Phileas Fogg entendeu perfeitamente que tinha obrigações em relação ao seu criado desaparecido... Ele notou a angústia de Aouda e pronunciou que o encontraria vivo ou morto.
Como que a agradecer, a jovem tomou as mãos de seu protetor entre as suas, suspirou e chorou... Sem possibilitar qualquer diálogo que pudesse se prolongar, Fogg deu a entender que esperava encontrar Passepartout vivo, e acrescentou que não podia perder tempo em sua busca.
(...)
Fogg sabia que aquela decisão significava o fracasso de seu projeto.
Certamente perderia tempo significativo e não alcançaria Nova York em condições
de embarcar no navio para a Inglaterra... Em seus pensamentos só havia uma
sentença, a de que tinha o dever de procurar o criado.
Os
soldados do forte Kearney somavam efetivo de cem homens. Seu comandante os
posicionara defensivamente para evitar que os sioux voltassem à carga e
fizessem muito mais vítimas entre os passageiros que se aglomeravam na estação.
Phileas Fogg
dirigiu-se ao comandante e anunciou que três passageiros estavam desaparecidos.
O militar quis saber se haviam sido mortos. O inglês respondeu que talvez
estivessem mortos, mas também podia ser que estivessem prisioneiros dos índios.
Era preciso conferir!
O
comandante foi perguntado a respeito de suas intenções... Perseguiria os sioux?
Ele respondeu que a situação não era tão simples assim... Os índios podiam
escapar para além do território do Arkansas. Nesse caso, como poderia abandonar
o forte? Ele havia sido incumbido de guardar aquela posição.
Fogg quis sensibilizá-lo
ao voltar a dizer que a vida de três homens podiam estar sofrendo ameaças... O
comandante redarguiu ao questionar se estaria correto arriscar a vida de
cinquenta para “salvar a de três”.
Para o inglês, a
questão não podia se resumir ao comandante cogitar se podia ou não...
Tratava-se de um imperativo! Era o seu dever!
No mesmo instante o
outro respondeu que ninguém precisava lembrar-lhe a respeito de seus deveres.
Fogg admitiu a condição do militar e disse que, então, partiria sozinho...
Fix espantou-se e indagou se ele estava mesmo decidido a avançar solitariamente
por aquelas paragens completamente desconhecidas... Fogg respondeu questionando
se queriam que ele deixasse o pobre rapaz à mingua... Será que ninguém percebia
que estavam vivos graças a Passepartout?
(...)
Finalmente o capitão mostrou-se comovido com a franqueza de Fogg...
Disse que não permitiria que ele partisse para um enfrentamento desigual com os
índios.
O militar dirigiu-se aos seus comandados e
sentenciou que precisava de trinta voluntários... Todos os soldados deram um
passo à frente.
Trinta deles foram
selecionados... Um velho sargento foi destacado para comandar o grupamento.
Fogg agradeceu ao capitão... Fix aproximou-se manifestando que gostaria
de fazer parte da expedição... Fogg disse-lhe que podia ficar à vontade para
fazer o que bem entendesse... Mas acrescentou que, de sua parte, esperava que
ele fizesse o grande favor de permanecer junto à Aouda , assim poderia
socorrê-la caso lhe ocorresse algum apuro.
O policial agitou-se... Vinha de uma perseguição implacável ao seu
suspeito... De modo algum poderia deixá-lo escapar naquela imensidão.
Apesar
disso não teve como não atender à solicitação do cavalheiro... Por fim
respondeu que ficaria com a jovem.
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Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto