sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Ron Mueck – exposição na Pinacoteca do Estado de São Paulo – considerações I

Muita gente decidiu ficar em São Paulo durante este Carnaval.

Foram quase cinco horas de espera... Para alguns, a primeira experiência do gênero.
Os ambulantes vendiam de tudo (água e refrigerantes; milho cozido; pastéis e pipoca; capas e guarda-chuvas...). Interessante notar como anunciam mercadorias de acordo com os humores das pessoas e do tempo.
Sem mostrar interesse pelo motivo de tanta disposição dos que se mantinham ordeiramente em fila, os comerciantes não tinham do que reclamar...
                                 Não foi por isso que iniciei este texto.
(...)
Muitos escolheram o feriado de terça-feira (17/fevereiro) para visitar a exposição com obras de Ron Mueck, que está na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Praça da Luz, 2; Bom Retiro) desde Novembro do ano passado. O último dia para visitação é 22/fevereiro...
O artista australiano radicado na Inglaterra se destaca por sua produção voltada à representação de figuras humanas... Mas não a partir dos materiais convencionais...
E nem como o que ocorre nos exemplares de cera normalmente retratando personagens importantes em escala real...
Vemos que não é essa a intenção de Mueck.
Sua obra impressiona pela perfeição nos detalhes, todavia o que se vê são representações grandes (algumas gigantescas) ou pequenas de tipos humanos comuns em situações cotidianas (ou nem tanto) diversas.
(...)
Uma coisa é visualizar imagens disponíveis na internet...
Bem outra é a contemplação possibilitada pela proximidade permitida durante a visitação.
Mas saibam que há pessoas muito apressadas... Essas são as que passam de um ambiente para outro apenas observando as esculturas a partir da lente de sua máquina fotográfica... Algumas demoram tempo suficiente para conseguir um selfie ou uma pose que dê a falsa e divertida impressão de que a obra do artista cabe na palma da mão...
Ainda temos que considerar que os orientadores alertam a respeito da necessidade de “seguir o fluxo” sem voltar às salas anteriores para não atrapalhar a visitação dos demais...
(...)
Você consegue um espaço em meio ao grupo de pessoas e volta a sua concentração para a obra... É isso o que interessa...
Mas há interrupções: não poucas vezes ocorrem esbarrões; alguém solicita mais espaço... Ou então (de repente) ouvimos os orientadores, que se veem na obrigação de advertir os que não percebem os flashes disparados a partir de suas máquinas ou os que teimam em ultrapassar a linha de proteção das obras.
Não foi por isso que iniciei este texto!
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Os detalhes impressionam... Identificamo-nos com aquelas peças que só faltam falar (e “sair por aí”)... Cada uma delas nos faz pensar em nossas limitações, anseios e possibilidades.
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Há o vídeo (mais ou menos 50 minutos) que apresenta Mueck trabalhando...
Quem vê apenas a arte final não tem ideia do complicado processo... Vários materiais são utilizados em moldes, que são confeccionados e preenchidos... A pele que reveste o “esqueleto” é extremamente delicada... Os fios de cabelo são colocados um a um...
Trabalho de gênio perfeccionista.
(...)
Não se pode dizer que as feições sejam de felicidade/alegria ou de felicidade/angústia...
As esculturas possuem “acabamento definitivo”... E vemos o cuidado na representação dos traços de envelhecimento naquelas que representam adultos...
Há quem faça o exercício de observar as obras e imaginar que elas retratem pessoas reais... Como seriam os seus cotidianos? Como eram ao tempo de sua juventude? Quais sonhos teriam alimentado?
Para a próxima postagem reservo uma “proposta de análise” e imagens.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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