sexta-feira, 6 de maio de 2016

Filme – Nise - O Coração da Loucura – Segunda Parte – o começo do trabalho no setor de terapia; de resistências e determinação

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/04/filme-nise-o-coracao-da-loucura.html antes de ler esta postagem:

A realidade é que os doentes com distúrbios psiquiátricos eram tratados com muita violência... Sem a menor consideração... Nem mesmo os médicos os viam como pessoa.
Nise chegou ao setor de terapia ocupacional disposta... Mas certamente não esperava encontrar um ambiente tão caótico, onde imperava a imundície.
Não havia a menor possibilidade de o local proporcionar alguma forma de entretenimento ou aprendizado que funcionassem como terapêuticos... Dois enfermeiros (Lima, interpretado por Augusto Madeira, e Ivone, interpretada por Roberta Rodrigues) eram os responsáveis pelo local, mas o descaso das autoridades há muito os havia desanimado. Pode-se dizer que apenas cumpriam sua jornada de trabalho evitando maiores complicações com os “mentalmente alienados”... Lima, por exemplo, conhecia as atrocidades praticadas contra os internos, nada fazia para mudar a situação e pode-se dizer que também os maltratava.
A doutora se apresentou e foi logo dizendo que o lugar estava precisando de uma faxina... Pediu ao Lima que providenciasse baldes, panos e vassouras, mas o moço respondeu que o seu papel ali era outro.
Nise voltou-se à Ivone admitindo que as duas não tinham a quem pedir ajuda...  Elas mesmas dariam conta do recado... Depois de árduo trabalho, a grande sala tomou ares apresentáveis.
(...)
Aos poucos o grupo de internos que seria atendido pela doutora foi chegando... O primeiro contato de Nise com o pessoal foi no mínimo temerário... Pelo menos é o que o Lima pensou.
Não se pode dizer que ela os desconhecesse totalmente, mas é certo que não sabia como reagiriam. Ela nada exigiu e, em vez disso, permitiu que circulassem livremente pela sala.
Aconteceu que alguns decidiram se acomodar junto à parede... Outros perambularam, mexeram em tudo o que viam e soltaram gritos apavorantes.... Um dos tipos insistia em manipular uma morsa.
Lima ficou irritado com aquilo... Ele desconfiava que a doutora não estivesse bem certa de suas pretensões. Mas Nise insistiu que não deviam interferir e garantiu que ninguém precisava se manter sentado.
Foi quase que por acaso que encontrou Carlos Pertius (Julio Adrião)... O interno perambulava “à procura de sementes” quando, próximo à porta do setor de terapia, acabou convidado pela doutora para integrar o grupo... Seu cão de estimação o acompanhou.
(...)
Nise não estava ali para incentivar o aprendizado de ofícios tradicionais, como marcenaria, costurar sapatos ou confeccionar objetos em palha...
As artes plásticas tornaram-se a principal ocupação dos integrantes do grupo. Na figura de Almir (certamente Almir Mavignier interpretado por Felipe Rocha), o filme destaca a importância de parceiros com os quais ela pôde contar. O moço sabia que alguns internos faziam desenhos que conservavam em segredo, então sugeriu que transformassem o ambiente num ateliê artístico. Nise topou no mesmo instante.
(...)
As decisões que doutora estava tomando deixavam os demais médicos escandalizados... Todos se espantaram quando viram que ela atraiu para o grupo alguns dos personagens mais perigosos e temidos pelos próprios funcionários... Entre eles, Lúcio Noeman (já citado na última postagem) e Adelina Gomes (interpretada por Simone Mazzer)...
Adelina agrediu fisicamente a própria Nise no momento em que esta tentou uma primeira aproximação... A doutora chegou valorizando a interna ao elogiá-la pelas bonecas de pano que fazia... Mas a reação da outra foi extremamente violenta.
Além desses, e entre vários outros, Fernando Diniz (aquele submetido à demonstração do tratamento com eletrochoque) e Otávio Inácio também participaram das reuniões que se tornaram constantes...
Apesar das dificuldades do início, aos poucos, as barreiras que os internos criavam contra as atividades propostas foram sendo superadas... Com a ajuda de Nise e dos assistentes todos tomaram gosto pela arte e encontraram um estilo próprio...
Indicação (12 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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