De volta ao albergue, o casal pode descansar em suas redes em frente ao quarto... Anne olhava para a floresta quando sugeriu se embrenharem para explorá-la.
Lewis topou...
Notaram os diversos coloridos insetos... Logo se depararam com ruínas de um templo (talvez fosse um palácio)... A mata cobria o que restava da construção dominada por lagartos que se acomodavam para tomar Sol...
Anne surpreendeu-se com a escultura de um dragão (provavelmente a cobra cascavel cultuada pelos maias)... Sempre que notava algo que a encantava ou que a deixava perplexa na floresta, chamava a atenção de Lewis para compartilhar de suas emoções... A tudo ele respondia com monossílabos, e causou espanto a sua reação ao dar um pontapé na escultura...
Lewis não explicou por que agira tão agressivamente... Sentou-se ensimesmado... Anne quis saber se ele não gostaria de “fazer a volta do templo”... A resposta foi a de que, se ela estivesse interessada, teria de fazê-lo sozinha.
Ela percorreu o perímetro sem conseguir contemplar a ruína... Seu coração era só preocupação. Andou até chegar ao ponto onde Lewis permanecia imóvel...
Por duas vezes ele perguntou se ela havia visto o suficiente...
(...)
Retornaram para o Victoria (o albergue) e os pensamentos de Anne eram
sobre o estranho comportamento de seu namorado... De fato não podia dizer que o
conhecia. Suas vertigens, o que significavam? E aquela agressão à escultura?
Anne perguntou-lhe sobre, afinal, o que ele pensava... Para a sua
surpresa, Lewis respondeu que era sobre a casa em Chicago, onde havia deixado
“a lâmpada acesa”.
Ele estaria aborrecido por causa da excursão? Sobre isso ele explicou
que tudo ali lhe parecia um sonho enquanto que, para Anne, tudo era bem real (e
é por isso que ela se envolvia de modo diferenciado)...
Anne ouviu o que ele
pensava e disse que, no entanto, apesar do estranho acervo arqueológico,
ambiente e pessoas diferentes, eles (o casal) eram o que sempre foram...
A noite estava começando
quando avistaram as luzes do albergue. Como que a remediar, Lewis emendou que
se sentia perdido em meio às velhas ruínas... De sua parte, Anne sentenciou que
gostava de se sentir perdida...
Para Lewis era
diferente... Ele mesmo garantiu que “sentir-se perdido” era algo que não
pretendia mais para si... Reviver situações temerárias não estava em seus
planos...
Via-se que as expectativas de ambos eram diferentes... Ele não pretendia
“correr riscos”... Anne percebeu que o entendia, mas ao mesmo tempo pensou se
ele não havia feito mal ao se envolver com ela... Bem poderia ser que amá-la lhe
trouxesse lamentações futuras.
Ela perguntou sobre o
motivo de seu nervosismo contra a escultura... Ele respondeu que não gostou “do
animal” e que esse era o seu modo de ser...
Anne não pôde deixar de observar que, em relação a
ela, ainda não notara aquele tipo de humor... Lewis explicou que seria muito
difícil comportar-se daquele modo com ela porque (ele já sabia do ano anterior)
sua reação eram as lágrimas...
Ao se instalarem no quarto ela perguntou-lhe se guardava algum rancor...
Talvez “por ter duas vidas”... Ele respondeu que não havia motivo para
“querer-lhe mal” e, além disso, se ela tivesse “apenas uma vida” certamente não
estariam juntos naquele momento.
Essa conversa se encerrou na cama... Lewis
procurou mostrar que as preocupações da parceira não tinham fundamento... Bem o
contrário de qualquer aversão, seu desejo era o de abraçá-la... E foi isso o
que fez, deixando claro que a queria para si.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/02/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_5.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto