As pessoas falavam sobre o casamento de Miro... Alimentavam os mais diversos tipos de boatos... Diziam até que Marieta de Santa Luccia só se satisfazia com relações que envolviam as mais secretas fantasias, e que o doutor era a pessoa mais apropriada para atender as suas demandas sexuais.
O que ninguém sabia era que o casal vivia o “pleno inferno astral”... Miro não se empolgava com a esposa... Também ela não escondia o seu desgosto por tanto esforço em vão para atrai-lo.
Marieta sofria anemia profunda... Ela não podia gerar filhos... Sangrava ininterruptamente durante 20 dias por mês. Tratava-se de uma hemorragia menstrual... Miro não tinha a menor ideia de como curá-la, e também não demonstrava interesse pelo padecimento da esposa.
(...)
Algum tempo passou e a situação de Miro começou a se
alterar drasticamente. Isso aconteceu porque Vamparazzo entrou em falência... O
italiano nada dizia, mas era certo que ele estava se desfazendo de várias
propriedades. Cada dia que passava se tornava mais difícil manter as aparências
também para o genro.
Certo dia o coronel Marcolino Afonso Cavalcante de Britto apareceu na
clínica... Ele havia comprado muitas das terras de Vamparazzo e na prática isso
significava que ele se tornara o “novo dono do lugar”. O tipo tinha mais de 80
anos, usava chapéu, terno, botas longas e trazia um chicote às mãos. O homem
tinha ares de “selvagem autoritarismo”.
O velho Marcolino chegou exigindo que o doutor
examinasse sua mulher. Marcela era (em tudo) o seu contrário. Ele a havia
retirado do Bairro do Barreiro, onde era uma das garotas de Brigitte, e a levou
para o seu casarão na fazenda São Valentim.
Marcolino tinha origem nordestina, era um tipo bruto... Marcela era uma
lindeza de moça, seus traços indígenas, longos cabelos, cintura fina, quadris e
seios fartos chamavam a atenção de qualquer um...
(...)
Por incrível que pareça, o velho Marcolino insistia que Marcela devia
ter algum problema de saúde porque não conseguia deixa-lo apto “para o coito”.
Enquanto o doutor fazia o atendimento, ele tirava um cochilo na cadeira
de espera.
Obviamente Miro não entendeu por que devia examinar Marcela... Foi ela
quem lhe revelou o motivo da consulta, e também lhe lembrou de que já se
conheciam desde que ele havia tratado das meninas de Brigitte.
Acontece que Marcela
transpirava sensualidade... A todo o momento insinuava e dava a entender que
Miro poderia se envolver com ela quando bem entendesse... Como sabemos, ele não
era dado a essas ousadias, e foi sem jeito que auscultou o coração de sua
paciente, mediu-lhe a pressão e testou seus reflexos...
A moça fazia “caras e bocas”
enquanto deixava escapar gemidos sensuais... É claro que ela estava ótima de
saúde, mas o que ele poderia dizer ao coronel? O homem estava ali para “solucionar
o seu caso”!
Miro chegou a dizer à
moça que talvez pudesse sugerir um tratamento... Mas o velho tinha absoluta
certeza de que era a sua companheira quem necessitava de cura.
O doutor explicou a ela que, então, não havia nada que pudesse ser
feito... De modo malicioso, Marcela respondeu que um tratamento poderia ser
ministrado a ela.
A situação estava ficando
cada vez mais complicada...
Depois de refletir um pouco, Miro disse que talvez fosse interessante preparar
algo no laboratório... Sua receita poderia ser acrescentada às refeições do
coronel sem que ele notasse... Havia alguma chance de o seu organismo reagir
positivamente...
Porém Marcela se mostrava tarada pelo doutor... Ela
queria tirar proveito da situação... Sem perder tempo, despertou o velho e
ordenou-lhe que pagasse pela consulta... Na sequência explicou-lhe que o
tratamento se iniciaria no dia seguinte.
(...)
E que tratamento!
Marcela passou a comparecer com assiduidade à
clínica... A quem perguntasse, respondia que tinha de “tomar injeções”... A sós
com o doutor, insinuava-se o mais que podia. Ela nem mesmo usava roupas íntimas
por baixo do vestido!
Aquilo se tornou uma tortura... As noites de Miro passaram a ser mergulhadas
em pensamentos sobre a fogosa e jovem Marcela.
Miro resistiu o mais que pôde...
Um dia “ocorreu a desgraça”.
Leia: A
Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto