sábado, 11 de novembro de 2017

“A Relíquia”, de Eça de Queiroz – da “Biblioteca Universal” – Topsius fala sobre Maqueros e a fortaleza de Herodes Antipas; o rapto de Herodíade e a péssima repercussão em toda a Judeia; João Batista e a semelhança com o modo de ser de Elias

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/11/a-reliquia-de-eca-de-queiroz-da_11.html antes de ler esta postagem:

Não se tratava de uma expedição qualquer...
O sol castigava os romeiros e suas montarias. Teodorico dá a entender que a boa conversa de Topsius aliviava a jornada. Além disso, havia os cigarros feitos por Pote com o excelente tabaco de Alepo.


(...)

Apenas a desolação entre uma e outra serra...
Enquanto buscava maior proteção ajeitando seu guarda-sol na montaria, Topsius explicou que Maqueros localizava-se naquelas paragens... Nela viveu o tetrarca da Galileia, Herodes Antipas, personagem que ele vinha estudando há um bom tempo. Esse Herodes era filho de outro Herodes (o Grande).
Com ares de seriedade, o alemão emendou que, naquela cidade, João Batista (Iocanã) foi degolado.
(...)
O alemão deu prosseguimento à sua narrativa...
Disse que Maqueros era “a mais alta fortaleza da Ásia” e que fora edificada sobre “rochedos de basalto”. Suas muralhas eram de tal modo elevadas que as águias dificilmente atingiam suas torres.
Ao aproximar-se pela primeira vez de Maqueros, o estrangeiro só podia admirar-se com a colossal cidade “toda negra e soturna”... Por fora, ele não contemplaria mais do que isso. De modo algum podia imaginar o esplendor interno que ela ostentava, os “marfins, jaspes e alabastros”.
Herodes a planejara... A montanha escondia num subterrâneo o abrigo de suas duzentas éguas “brancas como leite”. Esses belos animais eram tratados “a bolos de mel”. Não se conheciam animais mais ligeiros.
Mais abaixo estava o cárcere do Batista.
(...)
Teodorico quis saber como o santo foi para na fortaleza...
Topsius esclareceu que Herodes Antipas conhecera Herodíade (sua sobrinha) em Roma. Ela era casada com Felipe (irmão de Herodes), que vivia na Itália no mais alto luxo e gozando da condição e apartado das questões políticas e intrigas palacianas.
Herodes ficou encantado pela beleza de Herodíade e a raptou, enviando-a para a Síria. Depois passou a viver em Maqueros. Evidentemente repudiou a própria esposa (uma “moabita nobre, filha do rei Aretas, que governava o deserto e as caravanas”).
A traição de Herodes repercutiu negativamente. Todos entenderam que ele vivia em pecado, em desacordo com as Leis de Deus. A Judeia inteira sabia o que estava acontecendo.
Herodes concluiu que só havia uma maneira de reverter sua impopularidade... Foi assim que resolveu que seus homens deviam trazer Iocanã ao palácio.
(...)
O Batista pregava às margens do Rio Jordão e era muito respeitado por todos os que o ouviam.
A ideia do tetrarca era a de agraciá-lo com o vinho e o conforto que suas instalações podiam proporcionar... Esperava que o profeta se manifestasse a respeito de sua relação adúltera de modo favorável e que o poupasse de críticas.
Ainda de acordo com Topsius, João Batista carecia de “originalidade”. É bem verdade que ninguém poderia suspeitar de seus propósitos em relação à ética religiosa... Mas, segundo o intelectual alemão, ele era um imitador de Elias. Sua conduta reproduzia o modo de ser do profeta do Antigo Testamento...
(...)
Elias vivia numa toca e se alimentava de gafanhotos...
Ele foi um exemplo de homem que se pautava pela fé no Deus verdadeiro e clamava “contra o incesto de Acabe” (rei que desposara Jezabel, adoradora de Baal e que punira muitos profetas que a denunciaram).
Leia: A Relíquia – Coleção “Biblioteca Universal”. Editora Três.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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