Longo percurso a ser percorrido de trem... O que encontrariam mais adiante? Difícil saber. No peito de Phileas Fogg apenas o desejo de finalizarem a viagem até o dia 11, quando esperava estar em Nova York com passagem para a embarcação que o levaria a Liverpool.
(...)
O vagão é descrito
como “uma espécie de ônibus” colocado sobre dois trens, cada um com quatro
rodas... Essa formatação possibilitava boa performance até mesmo nas curvas de
pequenos raios.
Havia duas filas de assentos “perpendiculares aos eixos”... De qualquer
lugar que se estivesse podia-se acessar os banheiros do vagão. Havia corredores
específicos para isso. E também para se alcançar os demais carros de
passageiros e outros vagões com diversos serviços (salões, terraços, restaurantes,
cafés).
Não era muito, mas nos corredores circulavam vendedores de todo tipo de
mercadoria (livros, jornais, bebidas, quitutes e charutos).
A
noite fria não demorou a cair, e o céu carregado de nuvens ameaçava nevasca.
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A velocidade da composição
era em torno de trinta e dois quilômetros por hora. Apesar de não ser tão
rápido, era o suficiente para que a planilha de Fogg não apresentasse déficits
de tempo.
Não
se ouviam conversas entre os passageiros... Passepartout estava logo atrás do
banco de Fix, mas não fazia a menor questão de dirigir-lhe palavra. O francês
preferiu não se arriscar em relação àquele tipo, e em seu íntimo guardava a disposição
de estrangulá-lo como reação a qualquer atitude suspeita do tira.
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Depois
de uma hora após a partida do trem em São Francisco, uma fina neve começou a
cair. Ela não oferecia riscos ao avanço da máquina. Pela janela não se via nada
além da “brancura enegrecida” pela escuridão da noite e a fumaça eliminada pela
locomotiva.
Exatamente às oito
horas, um camareiro anunciou o horário de dormir... Logo o vagão modificou-se
em dormitório. Os bancos se desdobraram e um mecanismo acionou os
colchonetes... Os passageiros puderam contar com privacidade e o conforto de
leitos cobertos por lençóis brancos e travesseiros macios. Densas cortinas os
mantinham isolados dos demais, como se estivessem num a embarcação.
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Todos adormeciam
enquanto o trem passava por Sacramento (sede legislativa da Califórnia) à meia-
noite. Em seis horas a composição havia avançado duzentos quilômetros. Na
sequência avançou para Omaha.
Depois de Sacramento
muitas outras estações foram deixadas para trás: Junction, Roclin, Auburn, e
Colfax... Logo a composição passou a atravessar a Sierra Nevada.
Às sete da manhã a estação de Cisco havia sido alcançada. Uma hora mais
tarde o dormitório foi despertado e voltou à condição de vagão comum...
O traçado do
território montanhoso pôde ser contemplado pelos passageiros. Era basicamente a
estrada de ferro, o trem, seu movimento e “silvo” que se misturava ao som das
águas que caíam de cascatas diversas... Os pinheiros silenciosos recebiam as
lufadas enfumaçadas da pesada máquina.
O traçado não era reto, pois os “contornos da natureza” foram
respeitados na ocasião em que a ferrovia foi construída. Pelo menos neste
trecho o avanço resultava em lento.
(...)
Às nove horas o trem chegou ao estado de Nevada... O vale de Carson foi
cortado no sentido nordeste. Ao meio-dia os passageiros almoçaram durante vinte
minutos e deixaram Reno para trás.
Depois
a ferrovia permitiu o avanço do trem junto à margem do rio Humboldt. Por isso a
direção passou a ser norte por alguns quilômetros... Mais tarde, ainda em
conformidade com o curso do Humboldt, a composição rumou para leste até as
montanhas onde se localizam as nascentes, quase no limite do estado de Nevada
com Utah.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/06/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_24.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto