segunda-feira, 30 de maio de 2011

Oscarito, o cômico das multidões

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/filme-treze-cadeiras-segunda-parte.html antes de ler esta postagem:

Para hoje estou deixando este vídeo de 1974, postado em youtube pelo canalmemoria, em homenagem ao grande Oscarito, protagonista de Treze Cadeiras, filme descrito neste blog... O nosso Chaplin, falecido em agosto de 1970...


Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 29 de maio de 2011

Filme: Treze Cadeiras - Segunda Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/filme-treze-cadeiras-primeira-parte.html antes de ler esta postagem.


Na alta madrugada, Bonifácio segue para a boate onde Ivone trabalha... Na verdade ele não sabe que ela é dançarina no lugar. Seu ofício não era dos mais apreciados pelas tradicionais e endinheiradas famílias, é por isso que ela não revelou tudo sobre si ao potencial milionário. Esse esclarecimento é necessário porque a cena na boate é exemplar... Embriagado, e não sabendo onde encontrar a moça no ambiente, Bonifácio sai trombando vários clientes acomodados em suas mesas, causando um transtorno terrível. Enquanto isso, Ivone está se apresentando no palco. Ao reconhecê-la, entra em cena e a confusão aumenta. O público local se diverte porque uma sucessão de trapalhadas ocorre no palco. O desfecho da cena é a entrada desesperada de Bonifácio no camarim de Ivone. Ele consegue deixar os papéis picotados, mas está sendo perseguido pela gerência do lugar porque causou um prejuízo tremendo à casa. Bonifácio está capturado e deve ser encaminhado à delegacia, mas Ivone (depois de juntar os papéis e saber da boa notícia) intervém em seu favor.


Ivone se compromete a arcar com os prejuízos e demonstra interesse por Bonifácio. Mas ela fica desapontada ao saber que as cadeiras já não estão em seu poder. A situação se complicou quando, no dia seguinte, a dupla ficou sabendo que as cadeiras já não estavam na loja em frente à mansão. Elas foram parar em uma casa de penhores (ou coisa parecida). Imediatamente seguem para o local, mas ficam sabendo que restam apenas três (as demais já haviam sido compradas). Ivone paga pelas três, mas um mandato judicial impede que as três cadeiras sejam levadas... O estabelecimento está sendo liquidado... Os dois procuram, então, saber do paradeiro das outras dez cadeiras. Decidem recuperá-las a todo custo.
Temos uma sequência muito interessante. Para entrar em contato com as cadeiras, os dois se metem em situações encrencadas. Passam por uma butique de roupas finas (na imagem colada ao lado), por um show de mágicas, por uma discussão entre um casal de velhos, por um consultório ginecológico... São várias ocasiões engraçadas em que acabam chegando ao objeto de desejo, abrindo o assento e verificando se em meio à palha está o cobiçado dinheiro. Sem sucesso, percebem que o dinheiro só poderia estar em uma das Três cadeiras que foram a leilão. É claro que decidiram participar... Mas são tão enrolados que os dois fazem ofertas umas mais altas que a do outro. O pior é que participaram da disputa de um lote que não era o das cadeiras, e sim de uma escultura! Mais uma vez tiveram de persegui-las.


Nessa parte final vão parar no morro em que uma escola de samba faz homenagem à rainha do samba... Seu trono é exatamente uma das cadeiras. Muito engraçado ver Oscarito se apresentando como repórter gringo para cobrir o evento e tentando descobrir o dinheiro “por baixo” da cadeira... A penúltima cadeira estava em uma casa localizada em uma rua de habitações muito semelhantes... Enquanto Bonifácio se dirige a uma casa que está pegando fogo ( e acaba salvando um cãozinho), Ivone foi à casa em que a cadeira estava e descobriu que não era a “recheada”. Como não poderia deixar de ser, o dinheiro estava na última cadeira, que foi instalada em um escritório. Elaboraram um plano que levaria Ivone a atirar a cadeira pela janela... Bonifácio estava muito maltrapilho devido à sua última aventura... Sentindo-se perseguido, retira-se do local, mas Ivone cumpriu sua parte. Porém, no exato momento, havia um caminhão estacionado bem no local onde a cadeira foi atirada... O caminhão estava mesmo recolhendo donativos para um orfanato... Os dois se separam... Ivone sentia que perdera muito dinheiro com Bonifácio... Este, por sua vez, seguiu faminto e sem destino pelas ruas da antiga capital.

Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/oscarito-o-comico-das-multidoes.html
Indicação (14 anos)

Um abraço,
Prof.Gilberto

Filme: Treze Cadeiras - Primeira Parte

O filme nacional Treze Cadeiras é de 1957 e traz no elenco Oscarito, Renata Fronzi e Zé Trindade, entre outros. A produção é da “lendária” Atlântida e a direção coube a Francisco Eichlord.O filme permite-nos contemplar o Rio de Janeiro em seus últimos dias de capital da República. Essa possibilidade já vale a locação...


O enredo se inspira em texto russo, mas ficou bem adaptado ao nosso país. Oscarito foi um gênio da comédia nacional e está magnífico no papel de Bonifácio, um simples barbeiro do interior que fica vislumbrado ao saber que herdou (de uma tia) valiosa e grandiosa mansão na cidade grande.
Ocorre que ao chegar ao imenso prédio fica sabendo que ele não lhe pertence, já que a tia doou o imóvel a uma instituição de caridade. Bonifácio tem de se contentar com treze cadeiras, os bens mais valiosos que herdou. Ele deveria retirá-las imediatamente do prédio...


Sua sorte é que do outro lado da rua há uma loja que compra e vende móveis usados. O proprietário é Zé Trindade e a mulher. Este casal é uma comédia à parte, dado que Zé Trindade é muito engraçado e faz o papel de um tipo dominado pela esposa, que é quem de fato manda nos negócios.
Bonifácio consegue deixar as cadeiras, mas o que consegue por elas é bem pouco. Arranjou um adiantamento e saiu com Ivone (Renata Fronzi), dançarina em uma boate. Os dois haviam se conhecido há pouco tempo e a moça imaginava que Bonifácio tratava-se de um bom partido, mas ao perceber que ele permanecerá pobre “como sempre”, deixa-o largado à própria sorte... Bonifácio, então compra uma aguardente com o pouco que tem nos bolsos e afoga as mágoas.


Completamente embriagado, retorna à mansão onde passará a noite. Muito legais são os trechos em que ele conversa com o retrato da tia (antes de saber que não estava milionário, rasgou elogios e agradecimentos à tia... depois despejou injúrias e ofensas diversas). A falecida dá piscadelas e muda a fisionomia no retrato... Um envelope na parte de traz revela que ela deixou o retrato para o sobrinho.
Bonifácio quase tem um ataque... Seu estado deplorável leva-o a picotar o papel. Totalmente zonzo, nota que em um dos retalhos do papel consta referência a uma exorbitante quantia. Bonifácio, então, trata de montar o quebra-cabeça que o bilhete se tornou. Só então fica sabendo que no estofado de uma das cadeiras herdadas está a dinheirama toda.

Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/filme-treze-cadeiras-segunda-parte.html
Indicação (14 anos)

Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Produção de texto, temática tempo & trabalho, análise de imagens

Segue o texto que elaborei para responder a questão que foi exposta em   http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/exercicio-analise-de-imagens-producao.html:


As imagens nos fazem pensar em, pelo menos, três “atmosferas”. A primeira delas é exatamente a do momento em que tais obras foram edificadas. A segunda é a que evoca a existência dos seres humanos que tomam (ou podem tomar) contato com elas, quer dizer, quem são, como vivem, quais as relações que mantêm com as edificações, e assim por diante. Há o quadro, que também pode nos sugerir essas análises. A terceira “atmosfera” é a da imponência das edificações, o modo como elas documentam um passado e, ao mesmo tempo, deixam as marcas no presente, no agora. Além disso, notamos o seu entorno e percebemos se elas estão mais envolvidas por outras edificações, assim ajudando a compor um “todo”, ou se estão mais isoladas, sendo, dessa maneira, o “todo”.


As imagens lembram-nos os seres humanos. O que pretendem ao erigirem tais edificações? De que modo estão organizados? Qual seria a hierarquia das suas prioridades? As edificações demandaram um esforço nelas concentradas. Há uma “certeza” de que os homens e mulheres que tiveram (ou que têm) contato com as edificações não sobrevivem a elas, enquanto que elas permanecem, embora não sejam “elementos naturais”, vão se constituindo elementos da natureza por tempos de longuíssimas durações. Para os que as contemplam também fica a sensação de um “pertencimento”, não ajudei na elaboração de nenhuma das igrejas, dos vitrais ou das torres, mas elas não me são estranhas. É quase o que ocorre em relação à cidade em que vivo, apenas existo e nela me locomovo, acesso a determinadas paragens e faço uso de seu sistema de transportes, tudo isso de modo “natural”, assim vou também fazendo parte daquilo que a cidade é.


O que chama a atenção na série de “fotogramas”, dispostos de modo seqüencial, é a referência ao tempo, à sua passagem e aos eventuais registros que devem ter a ver com o produto das atividades humanas, seus negócios. Percebemos pastas que servem para arquivar notas (?), o relógio e o calendário... Fazendo parte da seleção de imagens, os 
“fotogramas” nos inquietam também porque há   alguns que registram certos detalhes, como frestas, fachadas, janelas que nos remetem à imaginação sobre o que é o outro lado... Quer dizer, são detalhes tão pequenos que fazem parte do cotidiano das pessoas que eles são “quase inexistentes, ou invisíveis”. A imagem que vem imediatamente a seguir é a de um ser humano posicionado no interior (?) de uma construção tão imponente, que dessa feita é o rapaz que nos passa despercebido, tornando-se um “quase inexistente, ou invisível”.

Fazer referência ao momento em que foram edificadas, é pensar na relação que os homens e mulheres mantinham com o seu tempo, como o dividiam, contavam, enfim, como se apropriavam dele. A imagem do relógio nos remete a um momento em que os fenômenos naturais contavam muito para a divisão do tempo. A marcação de passagem do tempo, ali, é natural. A leitura dos textos leva-nos a concluir que “o tempo ficou mais curto” para aqueles que têm interesses na produção em maiores quantidades na mais curta duração de tempo possíveis (se bem que a lógica do capitalismo atual não é mais essa, já que os lucros das grandes empresas crescem a cada dia independentemente do total produzido). É o chamado “time is money”. E os senhores do capital acabam se tornando, também, senhores do tempo, já que são eles que impõem os ritmos de produção e, por conseguinte, os ritmos de vida. As sociedades já foram rurais. A Revolução Industrial transformou essa situação. São Paulo não nasceu aquilo que é representado na fotografia noturna. A edificação que oficialmente marca o nascimento da cidade é bem simples e certamente a “lentidão” do tempo está ali, ainda que em seu entorno os arranha céus, o movimento do tráfego e o ensurdecedor barulho insistam em sufocá-la.




É quase o que ocorre em relação à cidade em que vivo, apenas existo e nela me locomovo, acesso a determinadas paragens e faço uso de seu sistema de transportes, tudo isso de modo “natural”, assim vou também fazendo parte daquilo que a cidade é.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Exercício - análise de imagens, produção de texto, temática tempo & trabalho

Em certa ocasião (fins de 2007) produzi um texto que foi resultado da proposta aqui apresentada. A sugestão foi da professora Marili Bassini, do Módulo Trabalho e Cidadania, do curso Cidadania e Cultura promovido pela UNICAMP para professores da Rede Estadual. Por hoje deixo algumas imagens e a questão proposta:


Compare as imagens e analise o fragmento de texto (Tempo e Trabalho) e estabeleça semelhanças e diferenças do trabalho em relação à marcação do tempo. (Uma lauda).

www.people.ku.edu/ ~asnow/images/westview.jpg
















http://www.diegomanuel.com.ar/surrealista/surrealista2/la-fabrica.jpg




















Vitral da Igreja de Notre-Dame
Torre de Saint-Jacques

ancre.chez.tiscali.fr/st-j-de-c/t-st-j.jpeg




www.livingcovenant.com/PhotoSection/Brazil%20Photos/Sao%20Paulo%20City.jpg

Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Joseph-Etienne Roulin

Esta reprodução do Caderno de Desenho (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/02/caderno-de-desenho.htmlé baseada em Joseph-Etienne Roulin, de Van Gogh.
Não está bom... Mas as agressivas pinceladas de Van Gogh atraem tanto, que é natural querermos homenageá-lo reproduzindo algo de suas telas.
Foi desenhado em 24 de dezembro de 2004.
Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 24 de maio de 2011

Brecht

Em consideração às dúvidas que apareceram sobre a postagem de O judeu, uma desgraça para o povo, é preciso esclarecer:
Os poemas de Brecht aqui postados retratam os horrores da perseguição aos judeus e o desespero de mães que tiveram os filhos recrutados para as tropas especiais de Hitler. Achei pertinente deixar O judeu, uma desgraça para o povo porque recentemente escrevi sobre O Menino do Pijama Listrado... Acho que é mais um material interessante para os estudos dos temas.
Brecht foi um importante dramaturgo e poeta alemão. Sua existência é datada entre 1898 e 1956. Podemos dizer, sem riscos de cometer erros, que Brecht viveu os tempos mais conturbados do século passado. Para justificarmos, basta lembrar que a Primeira Guerra Mundial teve início dezesseis anos após o seu nascimento e que Brecht sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e às perseguições nazistas, tendo morrido nove anos depois do final dos conflitos, tempo suficiente para vivenciar os primeiros anos do que Eric Hobsbawm chama de Terceira Guerra Mundial – a Guerra Fria.
Brecht era judeu, só esse detalhe já esclarece a perseguição que sofreu do Regime de Hitler. Exilou-se na Escandinávia e nos Estados Unidos. Comunista, também foi duramente perseguido neste país. Só mais tarde é que recebe o convite para trabalhar na Alemanha Oriental (extinta após a reunificação da Alemanha) em setores da cultura, onde incentivou o teatro e organizou sua obra questionadora e incentivadora da participação política.



Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Poema de Brecht , "O Judeu, uma desgraça para o povo"


Este poema de Brecht também foi extraído  da coletânea organizada por Paulo Cezar Souza(já havia registrado aqui o Cantar de Mãe Alemã em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/09/cantar-de-mae-alema-bertold-brecht.html). Já faz algum tempo que não o utilizo em sala de aulas, mas considero um material muito bom.
O poema é de inteligente ironia, não é à toa que “O judeu, uma desgraça para o povo” faz parte de uma seleção de textos conhecida como “Sátiras alemãs” no livro colado aí ao lado. Nesse poema podemos perceber o esquema de propaganda do Nazismo (o Regime, como é tratado no poema), fica evidente a distribuição de “cartilhas” que esclareciam aos alemães como poderiam identificar um judeu em seu meio.



Poema de Brecht, O judeu, uma desgraça para o povo, extraído de Brecht poemas: 1913-1956, seleção de Paulo Cezar Souza.

“O judeu, uma desgraça para o povo”
Como informam os alto-falantes do Regime
Em nosso país os judeus são culpados por todas as desgraças.
Sendo a liderança muito sábia
Como sempre enfatizou
As irregularidades, cada vez mais freqüentes
Podem vir apenas dos judeus, cada vez em menor número.
Somente os judeus são culpados pela fome que o povo tem
Apesar de os grandes proprietários de terras se matarem de
trabalhar nos campos
E apesar dos industriais do Ruhr comerem apenas as migalhas das
mesas dos trabalhadores.
E somente o judeu pode estar por trás, quando
Falta o trigo para o pão porque
Os militares tomaram tantas terras
Para suas casernas e seus locais de treinamento, que
A sua extensão é igual à de uma província. Portanto
Sendo o judeu uma desgraça para o povo
Não deve ser difícil para o povo
Reconhecer um judeu. Para isso não precisa de
Registros de nascimento ou sinais exteriores -
Pois tudo isso pode enganar -, precisa apenas perguntar:
Este ou aquele homem é uma desgraça para nós? Então é um
judeu. Uma desgraça não se reconhece
Pelo nariz, mas pelo fato
De nos prejudicar. A desgraça não são os narizes
São os atos. Não é necessário
Ter um nariz diferente
Para espoliar o povo, é necessário apenas
Pertencer ao Regime! Todos sabem
Que o Regime é uma desgraça para o povo, logo
Se todas as desgraças vêm dos judeus, o Regime
Só pode vir dos judeus. Mas é evidente!

Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 21 de maio de 2011

Filme: O Menino do Pijama Listrado

Depois de tanto tratar de O Menino do Pijama Listrado (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/o-menino-do-pijama-listrado-de-john.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/o-menino-do-pijama-listrado-de-john_21.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/o-menino-do-pijama-listrado-de-john_8078.html), deixo aqui o trailer do filme... É como eu havia escrito anteriormente, há poucas alterações em relação ao texto... Uma delas aparece aí na troca de informação sobre as idades dos garotos (no livro eles se conhecem aos nove anos).

De qualquer maneira está aí... Filme de Mark Herman inspirado no livro de John Boyne.
Indicação (12 anos)

Um abraço,
Prof.Gilberto

O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne - Terceira Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/o-menino-do-pijama-listrado-de-john_21.html antes de ler esta postagem:

Há também o episódio do aniversário de pai de Bruno... Não é que o tenente Kotler trouxe o pequeno Shmuel para a casa de Bruno para fazer o polimento das taças de cristal com seus magros dedinhos? As duas crianças se encontraram e Bruno acabou oferecendo comida para o amigo... O tenente ficou furioso ao perceber que o judeu havia comido. Bruno se viu pressionado a dizer que não conhecia o menino, assim, Shmuel só poderia ter furtado a geladeira... Shmuel foi duramente castigado no Campo de Concentração... Mas o jantar de aniversário de Ralf (o pai de Bruno) também foi constrangedor para Kotler. É que este deixou escapar que os pais seguiram para a Suíça... O nacionalista Ralf não “engoliu” as explicações do subalterno... Não é por acaso que pouco tempo depois o tenente teve de deixar Haja Vista (para o desencanto de Gretel e da própria mãe).
A punição que Shmuel sofreu por ter “afanado” a geladeira de Bruno foi exemplar. O garoto apanhou tanto que ficou alguns dias sem chegar à cerca onde se encontrava com o amigo. Bruno, por sua vez ficou bastante amargurado por ser tão limitado a ponto de não poder interceder em favor do amigo.

Devemos saber que os derradeiros momentos da guerra são de desespero para o Fúria, já que a derrota era iminente e, num ato de fanatismo intolerante, apelou para a Solução Final. Para os prisioneiros dos campos de concentração equivaleria a morte em câmeras de gás. O pai de Bruno, ao que tudo indica, comunica a esposa sobre as mais recentes “manobras”... Ela se desespera e, em discussão com o marido, decide que o melhor é partir para Berlim, já que Haja Vista se tornaria “imprópria para crianças”. Ralf reluta e consulta as crianças, mas a decisão é a de que elas (já tão acostumadas ao ambiente) devem partir com a mãe. As crianças estavam com piolhos e o pai raspou a cabeça de Bruno para cuidar da higiene do garoto.
Então temos os atos finais... Dias de chuva se sucedem... Bruno quer rever o amigo para se despedir... O encontro é triste porque Shmuel explica que o pai desapareceu... Os dois combinam que no dia seguinte estarão juntos e poderão brincar, bastando para isso que Shmuel arranjasse um “pijama” para o amigo poder se disfarçar do outro lado da cerca. Com a cabeça raspada isso não foi difícil. Fiéis que eram um ao outro, eles se encontram conforme o combinado. Shmuel levanta a cerca e Bruno passa ao outro lado devidamente paramentado (ele se recorda das apresentações em que a avó o fantasiava dos mais diversos personagens...). Os meninos estão juntos e “brincam” de procurar o pai de Shmuel... É claro que não o encontram... Os soldados alemães organizam uma nova leva de judeus a serem encaminhados à câmara... Os dois meninos seguem no meio da massa, pensam que estão “marchando”. De fato, era a “marcha para a morte”... Chovia e quando os soldados conduziram os condenados à instalação fechada, Bruno ainda imaginou ingenuamente que estavam sendo instalados ali para se protegerem da chuva... De mãos dadas, os dois pequenos não são enxergados, apenas estão diluídos no meio de “iguais” que têm seus momentos derradeiros...


 Leia: O Menino do Pijama Listrado. Cia. Das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne - Segunda Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/o-menino-do-pijama-listrado-de-john.html antes de ler esta postagem:


Bruno tornou-se solitário. O que mais gostaria de fazer era brincar com outras crianças e explorar coisas e lugares, mas isso não lhe seria permitido... Curioso como era, não demorou a notar, de sua janela, a existência de uma enorme cerca a certa distância, e que do outro lado havia muita gente que usava roupas que lembram um pijama listrado em tons acinzentados. Em seu raciocínio, o garoto imaginava o que podia ser o “outro lado”, o que as pessoas faziam por lá, se haveria crianças, se estavam sempre tranquilos a ponto de nunca precisarem trocar a roupa de dormir... Seus pensamentos eram muito fantasiosos, bem próprios de uma criança a quem não fazem questão de esclarecer o mundo em que ela vive.
Em Haja Vista, Bruno pensava na avó paterna, Nathalie, uma apreciadora das artes, que cantava e tocava piano muito bem, e gostava de organizar apresentações em que ele e Gretel encenavam e declamavam à família em ocasiões como o natal... A avó nunca aceitou o envolvimento do filho com o Nazismo. Neste ponto ela discordava do marido Matthias, que apoiava Ralf, o partido e o Fúria.


Mas, de toda a narrativa, o que nos interessa mesmo é o encontro de Bruno com Shmuel. O alemão caminhou por longas horas perseguindo a cerca sem encontrar o seu fim... Mas ao longe avistou um ponto que se tornou uma mancha que virou um vulto... Uma pessoa... O menino. Os dois conversam sobre os seus “mundos”. O leitor pode aprender, através das palavras de Shmuel, sobre o que foram as leis antissemitas... As palavras singelas de Shmuel mostram como a família teve de se adaptar às mudanças e exigências impostas. Bruno fica sabendo pelo amigo que estavam na Polônia, e não na Alemanha, como pensava... Bruno mostra que tem orgulho de seu pai e de seu ofício, Shmuel mostra que não conhece soldado que seja bom... Ao descrever sua passagem pelo gueto em que foram obrigados a viver, Shmuel deixa Bruno perplexo, já que sua vida sempre foi muito confortável, nada comparável a viver em um quarto com mais de dez pessoas apinhadas... As duas crianças se encontrarão com frequência, sempre que Bruno consegue realizar suas caminhadas até o mesmo ponto da cerca.
Bruno sente que alguma coisa está errada, já que nota o amigo mais frágil a cada encontro... Leva frutas e outros lanches a Shmuel. Vira as agressões do tenente Kotler contra Pavel... E de longe, já havia percebido a violência dos soldados contra os de pijama, portanto ao ver Shmuel com o rosto espancado sentiu-se constrangido. Apesar dos dissabores, os amigos planejavam um dia brincarem juntos.
No percurso... A avó de Bruno faleceu e a família retornou à antiga casa em Berlim... Bruno percebia que seu passado estava desvinculado de seus sentimentos mais recentes... Sequer se lembrava os nomes dos amigos de escola... Em Haja Vista tinha aulas com Herr Liszt, que buscava incutir-lhe a História da Alemanha e o seu “futuro glorioso”... É claro que essas ideias eram compartilhadas e endossadas pelo pai... Gretel as assumia e mostrava interesse pelo desenrolar da guerra, registrando-o em mapas (colados em seu quarto) com pinos coloridos.


Leia: O Menino do Pijama Listrado. Cia. Das Letras.
Há uma terceira parte. Até lá.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/05/o-menino-do-pijama-listrado-de-john_8078.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

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