domingo, 30 de julho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – heroicamente, Passepartout salvou os passageiros do trem desgovernado, mas não foi visto entre os que chegaram à estação de Kearney; coronel Proctor entre os gravemente feridos; Aouda e Fix estão bem; Fogg tem decisões urgentes a tomar

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Phileas Fogg entendeu o recado que o condutor quis transmitir... No mesmo instante em que o funcionário tombava e dizia que o trem precisava ser freado em cinco minutos, o inglês sentenciou que a composição seria parada a qualquer custo. Depois tomou a iniciativa de se atirar para fora do vagão.
Talvez Fogg achasse que pudesse chegar à locomotiva desgovernada agarrando-se às janelas, mas elas também eram concorridas pelos sioux que continuavam a lutar contra os passageiros.
Passepartout impediu o patrão de lançar-se para fora... Pediu que deixasse com ele aquela difícil tarefa e já foi saindo em meio às lutas e trajetórias de balaços.
(...)
Como sabemos, ele era um rapaz cheio de habilidades, e foi como um acrobata que se enfiou sob os vagões... Agarrou-se às alavancas e correntes e assim foi passando de um compartimento para outro... Também foi graças a uma série de cabos existentes sob a composição que chegou à parte dianteira.
Enfim colocou-se entre o vagão de bagagem e aquele que carregava água e carvão para abastecer a fornalha (o tênder)... Num esforço espetacular, o francês conseguiu desenganchar as correntes de segurança.
Faltava desinstalar o parafuso que segurava a barra de atrelagem... Felizmente, como que um milagre, ocorreu um abalo e a composição tremulou, fazendo a barra se soltar. Dessa forma, a locomotiva se separou dos demais compartimentos e prosseguiu desenvolvendo sua velocidade pela ferrovia.
Aos poucos os vagões que permaneceram atrelados uns aos outros tiveram a velocidade diminuída e prosseguiram por mais alguns minutos... Essa condição tornou-se favorável para que, de dentro deles, os passageiros acionassem os freios.
Os vagões pararam a menos de cem passos da estação de Kearney. Os soldados que estavam instalados no forte saíram em socorro aos viajantes... Os guerreiros sioux se viram inferiorizados e por isso trataram de bater em retirada antes mesmo que o trem parasse por completo.
(...)
Uma vez que se viram a salvo dos ataques, os passageiros passaram a conferir os estragos causados pelos índios. Também procuraram ter uma noção das baixas... Notaram a falta de três homens...
Infelizmente Passepartout não estava entre os que se colocaram na plataforma. Muitos comentavam a respeito de sua coragem e lamentavam a sua ausência.

(...)

Havia muitos feridos entre os sobreviventes... Por sorte, nenhum deles corria risco de morte.
Logo percebeu-se que o que estava em estado mais crítico era o coronel Proctor... O homem havia lutado bravamente e tombou depois de ter sido atingido por um balaço na virilha. Ele e outros feridos tiveram de ser instalados numa sala da estação para receberem maiores cuidados.
(...)
A jovem Aouda estava muito bem... E o mesmo podia ser dito de Phileas Fogg que, apesar de ter se exposto perigosamente nas lutas contra os saqueadores, saiu sem qualquer arranhão. Fix apresentava um dos braços feridos, nada que preocupasse...
Especulava-se a respeito dos desaparecidos... Estariam mortos ou acabaram capturados pelos sioux?
Aouda não conseguia conter sua tristeza e lágrimas ao pensar no desaparecimento de Passepartout.
(...)
Todos os passageiros se retiraram dos vagões...
Eles viram que as pesadas rodas da composição estavam manchadas de sangue... Delas pendiam restos humanos...
Havia rastros de sangue por toda a pradaria... Os que sobreviveram entre os sioux fugiram para o sul e já atingiam o rio Republican.
Os passageiros comentavam a respeito do quadro pavoroso que contemplavam... Discutiam sobre muitas coisas... Falavam sobre a agressão que sofreram, as lutas que travaram contra os sioux... Comentaram a respeito dos feridos.
Estavam a salvo na estação e tinham os vagões à disposição... Todavia faltava-lhes a locomotiva e, como se sabe, tanto o maquinista quanto o foguista haviam sido violentamente atingidos por porretes.
Fogg observava a tudo silenciosamente... Ele tinha decisões urgentes a tomar.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 29 de julho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – no último instante o duelo foi interrompido por um ataque sioux ao trem; todos contra os índios; locomotiva desgovernada em velocidade estupenda, assalto e confronto corpo a corpo

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Era inevitável... Tudo indicava que o momento do duelo havia chegado.
Tudo muito simples. As testemunhas trancaram o vagão onde ninguém, além dos dois contendores, teve permissão de ficar.
A locomotiva apitaria, e este seria o sinal que daria início à troca de tiros. Depois...
Depois as testemunhas  entrariam no compartimento “para remover os restos dos dois cavalheiros”...
Por motivos diferentes, Passepartout e Fix sentiam o coração disparar.
(...)
Para os que se posicionaram fora do vagão, não havia mais o que fazer. Era esperar o apito do trem e a saraivada de tiros que ocorreria a seguir.
Mas o trem não apitou... Em vez disso, ouviu-se uma “gritaria infernal”... Além dos gritos de pânico, ouviam-se disparos que não vinham do vagão dos duelistas.
Deu para notar que os tiros partiam do trem, que também estava sendo alvo de balaços. Proctor e Fogg retiraram-se do vagão que havia sido reservado para eles. Os dois tinham suas armas em punho e se encaminharam diretamente para a locomotiva, que era o local onde as detonações estavam ocorrendo.
(...)
Acontece que guerreiros sioux atacavam a composição... Verne os chama de “insolentes” habituados a interromper o curso dos comboios que passavam pela região... O trem estava em pleno movimento e os índios lançavam-se de seus cavalos com rifles para cima dos vagões... Pareciam “malabaristas de circo”.
O barulho era ensurdecedor também porque os passageiros (praticamente todos eles) revidavam os disparos.
No início de seu ataque, os guerreiros sioux invadiram a locomotiva e desferiram golpes de porretes nas cabeças dos maquinistas e do foguista... Os dois desmaiaram enquanto um dos índios passou a manipular o manete. Sua intenção era a de parar a composição, mas, em vez disso, abriu totalmente a entrada de vapor, e a fez acelerar ainda mais.
Foi por isso que o trem passou a desenvolver velocidade maior. Os índios que haviam pulado sobre os tetos dos vagões realizavam manobras incríveis (Verne os compara a “macacos enfurecidos”, e isso denota mais uma vez a sua visão etnocêntrica). Eles arrombavam portas e atracavam-se com os passageiros. Alguns deles assaltaram o compartimento das bagagens e arremessaram malotes e outros volumes para fora.
(...)
Como os passageiros não estavam dispostos a perder suas bagagens, o confronto tornou-se acirrado...
O trem estava desenvolvendo uma velocidade espetacular. Certamente passava dos cento e cinquenta quilômetros por hora. Mesmo assim, nos vários vagões ocorriam conflitos corpo a corpo.
A jovem Aouda mais uma vez demonstrou destemor. Diante da ameaça sioux, pegou um revólver e o disparou contra índios que haviam saltado de seus cavalos e que tentavam entrar nos vagões pelas janelas.
Uns vinte sioux foram atingidos por balaços disparados pelos passageiros. Os que não morriam por causa dos tiros terminavam esmagados pelas rodas dos vagões. Também entre os passageiros contavam-se baixas significativas. Muitos deles haviam sido atingidos por balas ou porretes e estavam fora de combate.
O maior problema para os passageiros talvez fosse o descontrole do trem... À toda velocidade, a composição passaria direto pela estação do forte Kearney... Ali estava instalado um destacamento americano que certamente colocaria fim ao assalto indígena.
(...)
Fogg combatia ao lado do condutor... De repente o funcionário caiu ao ser atingido por um balaço. Antes de desmaiar, o homem teve o cuidado de alertar o inglês sobre a necessidade de parar o trem em cinco minutos.
Se não fizessem isso estariam perdidos.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 28 de julho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – de volta ao tuíste; Fix por testemunha; atraso impede a descida em Plum Creek; o condutor propõe que o duelo se realize no último vagão; não seria por falta de tiros que a “questão de honra” não se resolveria

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Fogg e Proctor marcaram o encontro mortal para Plum Creek, a próxima estação.
O inglês retornou ao seu vagão, tranquilizou a jovem Aouda explicando que não se pode temer os tipos que bancam os valentões... Depois trocou palavras com Fix, apenas o suficiente para pedir-lhe que fosse sua testemunha no duelo. O policial aceitou...
Então os três jogadores retornaram às suas partidas de uíste como se nada de grave estivesse para ocorrer... Vemos que Fogg confirmou sua “saída” com o dez de espadas.
(...)
O trem chegou à estação Plum Creek às 11 horas da manhã...
Phileas Fogg levantou-se e caminhou pelo corredor em busca da saída... Fix o seguiu e, um pouco mais atrás, Passepartout encaminhou-se com os dois revólveres que o patrão utilizaria no combate.
A jovem Aouda permaneceu onde estava sem que conseguisse disfarçar todo o seu pavor.
No outro vagão, o coronel Proctor também dirigiu-se ao corredor e encaminhou-se para a saída. Um tipo o seguiu. Evidentemente tratava-se de sua testemunha.
Os dois duelistas estavam prestes a descer da composição quando o condutor apareceu anunciando aos gritos que ninguém poderia descer à estação. Proctor quis saber o motivo e o funcionário explicou que estavam com um atraso de vinte minutos...
O trem parou apenas para o desembarque dos que haviam chegado ao seu destino (e também para que novos passageiros subissem)... Todos ouviram a sineta que sinalizava a partida imediata da composição.
O coronel insistiu que tinha que duelar com o inglês...
O condutor respondeu que lamentava a situação, mas não podia permitir mais atrasos... Apesar disso, considerou a possibilidade de os dois resolverem seu entrevero no próprio trem em movimento.
Proctor deu a entender que não fazia nenhuma objeção, todavia acrescentou que o cavalheiro inglês talvez não concordasse com a solução. No mesmo instante, Fogg disse que a ideia era “perfeitamente aceitável”.
(...)
Passepartout ouviu a tudo o que disseram e pensou que o que estava acontecendo devia-se ao fato de estarem em terras da América. Espantou-se sobretudo com o modo como o condutor remediou a situação que tanto desagradou os duelistas sem se importar com o fato de a alternativa sugerida potencializar um homicídio em seu trem.
Formou-se uma “comitiva”... À frente estava o condutor, que foi seguido pelos duelistas, suas testemunhas e Passepartout. Eles percorreram os vários vagões em direção ao “fundo do trem”, onde havia uns doze passageiros.
Tudo o que o condutor teve de fazer foi solicitar às pessoas que deixassem o vagão livre por um breve instante... Explicou-lhes que dois cavalheiros tinham de resolver uma “questão de honra”.
Ninguém objetou. Pelo contrário! Todos os passageiros do último vagão entenderam perfeitamente a situação e “com grande prazer” retiravam-se para que os dois cavalheiros resolvessem sua pendenga.
(...)
O último vagão tinha quinze metros...
Os duelistas iniciariam sua disputa, cada um numa das extremidades, avançando em direção ao oponente e disparando suas armas.
Cada um portava dois revólveres... Cada arma havia sido carregada com seis balaços. Munição mais suficiente para provocar muito barulho.
A questão não se resumia a saber quantos tiros seriam disparados pelos contendores. Ao final do tiroteio haveria um vencedor?
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Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 27 de julho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – troca de provocações; Aouda, Fix e Passepartout quiseram impedir, mas o duelo entre Proctor e Fogg acabou sendo marcado para Plum Creek

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O diálogo entre Fogg e Proctor foi ríspido...
Aouda empalideceu e no mesmo instante notou que seu coração disparou. Foi por impulso que levou a mão ao braço de seu protetor.
O momento era dos mais tensos, já que notava-se que Fogg estava disposto a partir para o ataque físico ao seu desafeto... Quem o visse retirar a mão da jovem com toda delicadeza não diria que ele estivesse disposto ao combate corporal.
Também Passepartout tornou-se agitado e em vias de se atirar sobre o coronel americano... A tensão cresceu ainda mais quando Fix caminhou em direção ao tipo que não parava de fitar Phileas Fogg de modo provocativo.
(...)
O policial pôs-se a dizer que o coronel devia se lembrar que era entre ambos que havia diferenças, já que, por ocasião do “meeting” em São Francisco, ele e não Fogg havia sofrido seus insultos e agressão física.
Phileas Fogg o interrompeu no mesmo instante e observou que a desavença era com ele mesmo, pois todos ouviram quando o outro o provocou ao se intrometer em sua jogada com a carta de espadas... Certamente o intruso teria de responder também por esse último gesto irresponsável.
Proctor não se deu por rogado e respondeu que o inglês podia escolher o local, momento e armas com as quais duelariam.
A jovem Aouda se desesperou... Inutilmente tentou convencer Fogg a abandonar a disputa... Fix também não obteve êxito em sua nova tentativa de afastar os desafetos... Passepartout mostrou que estava disposto a se atracar com o insolente coronel ali mesmo, mas recuou ao notar que o patrão sinalizava em proibição.
(...)
Fogg retirou-se do vagão e foi seguido de perto pelo coronel Proctor.
No corredor o inglês foi dizendo que tinha “muita urgência de retornar à Europa”... Qualquer atraso na viagem lhe traria prejuízos tremendos.
O americano deixou claro que não tinha nada a ver com os problemas dele... Fogg prosseguiu dizendo que depois do episódio em São Francisco estava decidido a retornar àquele país para procurá-lo. Lamentou que, no momento, tinha assuntos que não podiam ser resolvidos na América... O retorno à Europa era mesmo inevitável e precisava fazê-lo o quanto antes.
Proctor o ouviu sem dar a menor importância... Fogg quis saber se não poderiam se reencontrar em seis meses. O americano debochou e perguntou se ele não precisava de um prazo de seis anos...
O inglês respondeu polidamente... Disse que seria pontual e garantiu que em seis meses voltariam a se encontrar. Mas de nenhum modo o americano concordou com o adiamento do duelo.
Fogg quis mostrar que também estava disposto a resolver a situação. Então perguntou ao tipo se ele viajava para Nova York, Chicago ou Omaha... Proctor negou e depois disse que não devia satisfações a ele.
Na sequência o coronel americano perguntou se o estrangeiro conhecia Plum Creek... Evidentemente Fogg não tinha a menor ideia a respeito daquela localidade. O tipo explicou que se tratava da próxima estação, onde o trem devia fazer uma parada de uns dez minutos. Era tempo mais que suficiente! E sendo assim eles poderiam descer e resolver a pendenga.
(...)
Fogg concordou...
Disse que desceria na próxima estação...
O coronel Proctor acrescentou com ironia que tudo indicava que seu rival “desceria e lá permaneceria”.
Fogg ouviu... E respondeu que ninguém podia ter certeza do que se sucederia. Depois deu as costas ao tipo e retornou ao seu vagão.
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Prof.Gilberto

terça-feira, 25 de julho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – o trem avançou pela estrada na fronteira do Wyoming com o Colorado; chegando ao território de Nebraska; curiosidades da inauguração da ferrovia em 1887; o amanhecer após o 101º meridiano; o uíste prosseguiu até o coronel Proctor surgir atrás do banco de Fogg

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Depois de atravessar (e derrubar) a ponte de Medicine Bow, o trem seguiu sem maiores problemas ... À noite, passou pelo forte Sauders e o desfiladeiro Cheyenne Pass. Na sequência alcançou o de Evens e atingiu a maior altitude do trecho (2450 metros).
Ao ultrapassar a área, vastas planícies abriram o caminho em direção ao Atlântico. A composição chegou ao entroncamento de Denver, a “mais importante cidade do Colorado”, região até então conhecida pelas minas de ouro e prata e, por isso mesmo, de considerável urbanização.
(...)
Desde que partira São Francisco, o trem já havia percorrido 2224 quilômetros em três dias e três noites. Phileas Fogg estava tranquilo em relação às suas previsões. Sua planilha não acusava “perda de tempo”. Calculava que mais uma noite e um dia seriam necessários para atingirem Nova York.
O trem avançou e deixou para trás Camp Walbah. Percorreu a região fronteiriça dos estados de Wyoming e Colorado... Por um tempo a paisagem foi a do riacho Lodgepole. Por volta das onze da noite a composição entrou em contato com o território de Nebraska... Depois de passar por Sedgewick alcançou Julesburg (cidade do estado do Colorado) localizada “junto à ramificação sul do rio Plate”.
(...)
Verne esclarece que foi naquela localidade que, em 23 de outubro de 1887, ocorreu a inauguração da Union Pacific Road. Na ocasião estiveram presentes J. M. Dodge, general que foi o engenheiro responsável pela obra, e o vice-presidente da empresa, Thomas C. Durant... Nove vagões repletos de convidados foram rebocados por duas modernas locomotivas.
Houve queima de fogos, discursos e uma apresentação de índios sioux e pawnies que simularam uma batalha... Uma gráfica móvel possibilitou a primeira publicação de “Railway Pioneer”.
O evento marcava a conclusão de uma obra fabulosa... A ferrovia era resultado do “progresso e da civilização”... Trens puxados por potentes locomotivas dotadas de apitos mais poderosos do que “a lira de Anfião” fariam surgir muitas cidades onde antes havia apenas o deserto.
(...)
O dia amanheceu e às oito horas o trem de Phileas Fogg passou pelo forte McPherson, localizado em território do Nebraska e 575 quilômetros distante de Omaha.
As curvas do rio Plate foram acompanhadas pela ferrovia, assim o trem seguiu um belo trecho sinuoso da ramificação sul... Uma hora depois chegou a North Plate, importante cidade concebida entre os dois cursos d’água. A partir dela as águas se encontram e formam um dos afluentes do Missouri.
(...)
Fogg, Fix e Aouda retomaram o uíste...
Entre eles não havia quem reclamasse da demora da viagem ou das acomodações... O policial havia vencido algumas partidas na noite anterior e era dos mais animados. Todavia o recomeço parecia favorecer Fogg, pois ele estava conseguindo “trunfos” e as cartas mais valiosas.
Aconteceu que em certo momento da partida, quando estava prestes para “jogar espadas”, alguém se aproximou por trás de seu banco e ousou dar um palpite dizendo “Se fosse eu, jogava ouros”...
Os três jogadores levantaram os olhos no mesmo instante e viram o coronel Stamp W. Proctor.
Fogg e Proctor se reconheceram no mesmo momento. O tipo estranhou a presença do inglês e exclamou a sua surpresa... Na sequência disse em tom de desaprovação que o viu querendo jogar espadas.
Phileas Fogg respondeu que não só queria como de fato jogava uma carta de espadas... Disse isso e soltou um 10 do referido naipe. Proctor irritou-se e vociferou dizendo que queria que fosse uma de ouros... Deu a entender que retiraria a carta lançada por Fogg e sentenciou que o desafeto não entendia nada do jogo.
O patrão de Passepartout não deixou por menos, levantou-se e provocou ao dizer que talvez fosse mais habilidoso com outro tipo de jogo.
(...)
Pelo visto, o coronel americano entendeu a provocação porque respondeu no mesmo instante que “jogar o outro tipo de jogo” só dependia do inglês, a quem chamou de “filho de John Bull”*.
                  * John Bull é personagem fictício, de cartola, fraque e bengala; a personagem simbolizava a Inglaterra.
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Prof.Gilberto

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