sexta-feira, 9 de junho de 2017

“Minha Vida de Menina”, de Helena Morley – sobre o final dos registros de 18 de agosto de 1895; Zinha colocou ordem na sala de aulas estabelecendo o lugar de cada um e as lições que deviam aprontar; castigo e coque na cabeça do mais indisciplinado; Helena desiste e recorre novamente à Zinha; o fim da experiência

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/06/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_9.html antes de ler esta postagem:

Zinha acompanhou Helena à escola da “mestra Madge”.
Logo que chegaram à sala de aulas, a moça disparou que estava ali para “desforrar” o que estavam fazendo com Helena. Vociferou que não admitiria nenhuma conversa e que até de sua casa era possível ouvir a gritaria.
Ela exigiu que cada um se colocasse no lugar determinado pela “mestra” Madge. Depois chamou um por um (Carlinhos, Júlio, Antônio, Maria Hilária,...) e definiu no livro a lição que deviam fazer.
Depois desse encaminhamento, um dos alunos teve a ousadia de soltar uma gargalhada... No mesmo instante, Zinha levantou-se, aproximou-se do tipo e beliscou-o “com vontade”. O menino teve de ficar de castigo, de pé e virado para a parede. Logo que se colocou no lugar estabelecido, tomou um “coque” desferido por Zinha em sua cabeça.
(...)
A sala ficou em ordem... Zinha explicou à Helena que tinha o que fazer e se retirou acrescentando que se eles aprontassem era só chamá-la novamente.
(...)
Foi só o tempo de Zinha retirar-se da escola para a confusão recomeçar.
O que estava de castigo saiu pela sala... Helena ordenou que retornasse, mas o tipo apenas olhou para ela e pôs-se a rir.
Helena quis mostrar autoridade e gritou com ele, mas foi como se gritasse às paredes.
Os demais começaram a dizer que a “mestra estava sendo desafiada” e que o tipo indisciplinado fazia caretas para ela.
Aquilo era o fim... Helena já fazia promessa de “rezar um terço ajoelhada em cima de bagos de milho” caso Nossa Senhora a livrasse daquele tormento.
(...)
Não havia mais o que fazer e, sem dar satisfações aos alunos, saiu em disparada e novamente dirigiu-se à casa de Zinha.
Foi entrando e atirando-se ao sofá. Siá Donana viu o quanto Helena chorava e quis saber o que se passava. Zinha respondeu à mãe que a pobrezinha estava zangada.
Helena explicou que não tinha a quem recorrer. Estava desesperada e disse que enlouquecia só de pensar que teria de voltar aos alunos de tia Madge. Implorou à Donana que pedisse para Zinha socorrê-la.
Siá Donana apiedou-se e concordou que Madge havia sido má com a jovem sobrinha. De fato, era loucura submetê-la aos “meninos mais danados de Diamantina”. Só à dona Madge eles respeitavam! Ela lhes impunha o seu modo e eles acabavam acatando suas ordens.
Helena disse que também ela sofria muito por causa do tamanho respeito que nutria por ela. Mas não deixou de acrescentar que esperava que Donana convencesse a filha a ficar em seu lugar.
A boa mulher ficou sensibilizada pela difícil situação em que Helena se encontrava e pediu à Zinha que a socorresse... Afinal ela era mais velha e já tinha alguma experiência.
Zinha acabou concordando... Deu a entender que todos podiam passar sem aqueles apuros. Mais uma vez admitiu que a “mestra” Madge fora má. Não era possível entender por que insistira com a jovem sobrinha para substituí-la quando havia tantas outras moças que pretendiam “dar escola”.
Zinha comprometeu-se a vingar Helena daqueles “demônios”. Pediu que avisasse à tia que só o fazia por causa disso.
(...)
Helena nem sabia como agradecer.
Retornou para casa e encontrou o pai. Contou-lhe a respeito da dramática experiência e pediu a ele que falasse com a tia Madge a respeito do desfecho acertado com Zinha.
Leia: Minha Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas