sábado, 6 de maio de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – bebida e proposta de colaboração para barrar Phileas Fogg; ainda a ideia de espionagem por parte dos apostadores do Reform Club

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_6.html antes de ler esta postagem:

Como se pode depreender, Passepartout e Fix entraram num ambiente de criaturas deploráveis. O criado de Fogg não tinha dinheiro, mas aceitou que o colega bancasse o drink deixando claro que uma próxima ocasião seria por sua conta.
Falaram sobre trivialidades. Sobretudo se confraternizavam porque a partida do Carnatic havia sido antecipada e também pela felicidade de poderem embarcar mais uma vez no mesmo navio.
Passepartout já havia esvaziado mais de uma garrafa e se preparava para se retirar com a intenção de avisar Phileas Fogg a respeito da antecipação do embarque em algumas horas. Mas Fix pediu a ele que esperasse um pouco mais.
O policial disse que tinha a necessidade de falar a respeito de “coisas sérias”... Passepartout ingeriu umas gotas de vinho do Porto que estavam no fundo do copo e observou que podiam conversar no dia seguinte, pois no momento não tinha mais tempo para passatempos ou para outros assuntos.
É claro que o rapaz tinha noção de sua responsabilidade para com os acertos da viagem que prosseguiria. Então Fix disse que o que tinha a dizer se referia a Phileas Fogg.
Já que os assunto importante dizia respeito ao seu patrão, Passepartout resolveu que devia ouvi-lo. Fix começou perguntando se ele havia descoberto sua identidade. O francês sorriu e respondeu que “claro que sim”.
O policial temia aquela resposta, mas estava decidido a dar prosseguimento ao seu plano. Disse que tinha uma confissão a fazer. Passepartout antecipou-se e disse que agora que ele “já sabia de tudo” não fazia diferença. E completou que não podia deixar de sentenciar que “esses senhores” haviam se metido em despesas inúteis.
(...)
Mais uma vez precisamos lembrar que Passepartout estava convicto de que Fix se tratava de um agente, um espião enviado pelos sócios apostadores do Reform Club para conferir se o desafiante Phileas Fogg realizava a “viagem ao redor do mundo” conforme o combinado. De sua parte, Fix imaginava que o rapaz tinha descoberto a verdade sobre o seu ofício policial e a tarefa de perseguir Fogg. Como sabemos, sua dúvida era em torno da cumplicidade do criado em relação ao “golpe que o patrão havia dado”.
(...)
O policial redarguiu a respeito da ideia de “inutilidade” sentenciada pelo seu interlocutor. Disse que Passepartout pensava daquela maneira porque não sabia da quantia envolvida. Convicto de que o outro estava se referindo aos valores apostados, o francês respondeu que sim, sabia que se tratavam de vinte mil libras.
No mesmo momento Fix o corrigiu afirmando que a quantia era de cinquenta e cinco mil libras. Disse isso e apertou a mão de Passepartout.
O criado se espantou com o altíssimo valor e, incrédulo, acrescentou que o patrão não ousaria chegar a tanto. Todavia a informação apenas aumentava a necessidade de não falhar nos compromissos. E é por isso que mais uma vez ele tratou de se levantar para colocar Fogg a par da saída antecipada do Carnatic.
Fix o forçou a sentar-se novamente. Na sequência solicitou mais uma garrafa de conhaque. Repetiu que o valor em questão era de cinquenta e cinco mil libras e explicou que se cumprisse bem a sua missão receberia duas mil libras. Na sequência revelou que se Passepartout o ajudasse seria gratificado em quinhentas libras.
O rapaz arregalou os olhos. Fix explicou que tudo o que ele tinha a fazer era dar um jeito de Phileas Fogg permanecer por mais tempo em Homg Kong.
A proposta irritou Passepartout. Indignado, disse que além de mandarem seguir o seu patrão ainda pretendiam criar vários obstáculos para dificultar-lhe a complicada empreitada! Aquilo era uma vergonha! Então quer dizer que, além do mais, pretendiam que Phileas Fogg perdesse dinheiro?
Como vemos, o diálogo estava servindo para alimentar as convicções de ambos. Fix respondeu que pretendiam mesmo que Fogg “tirasse dinheiro do bolso”.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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