O cálculo do marinheiro era bem simples.
Tinham quatro dias de viagem pela frente. Se o mar e os ventos ajudassem, as 800 milhas até Shangai seriam vencidas a tempo. Bastaria que navegassem umas oito milhas por hora.
(...)
Mas aquilo era perfeito!
Fogg quis saber se podiam partir imediatamente.
O rapaz (seu nome era John Bunsby) explicou que precisava de uma hora
para comprar víveres e aparelhar a embarcação, que ele chamava de Tankadère
(esse era o nome do nº 43).
(...)
Fogg adiantou duzentas libras ao Bunsby. O negócio
estava fechado.
Depois voltou-se para Fix, tratou-o por “agente” (da Companhia
Peninsular) e ofereceu-lhe lugar no nº 43. Meio sem jeito, o policial admitiu
que estava mesmo para pedir-lhe aquele favor.
Fogg arrematou que em meia hora estariam a bordo. Aouda deixou escapar
que ainda estava preocupada com “o pobre rapaz”, Passepartout, o desaparecido.
Fogg disse que faria
pelo criado tudo o que estivesse ao seu alcance.
(...)
Enquanto Fix se arranjava no Tankadère, Fogg seguiu de palanquim com
Aouda para o escritório da polícia, onde abriu um boletim de ocorrência em que
detalhou as características de seu criado. Também deixou quantia suficiente
para que fosse providenciada a sua repatriação caso o encontrassem.
Também passaram na embaixada francesa e noticiaram o sumiço do cidadão
francês em Hong Kong. Depois pegaram as bagagens que tinham sido recolhidas
novamente ao hotel.
(...)
A “armação” lembrava um “iate
de corrida”. John Bunsby cuidava muito bem de seu Tankadère, uma “pequena nave”
de vinte toneladas. Diziam que ele vencera algumas provas de pilotagem.
A tripulação era composta
ainda por quatro experientes marinheiros. Via-se que eles confiavam em Bunsby,
eram experientes e conheciam bem aquelas águas.
Aparentemente não havia o que temer. A embarcação era satisfatória, a
tripulação era tarimbada. Bunsby era um tipo vigoroso que contava quarenta e
cinco anos, tinha a pele queimada de sol e ares de quem sabe muito bem o que
faz...
(...)
Quando Fogg e Aouda
entraram no Tankadère, Fix já se encontrava devidamente acomodado. O quarto que
fora destinado a eles ("um aposento quadrado com nichos quadrangulares nas paredes e um sofá circular") era pequeno e simples, mas bem organizado e limpo.
Fix sentiu-se acanhado e mesmo humilhado ao
ouvir de Fogg que se lamentava por não poder oferecer instalação melhor.
Todavia não deixava de deixar que o seu suspeito não passava de dissimulado,
sem dúvida um “tratante”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_12.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto