Cabe ressaltar que o material se completa com fragmentos de documentos diversos... Eles dizem respeito à industrialização no Brasil, ao movimento operário e ao tenentismo.
Industrialização; Movimento
Operário e Tenentismo
O país, como de resto várias outras partes do
continente americano, passou por uma fase de industrialização muito importante
durante a Primeira guerra Mundial. Isso aconteceu porque os países
industrializados da Europa estavam sendo destruídos. O velho continente
exportava para o Brasil a maioria dos produtos industrializados aqui
utilizados.
Podemos dizer que a industrialização também ocorreu para sanar as
dificuldades com essas importações. A maioria das fábricas organizadas nesse
período (1914-1918) foi instalada na região sudeste, onde a produção/exportação
de café permitiu um considerável acúmulo de capital.
Como não havia ainda uma legislação que regulamentasse
o trabalho das fábricas e as condições dos operários, mulheres e crianças eram
muito exploradas. Trabalhavam até doze horas por dia, sem condições de
segurança e de higiene, recebiam salários muito baixos.
Não demorou e as primeiras greves ocorram. A primeira grande greve
aconteceu em 1917 e sofreu dura repressão. Inclusive passou a vigorar uma lei
que determinava a expulsão de imigrantes acusados de atentar contra a segurança
do país ou que participassem da direção de sindicatos. De fato, a questão
operária era vista como uma questão de polícia. Inicialmente o movimento
operário brasileiro foi liderado por anarquistas (geralmente italianos e
espanhóis que traziam da Europa os seus ideais). Em 1922 um grupo de
intelectuais e operários fundou o Partido Comunista Brasileiro, que passou a
organizar as lutas operárias e a fazer forte oposição à “República dos Fazendeiros”.
(...)
Ocorreu também um movimento militar que se colocou contra o poder
estabelecido. Esse movimento ficou conhecido como Tenentismo e aconteceu na
década de 1920. Vários jovens oficiais do Exército começaram a reclamar da
estrutura da República brasileira. Diziam que o Exército estava num segundo
plano apesar de ter sido a instituição responsável pela proclamação da
República (foi o Exército que acabou com a monarquia de Pedro II em 1889 – o
marechal Deodoro da Fonseca foi um dos principais atores daquele episódio).
Os jovens oficiais, principalmente tenentes, passaram a criticar a
“política do café com leite” e o sistema de votação. No governo do mineiro
Artur Bernardes (1922-1926) aconteceram levantes. Logo que o presidente foi eleito
tentaram derrubá-lo. O jornal “Correio da manhã” publicou uma carta atribuída a
ele. A carta continha severas críticas ao Exército, mas não era de autoria do
presidente... Tratava-se de um golpe que serviu para iniciar uma profunda
crise.
Como havia muitas suspeitas de que a tentativa de comprometer o
presidente partiu dos militares o governo mandou fechar o Clube Militar e
prender Hermes da Fonseca (ex-presidente do país e que, naquele tempo, presidia
o clube). Os tenentes protestaram e no dia 5 de julho de 1922 aconteceu o
levante dos “18 do forte” em Copacabana... Dois anos depois, no mesmo 5 de
julho, ocorreram novos levantes tenentistas. Em São Paulo, Joaquim Távora,
Juarez Távora e Eduardo Gomes, liderados pelo general Miguel Costa, sublevaram
diversas unidades militares. Os revoltosos queriam a convocação de uma Assembleia
Constituinte (queriam substituir a Constituição de 1891 – que dava sustentação
à política dos fazendeiros), queriam também o fim do voto “em aberto” e a
formação de um governo provisório.
Em Manaus os tenentes
tomaram o poder e formaram um governo provisório, um Conselho Governativo
liderado pelo tenente Ribeiro Júnior. Os revoltosos pretendiam “varrer o
capitalismo do Brasil” – isso já era uma influência das ideias comunistas que
entraram no Brasil após a Revolução Russa de 1917. Criaram o “Tributo da Redenção”,
que era um imposto pago pelos ricos para socorrer os pobres. Os tenentes
formaram a Comuna de Manaus que passou a controlar os matadouros tomados de
empresários ingleses. Depois de 30 dias foram derrotados pelas tropas
legalistas.
Os tenentes de São Paulo, depois de 22 dias de
lutas, seguiram para o Paraná, onde se juntaram em abril de 1925 a uma coluna
vinda do sul. Dispostos a estender a campanha antigovernista por todo o país
iniciaram a “Coluna Prestes”, comandada por Luís Carlos Prestes e por Miguel
Costa. Até fevereiro de 1927 percorreram cerca de 24 mil quilômetros. Entre 800
e 1500 homens participaram da coluna (nem todos eram militares), denunciavam às
populações mais desinformadas os problemas que a nação vinha enfrentando com os
fazendeiros no poder.
Um abraço,
Prof.Gilberto