O capitão Andrew Speedy tinha fisionomia rabugenta... Cara de poucos amigos e conversa... Contava uns cinquenta anos e tinha os cabelos avermelhados... Tratava-se de um tipo encorpado. Ao apresentar-se, acrescentou que era oriundo de Cardiff.
O homem explicou que partiria para Bordeaux dentro de uma hora. Sua embarcação não levaria qualquer carregamento além das pedras que garantiam a estabilidade em alto-mar (assim o navio partia “lastreado”, este é o termo utilizado pelo capitão).
Fogg quis saber se ele transportava passageiros e ouviu que o Henrietta jamais levava aquele “tipo de carga”, pois se tratava de “mercadoria” que toma muito espaço e se intromete a dar palpites...
(...)
O
Henrietta era uma boa embarcação conhecida entre os navegantes mais
experientes. Avançava satisfatoriamente (de onze a doze nós)...
Fogg insistiu e
perguntou se o senhor Speedy poderia transportá-lo com outras três pessoas até
Liverpool. O tipo não o levou a sério... De modo algum daria transporte a ele e
aos seus companheiros, ainda mais porque seu destino era Bordeaux e não a
Inglaterra.
O
inglês ofereceu pagamento e salientou que poderia pagar boa quantia... Speedy
mostrou-se irredutível e garantiu que não se sensibilizava com “propostas
vultuosas”. Fogg ousou insinuar que na embarcação havia armadores que poderiam
se interessar por sua oferta.
Andrew Speedy
explicou que ele mesmo era o armador do Henrietta. Fogg disse que gostaria de
fretar a embarcação e, como não obteve resposta, emendou que tinha interesse de
comprá-la.
(...)
Phileas Fogg enfrentou
muitas dificuldades durante sua viagem até aquele ponto... A maioria delas foi
superada graças à sua determinação e poder de convencimento... Jamais se
recusou lançar mão de dinheiro para conseguir o que necessitava. Mas com Speedy
a situação se revelava bem complicada.
O inglês perguntou se
o capitão poderia levá-lo a Bordeaux... O homem respondeu que não faria isso
nem que lhe pagasse duzentos dólares. Fogg ofereceu dois mil... Andrew Speedy
quis saber se aquele valor correspondia ao “ingresso” de cada passageiro...
Fogg respondeu que pagaria dois mil dólares por pessoa.
Speedy fez os
cálculos... Levaria quatro pessoas sem que precisasse alterar seu roteiro e
faturaria oito mil dólares”!
Imediatamente anunciou que partiria às nove horas.
(...)
Fogg deixou o Henrietta às oito e meia... Com sua habitual calma,
retornou ao hotel e anunciou aos companheiros de viagem que logo estariam
zarpando para a Europa.
Mais uma vez Fix aceitou o convite sem criar
caso por ter sua “passagem” paga pelo outro.
Já no navio,
Passepartout não escondeu o seu espanto ao saber do exorbitante valor tratado
pelo patrão para garantir a travessia. Fix pensou na grande soma “subtraída” do
Bank of England que estava sendo desperdiçada pelo “ladrão”.
(...)
O
Henrietta navegou por Long Island e logo tomou o rumo leste.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/08/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_88.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto