O texto anterior, este e os que seguem nas próximas postagens têm como finalidade contribuir para uma melhor compreensão das exposições de Kapuscinski a respeito do panorama argelino em 1965.
Convém ressaltar que a leitura do capítulo referente à Argélia (in “História Geral da África”, vol. VIII/págs. 157–166; organizado pelo Comitê Científico Internacional da UNESCO) é de fundamental importância para a obtenção de um embasamento mais crítico a respeito dos temas neles evidenciados.
(...)
Por diversos motivos (entre
eles, o vacilo de certas lideranças e o enfraquecimento de alguns grupamentos) os
revolucionários procuraram aglutinar os esforços de suas células... A criação
do Comitê Revolucionário de Unidade e Ação (CRUA)* em 1953/54, por exemplo, foi
consequência de dissidências no desgastado MTLD.
* A
maior parte dos líderes revolucionários da CRUA
era proveniente da OS (Organização Especial),
criada em 1947 no interior do MTLD. Entre
eles estava Ben Bella, um dos fundadores da
OS.
Logo que a Guerra de Independência teve início, a Argélia foi dividida
em áreas onde as forças revolucionárias deviam atuar... Ao mesmo tempo, membros
do alto comando da CRUA se dirigiram ao Egito para obter apoio político e
bélico para a causa.
Em meados de 1955 praticamente toda a Argélia havia se
tornado palco de luta armada... Em maio desse ano foi fundada a FNL como
alternativa de agregar todos os que já defendiam a independência do país pelas
vias políticas...
A adesão de camponeses foi maciça e aos poucos também os moradores das
cidades ingressaram nas tropas da Armada de Libertação Nacional (ALN) chefiada por Boumédiène...
Contribuiu para isso o modo indiscriminado como o exército francês passou a
reprimir os argelinos.
(...)
Como vemos, a estratégia da França se caracterizou pelo aumento
progressivo do efetivo militar na colônia sublevada... Em contrapartida os
argelinos reagiram ingressando na ALN cada vez em maior número. Via-se que, no
meio da população comum, os que não se engajavam diretamente procuravam apoiar
os guerrilheiros de outras formas.
Na segunda metade de 1956 foi realizado o Congresso da FNL no vale do
Soummam (na Cabília)... Apesar de clandestino, o encontro produziu debates
deliberativos sobre o futuro do país... Em síntese as propostas discutidas acenavam
para soluções de caráter socialista... Almejava-se a independência, mas ela
devia concretizar ampla reforma agrária e outras prerrogativas
revolucionárias... Esperava-se que, enfim, a nação árabe-muçulmana se tornasse
reconhecida internacionalmente.
Por aquela época havia
forte repercussão da Conferência de Bandung*.
*
Realizada nessa cidade da Indonésia em abril de
1955, reuniu delegados de países da Ásia e da
África para debater a respeito de ações conjuntas
e de oposição aos avanços de Estados Unidos
e União Soviética. Entre os dez pontos dos
princípios formulados pela Conferência estavam
o do “respeito à soberania e integridade
territorial das nações” e da “solução de
todos os conflitos internacionais por meios pacíficos”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/01/a-guerra-de-independencia-da-argelia_12.html
Leia: A
Guerra do Futebol. Companhia das Letras.
Leia: História
Geral da África. MEC Brasil.
Um abraço,
Prof.Gilberto