosquiar... Depois de “acertar na piada”, ela conseguiu explicar a sua condição de oprimida por Afrodite... Isso os sensibilizou.
Eles quiseram ajudá-la imediatamente. A princesa explicou que o calor demasiado que sentiam se devia ao fato de nunca terem sido tosquiados e esclareceu que a tosa os ajudaria. Com isso ela também se beneficiaria, pois sua tarefa poderia ser concluída.
Os animais permitiram que Psique fizesse um teste... No começo houve certa resistência e irritação do carneiro que ela tosquiou, mas logo ele foi se sentindo bem melhor e aprovou o “frescor que tomava conta de seu corpo”... Pela primeira vez ele sentia a brisa... Sua reação animou Psique, que disse que todos precisam buscar as soluções para as dificuldades que nos apresentam.
A princesa se apossou da parte da lã que lhe interessava e deixou a máquina de tosquiar com eles... Assim poderiam fazer a tosa uns dos outros com calma... Mas aconteceu que um deles lembrou que o gosto da grama permaneceria o mesmo. Antes que a situação voltasse a ser de indignação, Psique propôs que eles bordassem com a lã dourada... Assim poderiam vender roupas aos deuses e também para os mais ricos. Dessa forma sempre teriam algo para fazer e, além disso, poderiam variar a alimentação, pois com o dinheiro que conseguissem poderiam comprar diferentes comidas... E finalizou dizendo que eles também podiam se divertir e passar o tempo contando piadas...
Todos quiseram ser o primeiro a contar uma piada... Um deles perguntou “por que o carneiro bale?”... Os demais disseram que já conheciam a resposta, pois ele apenas repetia a mesma piada que Psique havia contado... Então o outro disse que tinha uma resposta diferente: “Porque não somos galinhas para cacarejar!”
(...)
Divertiram-se
a valer com a “variação” da piada original... Psique tomou a lã e se dirigiu ao
solar de Afrodite... Mal atravessou o rio e a encontrou no caminho. Ao vê-la, a
deusa protestou dizendo que havia demorado muito para tornar os carneiros
revoltados e, no entanto, via que Psique os havia domesticado com facilidade.
Psique
argumentou que utilizara o dom da sensibilidade com os carneiros, que careciam
de ser ouvidos por alguém... Afrodite esbravejou dizendo que ainda não estava
convencida da capacidade da princesa... E mais: garantiu que o último desafio
era o mais difícil de todos.
(...)
Afrodite
não demorou a anunciar a terceira tarefa, que obrigava Psique a penetrar os
domínios de Hades... Deveria trazer uma pequena caixa que estava no Tártaro
(onde se localizam as “sombras infernais”). Psique quis saber o que carregaria
na caixa, mas a deusa explicou que se tratava de um segredo...
Psique
calculou que deveria usar o dom da força para passar por Cérbero (o cão de três
cabeças que guarda os portões do Inferno) e depois teria de convencer Caronte a
conduzi-la em seu barco pelo Rio Negro... Afrodite lembrou que apenas Héracles,
Orfeu e Eneias haviam feito essa viajem com sucesso...
A princesa perguntou se, no caso de passar ilesa pela
prova, poderia mesmo se casar com Eros... Afrodite fez uma pausa que levou
Psique indagar se ele não a queria mais... A deusa esclareceu que ele a amava
demais, porém estava sendo encaminhado para o julgamento no Tribunal do
Olimpo... Se fosse sentenciado culpado, perderia a imortalidade e seria
condenado à morte.
Psique ficou arrasada. Ela não podia entender o
desfecho daquela tragédia marcada por tantos desafios e desatinos, além disso,
não se conformou com a frieza de Afrodite ao revelar-se capaz de levar o
próprio filho à danação... A deusa afirmou apenas que “tanto na guerra quanto
na Revolução não há vítimas ou algozes, pois somos meros interlocutores que
movem a alavanca que impulsiona o mundo”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_6215.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto