Vimos que Eros teve de responder às perguntas formuladas por Apolo, Poseidon e Hades... Os que lhe faziam oposição (Apolo e Hades) procuraram qualificá-lo contraventor. Mas, ao mesmo tempo em que fazia a sua defesa, o deus do Amor mostrava que seus acusadores se assemelhavam a ele em seus procedimentos.
Ares, o deus da Guerra, também atacou o réu. Garantiu que, por não ter realizado o “seu trabalho primordial”, o mundo estava sofrendo com uma série de desentendimentos entre os humanos... Eros se defendeu explicando que o caos era uma constante e que isso não dependia dele. De sua parte, garantia que, nos dois últimos anos passados junto a Psique, não deixou de disseminar o amor.
(...)
Ares considerou a
defesa insatisfatória e perguntou sobre os cuidados em relação ao resto da
humanidade... O réu disse que ele bem sabia “que não há amor que resista às
suas guerras”. Evidentemente Ares sentiu que Eros o acusava, culpando-o pelos constantes
conflitos humanos. O deus da guerra respondeu que não aceitava aquela ofensiva,
já que considerava que os erros de Eros favoreceram a carnificina entre os
humanos.
Eros afirmou que os humanos não precisavam dele para vivenciar um amor
sincero... Toda sua existência fora marcada pela disseminação do amor através
de suas flechas... Porém a resposta para o seu trabalho nunca foi uma plena
correspondência. Pelo contrário, a Guerra era o resultado mais comum. Sua
experiência com Psique havia sido das mais sinceras e pela primeira vez sentia
que conseguira “transmitir o verdadeiro amor para alguém”. Arco e flecha não
foram decisivos para o sentimento que floresceu... Devoção e respeito
alimentaram o seu amor.
O deus do Amor finalizou
garantindo que não mais fazia questão de ser Cupido... Poderia fazer com toda a
humanidade o mesmo que fizera com Psique. E isso valeria a pena mesmo se
tivesse de se dedicar dois anos de sua “longa eternidade com cada um dos
mortais”.
Ares deu seu voto. Considerou Eros culpado “pela sua
falta de decoro com a humanidade e pela falta de respeito com a sua própria
natureza”.
(...)
Zeus tomou a palavra e garantiu que já possuía o seu veredicto.
Esse anúncio provocou
intensa falação entre os que participavam. Zeus atirou novo raio sobre a Terra
e exigiu silêncio. Depois apresentou seus argumentos.
Ele explicou que “Eros é o deus do Amor” e que seu
trabalho é um dos mais complexos. Só quem ama de verdade pode disseminar o
Amor. Realizar isso sem usar arco e flecha “é uma tarefa nobre”. Se todos os
deuses procurassem realizar o mesmo sem se afastarem do cotidiano dos humanos
se sentiriam bem mais recompensados do que quando são agraciados por “oferendas
e elogios dos mortais”.
Zeus lembrou que os humanos foram feitos à imagem e semelhança dos
deuses. Isso incluía os defeitos das divindades... Lembrou também que eles
próprios não eram bons exemplos. Entendeu que Eros se diferenciava por seus
gestos, pois demonstrava cuidado especial para com os humanos.
O veredicto ficou para o final das palavras de Zeus. Eros estava
absolvido de todas as acusações.
O anúncio foi um alívio para Hades. Zéfiro celebrou o resultado erguendo
os braços de Eros como se fosse um campeão. A maioria dos presentes prestou
homenagens.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_6191.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto