Vimos que Débora Aparecida Soares cresceu distante de sua mãe biológica (que, como sabemos, era a polêmica Sueli, interna do Colônia). Arbex informa que sua infância foi marcada por visitas ao hospital psiquiátrico, onde, sem saber, chegou a conversar com sua verdadeira mãe.
Holocausto Brasileiro registra que a menina era muito querida pelas internas... Enquanto Débora corria pelos corredores, mantinha contato com “aquelas mulheres nuas e de cheiro ruim” e, não raras vezes, conversava com elas. As “tias”, como as chamava, queriam pegá-la no colo como se fosse a neném do lugar.
Débora e Sueli trocaram palavras num diálogo em que a menina quis saber por que a “tia” vivia naquele ambiente... A interna explicou que não tinha onde morar, mas que era mãe de duas filhas... Débora se recorda de ter dito que gostaria de brincar com elas, mas a “tia” não sabia por onde as duas andavam.
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Conforme o tempo passou, vários questionamentos
perturbaram Débora... Ela cresceu sem saber que fora adotada por Jurema Soares,
mas aos poucos percebeu que entre elas havia muitas diferenças... Além disso,
sentia-se muito mais pressionada do que amada pela mulher.
Aos vinte anos, Débora se mudou para a histórica cidade de São João
del-Rei, onde tornou-se estudante do curso de Letras... Durante o período de
férias de 2005, ela se desentendeu com Jurema. Sua percepção era a de que levava
uma vida infeliz e repleta de incertezas.
Em 2007, ela desabafou suas angústias com uma senhora
que havia cuidado dela durante a infância. Então a mulher revelou sua
verdadeira história... Isso aliviou a consciência de Débora.
(...)
Depois de conhecer suas origens a partir da conversa com a antiga
conhecida, a moça falou com o irmão (cinco anos mais velho que ela) a respeito
de sua descoberta... O rapaz explicou-lhe que desconfiava que ela não fosse sua
legítima irmã, pois não viu a mãe com “barriga de grávida” até o dia em que lhe
apresentou Débora recém-nascida.
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Débora animou-se a encontrar a mãe biológica... Em seu íntimo, tinha
certeza de que ela também desejava vê-la. Então passou a procurar informações a
seu respeito.
Ela ouviu de Jurema que sua mãe biológica fora um tipo desprezível e
rejeitado por todos por causa de suas atitudes agressivas e extravagantes. Mas
nada daquilo poderia anular a sua vontade de estar com Sueli.
Assim, Débora decidiu revisitar o Colônia (agora uma instituição
vinculada ao Fhemig – Fundação Hospitalar do estado de Minas Gerais)... A
secretaria a encaminhou a um dos pavilhões femininos, porém logo reconheceu que
a paciente não se tratava de sua mãe. Apesar disso, contaram-lhe a respeito de
Sueli Rezende, que lamentavelmente havia falecido há um ano.
(...)
A triste notícia fez Débora
mergulhar no passado de sua verdadeira mãe. O hospital permitiu que ela
acessasse os registros a respeito de Sueli Rezende...
É claro que isso não
acalentou a sua dor, mas foi assim que ela recolheu fotografias e alguns poucos
objetos (sendo um terço rosa o “mais significativo”, guardado por ela “como
relíquia”).
A partir dos prontuários (e de vários outros registros), Débora ficou sabendo o
quanto sua mãe se esforçou e atuou de modo consciente por ocasião do parto em
23 de agosto de 1984.
Sem dúvida, Sueli pode ser considerada “a mais famosa interna da história do Colônia”.
Sem dúvida, Sueli pode ser considerada “a mais famosa interna da história do Colônia”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/04/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil.html
Leia: Holocausto Brasileiro. Geração Editorial.
Um abraço,
Prof.Gilberto