O filme não reproduz fielmente o livro... Mas o próprio PKD entendeu que ele é muito bem feito e que o cenário exposto resulta em ambiente por ele imaginado enquanto escrevia... A equipe de Douglas Trumbull (efeitos especiais) captou perfeitamente a sua ideia e “os dois materiais se reforçam mutuamente. De forma que a pessoa que começasse lendo o livro iria curtir o filme e quem visse o filme antes (esse é o nosso caso) iria gostar do livro”.
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É necessário destacar que Androides sonham com ovelhas elétricas?
é texto de 1966, época marcada por temores de uma guerra nuclear que resultaria
no “fim do mundo” e na impossibilidade de se reconstruir padrões de civilização
experimentados até então.
Philip K. Dick imaginou uma “Guerra Mundial Terminus”,
responsável pela devastação... Os humanos remanescentes, em sua maioria,
seguiram para planetas colonizados pelos terráqueos, ou permaneceram em locais
lúgubres (outrora apinhados de gente), como a arrasada São Francisco, onde a
história de passa.
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Entre os que não partiram para as colônias localizadas no espaço há os
“Normais” e os “Especiais”... Esses últimos são considerados “biologicamente
inaceitáveis”... Os “Normais” apresentam “relativa sanidade”.
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A situação para essas “duas categorias” seria das mais
caóticas porque o mundo pós-Terminus não apresentaria nenhuma perspectiva de
recuperação ou possibilidade de efetiva reocupação humana... Os considerados “normais”
correriam o risco de sofrer uma contaminação da “Grande Poeira”, resíduo maligno
do conflito bélico fatídico...
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A “Grande Poeira” percorre a atmosfera do planeta e ameaça a saúde dos
“normais” que, uma vez contaminados pela radiação, podem se tornar “especiais”.
O cenário é desolador... Os viventes contam com avançados recursos
técnicos e científicos auferidos pela humanidade antes da “guerra terminus”: veículos
que podem sobrevoar as cidades; aparelhos sofisticados “formatam” a condição
emocional e o “estado de espírito” das pessoas; androides realizam (nas
colônias espaciais) atividades de alto risco para os humanos...
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Nas grandes e abandonadas cidades do planeta também ficaram amontoados
de objetos, utensílios, máquinas e aparelhos diversos descartados pelos
fugitivos... Dada a degradação proporcionada pelas sociedades de consumo
extremado, aqueles “lixos eternos” não tinham como ser descartados ou eliminados...
Os inúteis amontoados, além de atravancar prédios inteiros, atrapalham
os caminhos dos viventes que constantemente se veem cercados por “bagulhos”.
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A quase totalidade das
espécies animais e vegetais pereceu...
As antigas crenças e
práticas religiosas também desapareceram. Há um confuso culto e interação com
uma entidade (o velho Wilbur Mercer)...
Entre os “normais”, a posse de um animal verdadeiro tornou-se questão de
status social... A dedicação a essas criaturas pode revelar o quanto a pessoa
ainda conserva dos valores e sentimentos humanos... Mas o preço que se paga por
um animal verdadeiro é exorbitante, então não é por acaso que muitos apelam
para réplicas robotizadas (cada vez mais parecidas com as verdadeiras
criaturas)...
(...)
A história trata de um dia
específico da vida Rick Deckard, que é um caçador de recompensas.
Este tipo (que no filme é interpretado por Harrison
Ford) presta serviços ao departamento de polícia para garantir o sustento...
Deckard leva uma vida modesta com a esposa Iran e dedica-se também à “criação”
de sua ovelha elétrica enquanto almeja adquirir um animal real... Para onde
vai, carrega um catálogo (da Sidney’s Animais e Aves Domésticas) com a cotação
de caprinos, equinos, aves, bovinos...
(...)
A possibilidade de juntar dinheiro torna-se real
quando surge a oportunidade para Deckard “aposentar” (perseguir, detectar e
matar) “Andys” (androides) da geração “nexus 6”, fugitivos de Marte e prontos
para causar um estrago entre os terráqueos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/09/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_19.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora ALEPH.
Um abraço,
Prof.Gilberto