sábado, 29 de setembro de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – Série Reencontro – encontro de Augusto com as quatro que queriam desmoralizá-lo; compareceram à gruta para “buscar lã e saíram tosquiadas”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_27.html antes de ler esta postagem:

Aconteceu que Augusto despertou de seu sono agitado. Bem podemos compreender os motivos depois de "ouvirmos" a conversa que as moças acabaram de ter no gabinete feminino... O rapaz foi à procura de um lenço para se secar e encontrou o bilhete no bolso de sua jaqueta... Leu e quis adivinhar quem seria sua incógnita... Surpresa maior ele teve ao notar que no outro bolso havia mais um bilhete. Neste ele leu:
Senhor,
Uma moça, que nem é bonita nem namorada, mas que quer interessar-se por vós, entende dever prevenir-vos que no banco de relva da gruta não achareis, ao amanhecer, uma incógnita, porém quatro conhecidas, que pretendem zombar de vós, porque esta mesma noite jurastes amar a cada uma delas em particular. Não procureis adivinhar quem vos escreve, porque, apesar de vossa amiga, será, por agora,
Uma incógnita
Sabemos muito bem quem escreveu este último bilhete... Augusto ficou pensando sobre o que faria... Logo o dia amanheceu, então seguiu para a gruta... Ao perceberem a sua chegada, as quatro levantaram-se... Ele quis mostrar-se solícito ao convite e disse que beberia um pouco da água. Enquanto isso as moças confabularam sobre quem iniciaria a desmoralização do rapaz... Augusto ouviu a conversa cochichada das moças e, ao retornar à presença delas, começou a falar que “ao beber daquela água, cuja fonte é encantada, adivinhou vários segredos"... Então se dispôs a começar a falar, mas apresentou-se como vítima perante aquelas que não reconheciam um “coração amante”... Decidiu que falaria em particular a cada uma, mas nenhuma delas se mostrou preparada para iniciar um colóquio que se apresentava misterioso.
Augusto solicitou que Gabriela se afastasse com ele. Ele a conduziu para perto da fonte e sentenciou que, para ela, o amor não existe... Ele a fez refletir sobre sua conduta, pois o condenava por jurar amor a quatro moças, enquanto ela correspondia (através de cartas) aos galanteios de cinco rapazes... Então Augusto provou que sabia de seus procedimentos falando sobre o episódio (ele conhecia porque ouviu enquanto esteve escondido debaixo da cama em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_1569.html) da vendedora de empadas que trocou as correspondências que ela enviara para Joãozinho e para Juca... A carta de Joãozinho, inclusive, estava em seu poder... A moça não conseguiu acreditar e procurou o papel em sua bolsa, constatando que Augusto possuía um trunfo... Solicitou-a de volta, mas ele disse que só a teria depois de retornarem à corte.
Depois ele convidou Quinquina até a fonte... Disse saber que ela tinha um namoro com um tenente da Guarda Nacional chamado Gusmão... Acontece que Augusto sabia que Joaquina havia dançado com um velho militar, de quem recebeu um cravo... A flor era desejada por um tipo atraente de nome Lúcio... O escravo Tobias deveria entregar a flor ao jovem, que seria conhecido ao dizer a senha “sete botões”... Mas o cravo estava nas mãos de Augusto por obra de “sua fada” (O texto original relata detalhadamente a situação). Quinquina disse que não reconhecia a flor, mas logo mudou de ideia ao ouvir de seu vingador que a usaria na lapela... A moça implorou perdão e pediu a flor de volta, mas ouviu que só a teria na hora da partida para a corte.
Na vez de Clementina, Augusto fez referencia à madeixa de seus cabelos que deveria ser deixada junto à roseira do jardim para Filipe... Pois a mecha estava em poder de Augusto, que dizia que o assunto devia ser do interesse de dona Ana (avó de Filipe e anfitriã de todos ali)... A moça não tardou a entender que o rapaz havia vencido também a batalha contra ela e retirou-se.
Depois que Clementina deixou a gruta, foi a vez de Joaninha ouvir o que Augusto tinha a dizer... Obviamente ele conhecia vários detalhes da moça, pois lhe haviam sido narrados por Fabrício (que pedira o favor a ele em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo.html) e foi despachando tudo o que sabia em relação às exigências da moça e seu ciúme todo... Joaninha ficou surpresa com o que ouviu e quis saber como seria possível... Augusto disse que "uma fada contou para ele" aqueles segredos... Mas Joaninha percebeu que havia sido traída por Fabrício... Augusto falou por fim que a fada aconselhava a mocinha a desprezar o infiel a quem devotava amor... Joaninha saiu da gruta agradecendo o encontro e os conselhos que recebera de Augusto.
Sozinho e aliviado depois do encontro com as garotas, Augusto riu e, satisfeito, disse em voz alta que as moças “vieram buscar lã e saíram tosquiadas!”
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

“O Queijo e os Vermes”, de Carlo Ginzburg – Ziannuto tenta defender o pai; opinião de Menocchio sobre missas e esmolas em honra aos mortos; o moleiro se dispõe a falar muito

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/o-queijo-e-os-vermes-de-carlo-ginzburg_26.html antes de ler esta postagem:

Ziannuto, o filho de Menocchio, continuou buscando alternativas para livrá-lo dos problemas com o Santo Ofício. O moço procurou Trappola, um advogado de Portogruaro. Além disso, dirigiu-se a Serravalle para falar pessoalmente com o inquisidor. Em Montereale conseguiu uma declaração da prefeitura sobre seus bons antecedentes... O documento dava conta de que as autoridades receberiam, caso desejassem, comprovações sobre a “vida exemplar” de Menocchio em Montereale (confessava e comungava todo ano; havia sido magistrado e administrador de cinco vilas; fora administrador da paróquia de Montereale e coletor de dízimos...).
Ziannuto considerava o pároco de Montereale o delator de Menocchio... Com os irmãos, pressionou-o a redigir uma carta ao prisioneiro com as orientações para que pudesse se livrar do transtorno que enfrentava... A carta indicava a Menocchio a necessidade de prometer “obediência à Santa Igreja”, além de aceitar que não acreditava nas coisas que andava falando... Devia deixar claro que viveria de acordo com os mandamentos da Igreja... Que perderia a vida pelo amor de Deus e da Igreja, pois “devia a vida e tudo o que há de bom à Santa Mãe Igreja”.
Menocchio pensou que a carta e seu conteúdo fossem de Domenego Femenussa, um mercador de lã que o socorria com eventuais empréstimos. Ginszburg registra que ao fim do primeiro interrogatório, o moleiro disse ao vigário-geral que não confirmava ou desmentia o que dissera, e nem sabia se proferia as palavras por inspiração de Deus ou do demônio... Pedia misericórdia e dizia que faria o que lhe ensinassem... Quer dizer, queria ser perdoado, mas não renegava.
Os interrogatórios dos dias 7, 16, 22 de fevereiro, e de 8 de março de 1584 foram longos e, diante do vigário Maro, Menocchio manteve-se firme. Foram apresentadas denúncias sobre a sua incredulidade em relação ao papa e à doutrina da Igreja... O moleiro respondeu que Deus poderia matá-lo se aquilo fosse verdade... Dos depoimentos de Guiliano Stefanut, extraiu-se que Menocchio desprezava as missas aos mortos... Em relação a isso, ele tinha a dizer que as pessoas deviam fazer o bem enquanto vivas porque, depois da morte, Deus decidia tudo em relação às almas. Disse ainda que orações e esmolas em honra dos mortos eram devidas mais por causa do amor que se tem a Deus, que afinal é Quem decide receber as obras “em benefício dos vivos ou mortos”. Ginzburg alerta que essa defesa de Menocchio o complicava porque contrariava os ensinamentos católicos sobre o Purgatório... Mas ele não conseguia se controlar e falava o máximo que podia em defesa própria, sem se importar com os conselhos para “falar pouco”.
Ao final do mês de abril, Menocchio foi levado ao palácio do magistrado em Portogruaro... Ali deveria confirmar os depoimentos prestados até então... É que os casos investigados e julgados pelo Santo Ofício deviam contar com a presença de um magistrado secular (não religioso), pois essa era uma norma da República Veneziana... Assim, o frei Felice da Montefalco (inquisidor de Aquileia e Concordia) permitiu a oitiva (Ginzburg explica que o conflito entre as autoridades eclesiásticas e seculares era antigo na região)... Pode ser que, por essa ocasião, Trappola (o advogado) tenha tido algum acesso para defender o acusado.
As autoridades sabiam, por depoimento de Francesco Fasseta, que Menocchio estava disposto a "falar muito" se não sofresse nenhum tipo de ameaça... Falaria sobre suas ideias ao papa ou a qualquer rei e, se depois de tudo o matassem, morreria satisfeito. Ginzburg registra que ele foi perguntado sobre isso. Ele confirmou.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/o-queijo-e-os-vermes-de-carlo-ginzburg.html
Leia: O Queijo e os Vermes. Companhia das Letras.
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Prof.Gilberto

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – Série Reencontro – As moças se revoltam contra Augusto e preparam-lhe uma vingança.

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_24.html antes de ler esta postagem:

A quantidade de pessoas aumentou durante o sarau... E elas se engajaram nos passeios e conversas animadas... Tomaram chá, comeram bolos, biscoitos e doces... As moças exibiam vestidos bonitos e penteados bem feitos... Esmeravam-se no vestir e, assim, chamavam atenção o mais que podiam.
Porém a atração era Carolina que, com sua simplicidade, atraía os olhares para suas tranças caídas ao ombro e para o seu vestido branco... Fabrício e Leopoldo conversavam sobre ela. O primeiro estava simplesmente encantado com a donzela, mas não teria chance de dançar a quadrilha com a Moreninha porque ela já havia se comprometido para doze danças seguidas... Os rapazes viram Augusto conversando com ela e resolveram se aproximar também. Observaram que ela acabara de conceder ao felizardo a “terceira quadrilha”... Fabrício protestou e Carolina respondeu que já havia prometido a dança a Augusto na véspera... O improviso foi bem entendido e Augusto confirmou...
A sós com Augusto, Carolina disse que não queria dançar com Fabrício porque este lhe dizia “coisas de amor”... Ela não queria saber disso... Augusto aproveitou a “deixa” e também se revelou dizendo que, sendo assim, temia “ser réu, como Fabrício”... Carolina então falou que ele não precisaria temer, já que bastava não dizer as mesmas coisas... A isso Augusto respondeu que estaria mentindo se não dissesse... Carolina quis saber o motivo e ele falou que ela era um “anjo... e uma tentação”. Neste ponto, a Moreninha dispensou-o dizendo que também ele acabava de perder a contradança. Foi graças à intervenção de dona Ana que Augusto conseguiu fazer par com Carolina... Em protesto, ela não aceitou passear com ele.
O sarau terminou e, por volta das 4 da manhã, as quatro moças (Joaquina, Gabriela, Clementina e Joaninha, as mesmas da ocasião em que o rapaz teve de se esconder debaixo da cama) retiraram-se para o gabinete feminino, onde conversaram sobre as festas, e sobre Augusto... Quinquina quis saber de sua irmã se o rapaz havia lhe feito uma declaração de amor... A outra confirmou, e destacou que ele elogiou muito os seus negros olhos. Quinquina ficou sem entender e disse que ela mesma recebeu elogios de Augusto sobre sua beleza... Clementina deu prosseguimento às queixas, revelando que o rapaz dissera a ela que a amava de paixão e que sua esperança era conquistá-la. E não é que também Gabriela tinha algo a dizer? Ela se mostrou indignada porque ele disse que a amava de modo apaixonado.
As moças não se conformaram como Augusto poderia ter sido tão abusado mostrando-se sincero para cada uma ao mesmo tempo em que enganava a todas... “Insolente, atrevido, abominável...” é o que tinham a dizer sobre ele. Mas decidiram que o caso merecia uma vingança. E o melhor que pensaram foi um bilhete anônimo marcando um encontro na gruta tão logo o dia se iniciasse... Coube a Clementina escrever:
Senhor,
Uma jovem que vos ama, e que de vós escutou palavras de ternura, tem um segredo a confiar-vos. Ao raiar da aurora a encontrareis no banco de relva da gruta; sede circunspecto e vereis a quem, por meia hora ainda, quer ser apenas,
Uma incógnita
Quando estavam para se retirar, ouviram um suspiro ao fundo do gabinete... Era a bela Carolina que dormia numa cadeira de braços... As primas amigas aproximaram-se para beijá-la... Isso a despertou...
Quanto ao bilhete... Graças a Quinquina, ele acabou chegando até a jaqueta de Augusto.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_29.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
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Prof.Gilberto

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

“O Queijo e os Vermes”, de Carlo Ginzburg – a cosmogonia de Menocchio

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/o-queijo-e-os-vermes-de-carlo-ginzburg_23.html antes de ler esta postagem:

Menocchio falou... Poderia falar o mínimo possível, mas não se conteve...
Sobre suas dúvidas em relação à virgindade de Maria, disse que não forçou ninguém a acreditar em suas palavras... Como alguém que mostra que procurou ensinar aos outros, tal qual professor de doutrina e comportamento, o moleiro disse que convencia as pessoas tentarem fazer o bem e seguir o que a Santa Madre Igreja ordena... Explicou que essas palavras eram ditas quando perguntava às pessoas se queriam que ele ensinasse a “verdadeira estrada”... Sobre as heresias, Menocchio disse que eram palavras que surgiam-lhe como tentações do maligno, que o instigava a dizê-las aos demais...
Ele ainda falou sobre a sua cosmogonia, da qual muita gente (inclusive do Santo Ofício) já ouvira comentários... Explicou aos interrogadores que no início tudo era um caos (terra, ar, fogo e água estavam agrupados), havia um só volume em constante movimento... E se tornou massa... Então ele passou a explicar com o exemplo do queijo que “é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos”... Numa complicada fórmula, Menocchio procurou justificar que do caos surgiram os anjos e de entre eles, Deus... Este havia sido criado daquela massa, e se tornou um senhor de quatro capitães (que também surgiram do caos): Lúcifer, Miguel, Gabriel e Rafael... Seguiu explicando que da insubordinação de Lúcifer, querendo fazer-se senhor e equiparando-se “ao rei”, ocorreu sua expulsão do céu... E Lúcifer partiu com seguidores em sua companhia. Na sequência, Menocchio falou ainda que Deus criou Adão, Eva e grande quantidade de pessoas para que ocupassem os lugares desocupados devido à expulsão de Lúcifer e sua legião... Esse povo todo (ainda segundo o moleiro) era desobediente em relação aos mandamentos de Deus, que mandou seu filho... Jesus, então, “foi preso e crucificado pelos judeus”.
Pesava sobre Menocchio, ainda, a acusação acerca do que dizia sobre Jesus... Os depoimentos denunciavam que, para ele, Jesus deixara-se abater “como um animal”... Em seu depoimento negou essas afirmações... Mas logo depois concordou que talvez tivesse dito qualquer coisa semelhante... Talvez para melhorar sua condição, Menocchio emendou que havia dito, sim, que Jesus se deixara crucificar, e que Ele era um dos filhos de Deus (porque somos todos filhos de Deus e da mesma “natureza” do crucificado)... Jesus seria, então, um humano como todos nós... “Mas com dignidade maior”... Neste ponto completou que essa "dignidade maior" seria como a do papa... Menocchio, como que concluindo, disse que em sua opinião “o crucificado teria nascido de São José e da Virgem Maria”...
Como havia muitos relatos sobre o acusado, e todos eles bem estranhos e complicadores para o moleiro, o vigário-geral decidiu saber do próprio Menocchio se ele falava sério ou se brincava, e se não possuía problemas mentais... Menocchio garantiu que “não estava louco” e que falava sério...
Ziannuto, filho de Menocchio, espalhou que o pai possuía problemas mentais (isso teria sido sugestão de alguns amigos do moleiro, como Sebastiano Sebenico e um tipo de nome Lunardo)... A ideia era provocar descrédito a tudo o que ouviram de Menocchio, principalmente sua cosmogonia... O vigário-geral não levou em consideração tais boatos principalmente porque ouviu depoimento em contrário do próprio acusado... Ginzburg afirma que se ocorresse 100 ou 150 anos mais tarde, o caso de Menocchio passaria como típico daqueles que sofrem de “delírio religioso” e seria internado num hospício. Mas o momento era outro... A Contra Reforma reprimia as heresias...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/o-queijo-e-os-vermes-de-carlo-ginzburg_28.html
Leia: O Queijo e os Vermes. Companhia das Letras.
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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – Série Reencontro – Augusto se encanta com a devoção da Moreninha à sua escrava; o “julgamento” de Carolina

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_20.html antes de ler esta postagem:

Cada grupo dedicava-se a um passatempo (uns riam, outros jogavam, brincavam...), dessa maneira, rapazes e moças se acomodavam em seus divertimentos... O alemão Keblerc roncava em meio às garrafas esvaziadas. Batista, um senhor baixo e de rosto vermelho (também gordo e ruivo) dirigia os jogos de salão em meio à moçada... O ambiente era de muita animação, pois brincavam o “jogo da palhinha”, que resultava em “castigo” para as moças (que deviam ser abraçadas por um dos rapazes)... 
Augusto via-se deslocado e chegou perto da anfitriã, que logo notou o seu desencanto... O rapaz explicou que gostaria da presença de Carolina entre os convivas, mas ela estava dando atenção à sua ama... Dona Ana aprovou que ele fizesse companhia à sua neta... Augusto sentiu-se honrado e retirou-se em direção ao quarto de Paula... Além de Carolina, Augusto também encontrou Tomásia (outra escrava da casa) atendendo a que estava inconsciente. A Moreninha continuava desolada e aguardava que Tomásia realizasse o “escalda pés”, mas a água estava muito quente e a escrava não dava conta da tarefa. Carolina, então, tomou-lhe a bacia e disse que ela mesma conduziria o tratamento. Nesse momento Augusto adentra o quarto e se encanta com o despojamento da menina.
Ele interveio, dizendo que para aquela tarefa havia escravos na casa... Carolina justificou-se dizendo que tinha muita estima por Paula, e que ninguém faria o tratamento de modo adequado. Então Augusto ofereceu-se com insistência e fez, ele mesmo, o serviço envolvendo os pés de Paula na toalha... Depois da troca de gentilezas, Augusto conseguiu a permissão para conduzi-la até a sala de braços dados... Os jogos seguiram-se ainda mais animados até que todos se retirassem para a noite de sono.
Às seis da manhã do domingo, dia de Santa Ana, os jovens permaneciam dormindo... Macedo brinca com a ideia de que o autor pode aproximar-se dos recintos e, de modo divertido, revelar o que suas personagens estão fazendo... Assim, informa que os moços estavam estirados numa esteira, onde pareciam disputar quem roncava mais... Augusto sonhava com aquela que o cativava a cada instante que permanecia naquela casa... Estava tão envolvido no enredo idílico que, ainda dormindo, aproximou-se de um rosto bem próximo do seu e beijou-lhe o nariz (!)... Despertou após ser empurrado por Fabrício, que se apavorou com o incidente.
Pela manhã os rapazes voltaram a se divertir com jogos de cartas... Arrumaram a mesa na varanda, tudo muito agradável... Mas não havia como prosseguir mais seriamente porque as moças surgiam para mexer nas cartas ou para atirar flores no meio da mesa... Joaquina apareceu com uma rosa presa ao cabelo e recebeu elogios de Augusto... Ele disse que "entre a aurora e as rosas há uma rivalidade"... A aurora já havia passado e a moça havia colhido uma rosa... Então, de modo sutil, ele a elogiava... Quinquina, então, ofereceu-lhe a “vencedora”... Augusto disse que preferia que a rosa (por ela colhida, presa aos cabelos e, por isso, “vencedora”) permanecesse nos cabelos dela... Lisonjeada, Joaquina falou que a guardaria para ele... Leopoldo intrometeu-se dizendo que ninguém deveria “libertar a cativa”.
No mesmo instante, Carolina disse que conseguiria pegar a rosa... Foi desafiada pela prima e teve início a brincadeira em que uma procurava proteger a flor entre os cabelos e a outra pretendia furtá-la... Aconteceu que o leque de Quinquina caiu e ela tentou recuperá-lo no mesmo momento em que Leopoldo também fazia isso. Na confusão, Carolina conseguiu desprender a flor dos cabelos da prima, mas a disputa entre as duas fez com que a rosa se despetalasse (mais uma nessa história)... O divertimento prosseguiu com as demais garotas dizendo que Carolina era “criminosa” e que deveria pagar pelo delito... Decidiram que fariam um júri... Filipe se opôs, dizendo que sua irmã era rebelde e que não cumpriria nenhuma sentença... Mas ela mesma disse que aceitaria  a brincadeira.
O “julgamento” foi uma farra só... Cinco das moças fizeram a vez de juradas. Clementina foi a relatora da sentença... Leopoldo foi o promotor; Filipe, o advogado; Augusto fez o papel de “suspeito”... Gabriela e outras garotas serviram de testemunhas... Carolina divertiu a todos durante o “interrogatório”... Leopoldo acusou-a de ter premeditado a ação e de ter agido por ciúme... Disse ainda que ela queria conquistar todos os corações e que não aceitou o fato de Augusto ter dado valor à rosa ofertada por Quinquina... Filipe fez a defesa com muito bom humor, dizendo que não era possível falar em premeditação e nem saber com certeza qual mão “matou a rosa”... As juradas se reuniram à parte e decidiram a sentença, que foi proferida por Clementina... Carolina foi considerada culpada e foi condenada a indenizar o dono da flor com um beijo... Então Carolina dirigiu-se à prima para “cumprir sua pena”... Mas as demais protestaram, dizendo que o proprietário da flor era Augusto... Manifestando pudor, Carolina suplicou que o rapaz a perdoasse...
É claro que Augusto ficou encantado com a proximidade da Moreninha (a essa altura do texto já não há como duvidar que ele estivesse dominado por um sentimento de atração muito forte pela moça). Sem ter como resistir aos encantos dela, Augusto perdoou... Carolina estendeu-lhe a mão... Ele tomou aquela mão macia e beijou-a.
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domingo, 23 de setembro de 2012

“O Queijo e os Vermes”, de Carlo Ginzburg – depoimentos contra Menocchio; blasfêmias e prisão

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/o-queijo-e-os-vermes-de-carlo-ginzburg_21.html antes de ler esta postagem:

Os depoimentos dos que participaram do processo contra Menocchio revelavam sempre uma desaprovação das testemunhas quando se falava das conversas com o acusado e das ideias por ele defendidas... Alguns, como Domenico Melchiori e Giuliano Stefanut, faziam questão de mostrar ao vigário geral que se indignavam com o moleiro, a quem teriam dito “Menocchio, pelo amor de Deus não vai falando essas coisas por aí!”... Stefanut falou sobre a ocasião em que, indo para Grizzo, disse a Menocchio que gostava dele, mas que não aceitava suas opiniões em relação à fé e religião. Salientou, inclusive, que se morresse por “cem vezes e depois voltasse a viver” continuaria a morrer pela fé.
Os autos do processo mostram que o padre Andrea Bionima já advertira o moleiro sobre as coisas que dizia e que um dia se arrependeria... Giovanni Povoledo, outra testemunha, criticou Menocchio e suas opiniões em relação à “seita de Lutero”... Ginzburg mostra que todas as testemunhas conheciam o moleiro há muitos anos (de vinte a quarenta anos)... Daniele Fasseta, por exemplo, revelou conhecê-lo desde criança... De um modo geral, a opinião das testemunhas é de desaprovação em relação às ideias e comportamentos de Menocchio... Não se pode dizer que o condenavam veementemente... Devemos questionar por que em tantos anos de convivência nunca fizeram nenhuma denúncia contra ele...
Há que se ressaltar (mais uma vez) que, perante a autoridade, além de prestarem esclarecimentos exigidos, as testemunhas procuravam deixar claro que eram pessoas idôneas e de fé incontestável... É certo que alguns, como Francesco Fasseta e Bartolomeo de Andrea (este era primo da mulher de Menocchio), afirmaram que o acusado era “homem de bem”... O próprio Stefanut que afirmou que “morreria pela fé” disse também que gostava dele... Outra testemunha revelou que o via conversar com muita gente e bem podia ser “amigo de todo mundo”.
Para os filhos de Menocchio, dom Odorico Vorai, pároco de Montereale, teria sido o delator anônimo... Ginzburg mostra que, pelo menos, havia certo desentendimento entre os dois, já que o moleiro se confessava em outra cidade... O testemunho de Vorai revelou que não podia se lembrar do que o acusado disse (argumentou que sua memória falhava)... No entanto, o vigário geral do Santo Ofício tinha como fundamentação “evidências circunstanciais” para interrogar as testemunhas. Vorai teria sido instigado à denúncia por dom Ottavio Montereale (religioso de família tradicional do lugar)... Os padres eram mesmo um dos alvos prediletos de Menocchio, que não acreditava nem no papa, nem em nenhuma outra autoridade eclesiástica.
Menocchio blasfemava... Dizia que devia guardar temor apenas em relação a Deus, pois não havia importância nenhuma em blasfemar contra os santos... Sustentava que cada um faz bem o seu papel no mundo, e o dele era blasfemar... Seguia espalhando sua “teologia” afirmando que “O céu é Deus (...) a terra, nossa mãe”; “tudo o que se vê é Deus e nós somos deuses”; “O céu, a terra, o mar, o ar, o abismo e o inferno, tudo é Deus”... E falava ainda sobre sua interpretação sobre a impossibilidade de Jesus ter nascido de uma virgem, podendo mesmo Jesus ter “sido um homem qualquer de bem, ou filho de algum homem de bem” (fragmentos da página 44).
Menocchio dizia possuir a Bíblia em vulgar e outros livros proibidos... Os testemunhos apontavam que ele sempre discutia com os outros e que seus argumentos seriam provavelmente retirados da Bíblia em vulgar.
Como os testemunhos se acumulavam, Menocchio achou por bem ir a Polcenigo tratar com um amigo de infância, o vigário Giovanni Daniele Melchiori. Este o aconselhou a apresentar-se espontaneamente ao Santo Ofício e a obedecer qualquer ordem que recebesse... Avisou que ele deveria comportar-se com retidão e responder apenas o que lhe perguntassem, sem falar demais ou dar opiniões particulares... Também Alessandro Policreto (ex-advogado de Menocchio) aconselhou-o a apresentar-se às autoridades e a admitir sua culpa, declarando que não acreditava naquelas coisas heréticas que andava falando.
Menocchio partiu para Maniago devido à convocação do Tribunal Eclesiástico... O frade Felice da Montefalco, um franciscano, ordenou sua prisão a 4 de fevereiro de 1584. O moleiro seguiu algemado para Concordia, onde permaneceria detido pelo Santo Ofício... Três dias depois teve início seu primeiro interrogatório.
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Prof.Gilberto

Reflexões em torno da temática “Mundo do Trabalho” – trabalho enquanto punição; polêmicas sobre o ócio; trabalho, identidade e dignidade do indivíduo

Os textos que seguem são contribuição para o projeto desenvolvido na EE Adolfo Casais Monteiro. Uma das propostas era a realização de pesquisas sobre profissões, o dia a dia de profissionais, mercado de trabalho... Foram planejadas exposições, testes vocacionais e palestras.

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/reflexoes-em-torno-da-tematica-mundo-do.html antes de ler esta postagem:

Durante muito tempo veiculou-se a ideia de que o ser humano está “condenado” ao trabalho... Então, trabalho se relacionava a uma punição... Apelava-se inclusive a referências bíblicas. Dizia-se que a desobediência de Adão e Eva no Paraíso levou a humanidade a perder a condição de ócio, já que foram condenados ao trabalho para sustentar a vida com o próprio suor. Mas esse não era o caso da nobreza... Os nobres não podiam se envolver com atividades braçais... Eles possuíam uma condição privilegiada na sociedade estruturada pela Igreja Católica. 
Foi a burguesia que mudou esse modo de encarar o trabalho... Devemos entender que suas origens estão nas atividades artesanais e comerciais (seu trabalho)... Conforme essa classe social tornou-se importante, colocou fim às estruturas feudais e possibilitou a concentração de poder nas mãos dos monarcas.
Sabemos que o início do período moderno (séculos XV e XVI) foi de inúmeras conquistas burguesas... O tempo passou e os ideais liberais conduziram a burguesia ao estabelecimento do poder econômico e também político... Suas revoluções colocaram fim ao absolutismo monárquico e ao mercantilismo (que ela própria contribuiu para estruturar)... O Antigo Regime foi sendo superado...
As sociedades cada vez mais dependentes da industrialização foram também cada vez mais dirigidas pela alta burguesia... Propagou-se que o ócio contribui para a constituição de sociedades indolentes e viciadas... Justificavam-se as longas jornadas de trabalho em fábricas caracterizadas por suas péssimas condições...
A exploração extremada aumentou os índices de pobreza e muitos teóricos criticaram o modelo de produção que sugava a vida do proletariado. Karl Marx refletiu sobre a questão da “alienação do trabalho”... Ela nos remete à condição a que o operário chega devido ao seu cotidiano repetitivo (ao executar apenas uma parte do processo); sem conhecer o processo como um todo, não enxerga sua participação no produto acabado; sempre lidando com meios de produção que não lhe pertencem; produzindo bens que atingem valor (de mercado) que seu salário nunca será suficiente para adquiri-los...

* apenas para refletir um pouco mais:

Em O Direito à Preguiça – 1883 - Paul Lafargue contrariou a mentalidade burguesa sustentada por dogmas religiosos (também) com passagens bíblicas, e defendeu o ócio e outros prazeres, além da limitação da jornada a três horas diárias...

Mas a base de cálculos dos lucros dos patrões jamais desprezou as jornadas extensas de trabalho e os salários baixos... O trabalhador é levado a crer que seu trabalho não produz riqueza... O poema de Vinícius de Moraes “Operário em Construção”, nesse sentido, é exemplar. (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2010/12/poema-de-vinicius-de-moraes-operario-em.html).
Ao notar sua importância social, o trabalhador faz questão de ser identificado pelo trabalho que exerce... Houve épocas em que a identidade da pessoa era definida também pelo vínculo empregatício que possuía, quer dizer, muitos ingressavam em uma determinada empresa e nela permaneciam até se aposentarem...
Mas os tempos mudaram... Há uma reserva cada vez maior de mão-de-obra, então há uma constante necessidade de formação e especialização para aquele que pretende manter-se trabalhando... Por isso, ao aconselhamento para os que buscam o ingresso no mercado de trabalho (irem se acostumando a deixar para traz a condição de “poder planejar dias sem deveres ou propósitos”), acrescenta-se a necessidade de ser “versátil” para adaptar-se às constantes mudanças e manter-se em constante formação.
Conforme nos inserimos nele, o “mundo do trabalho” torna-se ambiente nosso ao mesmo tempo em que acabamos pertencendo a ele... Não é fácil ingressar (também) porque nem sempre estamos preparados para as transformações que ele provoca em nossas vidas... Eventualmente demora, mas acabamos aprendendo a conhecer (e nem sempre aceitamos) sua dinâmica e conflitos... Nele vivemos alegrias e decepções... Sem ele fica muito difícil viver dignamente...

Para encerrar, deixo esses fragmentos de Guerreiro Menino, de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (Gonzaguinha):
“Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho...
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra

Se morre, se mata...”
Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 22 de setembro de 2012

Reflexões em torno da temática “Mundo do Trabalho” - expectativas dos jovens; cotidianos alterados; labuta

(http://www.revistapancreas.com/page/2/ 22/09/2012;07:45
Os textos que seguem são contribuição para projeto desenvolvido na EE Adolfo Casais Monteiro. Uma das propostas era a realização de pesquisas sobre profissões, o dia a dia de profissionais, mercado de trabalho... Foram planejadas exposições, testes vocacionais e palestras.


O cotidiano em salas de aulas coloca-nos em contato com jovens que têm pressa em fazer parte do mercado de trabalho... Vários deles, concomitantemente ao Ensino Médio Regular, fazem cursos profissionalizantes... Desejam trabalhar e, não sem razão, imaginam que dessa maneira conquistarão mais autonomia... É claro que há aqueles que defendem que essa condição só é possível para os que se tornam patrões... Todavia não são poucos os que desejam uma formação que garanta uma profissão que resulte em salários altos. Dessa forma a sonhada autonomia se concretizaria mais eficazmente... Muitos são os que pensam que o dinheiro é mais importante do que o trabalho e, por isso, o emprego ou a profissão que se exerce não são levados em consideração... Desde que rendam possibilidades de aquisição de bens e sobrevivência acima da média da população, tudo bem...
Gandhi (1869-1948. A referência aqui é para "dar voz" a um humanista) dizia que a “riqueza sem trabalho” está entre os sete pecados capitais responsáveis pelas injustiças sociais (os demais são “prazeres sem escrúpulos”; “conhecimento sem sabedoria”; “comércio sem moral”; “política sem idealismo”; “religião sem sacrifício” e “ciência sem humanismo”). Então podemos pensar que, se a riqueza ostentada pelo indivíduo é proveniente de seu trabalho, ela está de acordo com o princípio moral implícito do início do parágrafo. Há que se considerar também que riqueza tal como Gandhi faz referência leva-nos a imaginar aquelas que ostentam os grandes proprietários que, graças à sua condição de pertencentes a famílias nobres sempre tiveram serviçais explorados e, sendo assim, nunca precisaram trabalhar. Há também a riqueza daqueles que acumulam por meios de corrupções e fraudes... Algo tão deplorável quanto inconcebível aos valores que procuramos construir.
Retomando a reflexão sobre a condição do jovem que anseia pelo primeiro emprego, devemos lembrar ainda que “trabalhar no que gosta” e poder se enriquecer com a atividade profissional que se realiza é a conjunção que muitos ambicionam... Mas sabemos que nem todos conseguem trabalhar naquilo que mais gostam recebendo bons salários pelo que fazem... O mercado de trabalho é concorrido, então muitos defendem que isso é o que menos deve contar no momento de se definir por um emprego ou formação profissional...
Há aqueles que afirmam que “gerar satisfação pessoal” não é função do trabalho. Eles até aconselham os postulantes a irem se acostumando a deixar para traz a condição de “poder planejar dias sem deveres ou propósitos”...
http://internativa.com.br/artigo_rh_04.html (22/09/2012)
O aconselhamento destacado no parágrafo anterior parece estar em consonância com a origem da palavra trabalho (um instrumento de tortura chamado tripalium)... Esse instrumento (literalmente três paus) era utilizado para prender animais para ferrar. No tripalium prendiam insubordinados (do exército romano) para serem castigados... Não é difícil imaginarmos escravos sendo supliciados na antiguidade, ou os mais pobres e desfavorecidos sem condições de arcar com as obrigações fiscais, passando por sessões de tortura. Mais tarde, a Inquisição lançou mão de sua utilização... Também há referências a uma definição para tripalium como uma formação em que três paus eram dispostos de modo a formar uma pirâmide fincada no chão e servia para debulhar grãos ou rasgar espigas... Nesse último caso, pelo menos, o instrumento está mais relacionado a uma atividade em que o exercício humano processa uma atividade de produção.
Continua...
Um abraço,
Prof.Gilberto

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