terça-feira, 8 de março de 2011

Filme: Quem tem medo de Virginia Woolf?

Indicação (14 anos)
Quem tem medo de Virginia Woolf? É o título de um filme que me atraiu porque imaginava ter algo a ver com a vida da escritora inglesa que se suicidou aos 59 anos, em 1941.

Assisti ao filme nesta “segundona de carnaval”. Trata-se de um preto& branco de 1966. O casal protagonista é vivido por Elisabeth Taylor e Richard Burton (na vida real eram casados também). O filme dirigido por Mike Nichols é uma adaptação de peça teatral de Edward Albee.

É um drama e tanto... A história se passa no meio da madrugada... O casal é formado por George (professor universitário de História) e Martha (ela é filha do -algo como- presidente da universidade onde o marido trabalha). O filme começa com a Lua cheia no alto... Duas da manhã... Uma música (essa que está no vídeo)... O casal acabara de sair de uma festa na casa do pai de Martha... Estão bêbados.

Em casa conversam em tom agressivo, resolvem beber ainda mais. Martha diz que receberão visita... O marido estranha, mas é convencido de que deve ser bom anfitrião, já que isso é recomendação da mulher... E do sogro patrão.

Chega o jovem casal formado por Nick e Honey. O rapaz também é professor (Biologia), empregado na universidade do pai de Martha.

Os quatro conversam e bebem... Brincam com a cantiga de Os Três Porquinhos (Quem tem medo do lobo mau?)... Durante a festa haviam cantado Quem tem medo de Virginia Woolf? É claro... Trata-se de um trocadilho... Wolf é lobo em inglês. A brincadeira tem a ver com as pesadas palavras e existência da polêmica Virginia Woolf... A escritora que refletiu sobre a passagem do tempo, sobre a perda de significância das vidas humanas e a condição da mulher...

Aos poucos os recém-chegados deixam de estranhar a agressividade dos anfitriões. O que mais chama a nossa atenção é o fato de Martha destratar o marido, que é taxado de fracassado, um sonso que sequer se comunica ou se diverte nas festas promovidas pelo pai dela. É claro que George tem orgulho próprio e, por dentro, está explodindo... Há uma cena em que ele deixa a sala onde a mulher fala muito mal dele... Ele volta com uma arma imensa, um rifle de cano largo... Todos olham desesperados, mas ao seu disparo abre-se uma sombrinha.

Mulheres para um lado, homens para o outro. Martha retira-se com Honey para um dos cômodos; George sai com Nick para o jardim. Conversam... Percebemos que George é um tipo inseguro, mas é vivido. Mente e consegue tirar de seu interlocutor uma série segredos, graças também ao estado de pouca sobriedade. George fala sobre situações do passado, quando um jovem adolescente teria matado a própria mãe, tornou-se desajeitado e desprezado pelos outros garotos de sua idade... Tempos depois teria provocado a morte do próprio pai ao tentar desviar o automóvel que dirigia de um porco espinho e chocar o veículo contra uma árvore.

As duas também estão de conversas...

O retorno para a sala é ainda mais degradante e agressivo. A conversa girou em torno de um filho que completaria 16 anos no dia seguinte e viria visitar os pais. Pelo menos essa foi a informação que Martha deu a Honey... Nick ficou surpreso porque não foi bem isso que tinha ouvido de George. Martha diz que o filho não ficou na casa por culpa de George... Ele, por sua vez, diz que a culpada foi ela, extremamente pegajosa em relação ao moço...

O que mais estava irritando George era Martha provocá-lo com excessos de elogios ao jovem Nick... Honey bebia desmedidamente, e tanto bebeu que, depois de ter sido girada várias vezes por George, vomitou... Depois do café feito por Martha para amenizar a situação da mocinha, o grupo retoma a bebedeira (eles interpretaram muito bem aquele deprimente estado)... George desata a falar sobre os segredos que ouviu do rapaz... Situações relativas ao ofício de pastor do pai de Honey... A moça demonstrou-se indignada.

Chega o momento de levarem o casal para casa, George dirige de modo temerário na escura estrada. De repente a mocinha, ao avistar uma “espelunca”, decide que quer dançar. Martha faz o marido parar o carro. O local é algo como um restaurante com palco, uma velha jukebox e uma “pista”... Dançam ousadamente Martha e Nick. George e Honey apenas observam... Nova discussão, e George agride fisicamente a sua esposa. Martha despacha George, diz que está rompido o laço que havia entre os dois... Ela pega o carro e embarca o jovem casal que já caminhava pela estrada e retorna para a sua casa... George se vê abandonado.

Martha provocara o marido dizendo que ele era um fracasso literário... Já que havia tentado publicar um romance sobre um garoto que havia sido responsável pela morte dos pais... O pai de Martha havia desestimulado George de tal empreitada.

George volta à casa. Vê o carro largado com o pisca funcionando, dentro dele está Honey... Logo conclui o que pode estar acontecendo na casa, que estava trancada e ele arrombou... Conversa com Honey que despertou do sono... E se retira novamente. Quando retorna, os dois casais passam a viver seus últimos dramas e catarses noturnas. Vemos que Martha é mesmo uma desequilibrada, mas todos vão demonstrando aos poucos suas neuroses... Ela destrata o jovem Nick... George chegou com flores... Diz que o “jogo” deveria prosseguir. O “jogo” nada mais era do que aqueles momentos tensos, de muita embriaguez e provocações... Ele começa a relatar que receberam um telegrama que afirmava que o filho não mais viria para celebrar o aniversário... É que ele morrera ao tentar desviar o automóvel de um porco espinho e chocara-se contra uma árvore... Martha se desespera... Está arrasada... O dia amanheceu... O casal Nick-Honey se despede... Martha diz que George não podia “matá-lo”... Está claro que viviam de ficções... Como a vida dos solitários é triste... Quem tem medo de Virginia Woolf? Eu tenho, diz Martha.


Um abraço,
Prof.Gilberto

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