sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – a bordo do Mongólia, navegando pelo Mar Vermelho; passageiros ilustres e companheiros de uíste; Fix se aproxima de Passepartout

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_25.html antes de ler esta postagem:

Verne nos leva ao interior do Mongólia...
A embarcação era potente e das mais luxuosas... De acordo com o regulamento da Companhia, o prazo para o cumprimento da viagem era de cento e trinta e oito horas, todavia aquela viagem terminaria bem antes.
Grande parte dos que faziam uso de suas instalações havia embarcado em Brindisi e a maioria se dirigia para Bombaim ou Calcutá... Os que buscavam o último destino pegariam o trem em Bombaim, e isso era possível “graças aos empreendimentos britânicos no subcontinente”.
Os muito passageiros eram funcionários que cumpriam as mais diversas funções administrativas naqueles domínios britânicos... Outros tantos eram oficiais militares. Havia os que pertenciam às tropas imperiais e outros que comandavam soldados cipaios (como eram chamados os nativos a serviço das armas imperiais). O texto esclarece que todos eram muito bem pagos pelas funções que exerciam.
Evidentemente a tripulação do Mongólia não deixava de tratar bem seus ilustres passageiros... Entre eles podiam ser notados jovens empreendedores ingleses que almejavam criar lucrativos negócios na Índia.
Para o bem servir, a Companhia disponibilizava o “purser”, um funcionário que em tudo se esmerava para agradar... Assim, os horários das fartas refeições nunca falhavam. O Mongólia possuía açougue e despensa à altura “dos pratos de carne fresca e iguarias diversas”.
Era tanto capricho que nos trechos em que a embarcação não sofria grande turbulência um pianista fazia o fundo de cantorias e de bailados... Havia algumas mulheres entre os passageiros e sempre que o piano era tocado elas apareciam para alegrar o ambiente... Mas isso era raro porque os ventos laterais atingiam o Mongólia e o chacoalhavam em sua travessia do Mar Vermelho.
(...)
Phileas Fogg jamais demonstrava qualquer sinal de ansiedade em relação àquele trecho da viagem... Até o estreito de Bas-el-Manded poderia ocorrer alguma avaria e a embarcação teria de atracar para que os reparos fossem executados, mas o aristocrata não pensava sobre isso e seus cálculos previam eventualidades desse tipo.
É claro que ele possuía muitas informações sobre o Mar vermelho... Conhecia os textos de Estrabão, Arrien, Artemiro e Edrisi, mas as assombrosas navegações eram coisa do passado... Fogg não aparecia nem mesmo para conferir as cidades que surgiam nas duas margens.
O homem fazia as quatro refeições regulares oferecidas a bordo... Não havia agitação provocada por fortes ondas que o abalasse. Tudo parecia contribuir para o seu bem-estar, tanto é que encontrou parceiros que curtiam partidas de uíste tanto quanto ele! Um deles era coletor de impostos e viajava para o posto em Goa, outro era Decimus Smith, reverendo que retornava a Bombaim, e um general do exército que seguia para Benares, onde seus comandados estavam posicionados.
(...)
Enquanto o patrão permanecia concentrado e entretido com os companheiros de carteado por várias horas, Passepartout aproveitava a viagem a seu modo. Ele não perdia as refeições e também não se incomodava com as agitações do mar.
O francês aproveitava as passagens pelas cidades para contemplá-las ao longe... Satisfeito com a instalação a ele destinada, não tinha do que reclamar. Mas não acreditava que a viagem prosseguisse para além de Bombaim.
Não demorou e Passepartout encontrou o tipo que lhe dera orientações em Suez a respeito da obtenção do visto... Enfim apresentaram-se formalmente. Fix disse que era agente da Companhia Peninsular e que também se dirigia para Bombaim.
Passepartout queria que o outro lhe fornecesse informações sobre a Índia... Fix falou de generalidades (“mesquitas, minaretes, templos faquires, pagodes, tigres, serpentes, bailarinas...”).
O inspetor policial disse que esperava que o viajante tivesse tempo de visitar o país... Passepartout respondeu que também esperava ter a oportunidade... E completou dizendo que aquela viagem não era para pessoas normais... Alternar embarcações e trens tresloucadamente para cumprir a volta ao mundo em oitenta dias? Aquilo não era vida! Aquela ginástica toda terminaria em Bombaim!
Fix ouviu com atenção e emendou pergunta sobre o senhor Fogg... O patrão estava passando bem? Ele nunca era visto no convés! Passepartout respondeu que estava tudo bem e acontecia que, diferentemente das demais pessoas, ele não era um tipo curioso.
Fix especulou que aquela viagem ao redor do mundo talvez fosse um estratagema para “ocultar uma missão secreta, diplomática...” Passepartout respondeu que não sabia de nada e não tinha a menor vontade de saber.
(...)
Esse tipo de encontro ocorreu ainda muitas outras vezes. Fix não perdia a oportunidade de se aproximar de Passepartout... Achava que o rapaz podia ser útil em algum momento de sua perseguição... Em várias ocasiões pagou bebidas para o francês no bar da embarcação. Passepartout retribuía a gentileza e passou a ter Fix em alta consideração, “um gentleman muito simpático”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/02/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de.html
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio”* – Passepartout sai às compras em Suez; encontro com o inspetor Fix e o curioso e inapropriado cuidado do francês com seu relógio; detalhes sobre o patrão e sua excentricidade levam o policial a conclusões precipitadas

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_61.html antes de ler esta postagem:

O policial Fix alcançou Passepartout em sua andança por Suez... Aproximou-se com expressão de surpresa pelo encontro e quis saber se o patrão estava satisfeito com a questão do visto...
Passepartout respondeu que tudo se resolvera... Disse isso e perguntou sobre o ambiente à sua volta... Quer dizer que estavam mesmo em Suez, Egito, África? O inspetor garantiu que sim. Então o francês pôs-se a falar que, para ele, tudo parecia um sonho... Nem podia acreditar que estivera por tão pouco tempo em sua Paris, de onde tinha certeza que não passariam. A viagem planejada pelo patrão era projeto dos mais espantosos, no entanto tudo indicava que nada o impediria de conclui-la.
Fix observou a pressa de Passepartout e comentou a respeito... O rapaz era falante e explicou sem meias palavras que seu patrão era o apressado, saíram sem malas e por isso precisava adquirir com urgência meias e camisas. Tinha de cumprir o que lhe fora solicitado antes da partida do navio.
O outro observou que ainda era meio-dia, então havia tempo suficiente para fazer as compras... O francês se espantou, consultou o seu velho relógio de família e objetou a hora informada. Os ponteiros de seu confiável relógio marcavam 9:52.
Certamente Fix deve ter achado graça... Esclareceu que aquela diferença se explicava pelo fato de o rapaz manter o horário de Londres. Ele devia ajustar o relógio, pois a metrópole tem atraso de aproximadamente duas horas em relação a Suez.
Aquela sugestão soava ultrajante... Passepartout não admitiu alterar a posição dos ponteiros de sua relíquia. Por ano o mecanismo atrasava no máximo cinco minutos!
Um capricho tolo... No entanto Fix lembrou que o rapaz jamais teria o relógio “de acordo com o sol”... Passepartout respondeu que o azar era do sol e guardou seu “precioso cronômetro” no bolso.
(...)
Fix voltou a falar sobre o que conversavam anteriormente... Perguntou se tinham mesmo deixado Londres às pressas. Passepartout confirmou... E disse mais. Entrou em detalhes sobre a repentina mudança de hábitos do patrão, que até então era conhecido por sua rigidez em relação à rotina cotidiana. Sim, foi de repente! E estava viajando sempre em frente! Daria a volta ao mundo em oitenta dias! Tratava-se de uma aposta.
O ingênuo rapaz acrescentou que ele mesmo não acreditava naquele projeto... Aposta? Volta ao mundo em oitenta dias? Certamente havia outra intenção não revelada!
Os olhos do policial se arregalaram... Evidentemente tudo o que ouvia contribuía para encaixar as peças do quebra-cabeças e solidificar suas suspeitas. Perguntou se o cavalheiro era excêntrico e rico... Passepartout só podia acha-lo excêntrico... E sobre se tratar de um homem rico, não tinha a menor dúvida. Sustentou sua afirmação ao contar que o patrão havia oferecido uma fortuna como recompensa ao maquinista caso ele levasse o Mongólia ao seu destino, Bombaim, em tempo recorde.
(...)
Fix ficou sabendo que aquele rapaz simplório estava trabalhando para o seu suspeito há pouco tempo, já que fora contratado no mesmo dia em que começara sua fuga de Londres.
As informações davam conta, então, de que o bandido não desembarcaria em Suez. Fix havia raciocinado anteriormente que talvez o tipo pudesse, a partir dali, seguir para possessões francesas ou holandesas. Pelo visto teria de persegui-lo até Bombaim.
Passepartout perguntou onde se localiza Bombaim... Fix explicou-lhe que até a Índia teriam uns dez dias de viagem.
O francês fez cara de preocupado e deixou escapar que estava chateado com o bico... Sem perder tempo, o policial perguntou que “bico” era aquele... Então Passepartout explicou que havia esquecido de apagar o bico de gás de seu aposento e que teria de pagar do próprio bolso dois shillings a cada dia de desperdício, totalizando mais do que recebia de salário.
(...)
Fix não deu importância àquela história do bico de gás... Chegaram a um bazar e ele resolveu deixar o outro com sua tarefa e encaminhou-se ao escritório do representante consular britânico.
Ao cônsul, explicou que o bandido se fazia passar por excêntrico viajante numa volta ao mundo em oitenta dias... O diplomata respondeu que o tipo então era muito esperto, já que retornaria para Londres depois de despistar os policiais de todo o mundo.
Mas não haveria um erro na interpretação? O cônsul quis saber, já que ainda estranhava a insistência do ladrão em obter o visto em seu passaporte. Por que faria isso?
Fix não se importava com este detalhe. Passou a narrar as várias informações que obtivera junto ao empregado do outro.
Na sequência enviou o telegrama ao diretor de polícia de Londres (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_26.html). Embarcaria no Mongólia... Esperava que o mandado fosse encaminhado para Bombaim, onde efetuaria a prisão.

                                                                  * Postagens dessa sequência são parceria de Mariana & Gilberto
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio”* – obtendo o visto em Suez; cônsul e inspetor de polícia divergem em relação a Fogg; a caderneta de registros sobre previsões e confirmações de chegadas e partidas durante a volta ao mundo

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_24.html antes de ler esta postagem:

Fix falou de sua certeza sobre a presença do homem que havia roubado o Bank of England entre os passageiros do Mongólia... Comentou sobre as informações que ele mesmo conferira no passaporte.
O cônsul respondeu que não se incomodaria de ficar de frente com o tal patife... Todavia desconfiava que, se o homem fosse mesmo o tal ladrão, ele nem apareceria porque esses tipos evitam “deixar rastros”. E acrescentou que, como os passaportes nem eram mais obrigatórios, dificilmente ele se daria ao trabalho.
O policial sustentou que se o ladrão fosse mesmo inteligente como dava a entender, certamente solicitaria o visto... Argumentou ainda que os passaportes “atrapalhavam as pessoas de bem e facilitavam a fuga dos sem-vergonha”.
Sua ideia era a de que o cônsul não desse o visto... Isso evitaria a continuação da fuga e possibilitaria que o mandado de prisão chegasse da metrópole alcançando-o em Suez.
O cônsul sentenciou que não teria como se recusar a dar o visto se tudo estivesse em ordem com a documentação. Em relação ao mandado, deixou claro que o problema era todo do policial.
Este diálogo não teve prosseguimento porque logo Phileas Fogg e Passepartout foram trazidos pelo funcionário do representante consular.
(...)
O cônsul leu as informações contidas no passaporte... Fix permaneceu em silêncio e não podia acreditar na chance que parecia esvair-se.
O cônsul fez perguntas a respeito de onde haviam partido e para onde pretendiam viajar... Fogg explicou que Passepartout era seu empregado e que iam para Bombaim. Disse que sabia que os vistos não eram mais exigidos, mas fazia questão de comprovar a sua passagem por Suez.
Então o cônsul assinou, datou e carimbou o documento... Fogg pagou a taxa devida, despediu-se e se retirou da sala acompanhado por Passepartout.
(...)
Fix quis saber a opinião do cônsul a respeito do homem que acabara de deixar o recinto.
Para o diplomata, não havia nada que o desabonasse... Aparentemente tratava-se de um homem honesto.
O policial argumentou que aquilo não vinha ao caso... Para ele, o mais importante era que as características de Fogg batiam com as informações enviadas desde Londres.
Definitivamente os dois não pensavam do mesmo modo. Fix mantinha-se convicto e deixou a sala dizendo que aquele que se apresentava como empregado parecia “menos indecifrável” do que o suspeito... Além disso, por ser francês, não conseguiria guardar segredo por muito tempo.
(...)
Depois de terem saído do consulado, Fogg encarregou Passepartout de algumas tarefas e retornou para o Mongólia.
Já em sua cabine, conferiu sua caderneta na qual organizara o itinerário de viagem... Colunas estavam dispostas de modo a receberem registros a respeito das chegadas e partidas das várias localidades, com as datas e horários. Os registros minuciosos permitiam avaliar se estava adiantado ou atrasado.
Graças à caderneta, sabemos que sua chegada a Paris ocorreu no dia 3 de outubro pela manhã... Na manhã do dia seguinte alcançou Turim... Na tarde de 5 de outubro chegou a Brindisi e, como foi mencionado anteriormente, em pouco tempo embarcou no Mongólia.
O registro mais recente, portanto, era o da chegada em Suez: 9 de outubro às 11:00.
A planilha apresentava as cidades pelas quais devia passar em datas previstas: Paris, Brindisi, Suez, Bombaim, Calcutá, Cingapura, Hong Kong, Yokohama, San Francisco, Nova York, Liverpool e Londres (chegada em 21 de dezembro).
Pelo menos até o momento não ganhara ou perdera tempo durante a viagem.
Satisfeito, pediu que lhe servissem o almoço.

                                                                  * Postagens dessa sequência são parceria de Mariana & Gilberto
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio”* – o Mongólia atraca; grande movimentação no cais do porto; Fix lê as informações do passaporte de Phileas Fogg

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_23.html antes de ler esta postagem:

O cais tornou-se muito movimentado... Marinheiros, comerciantes, estivadores e uma gama enorme de negociantes de várias partes do mundo passaram a se acomodar em determinadas áreas ou prosseguiram freneticamente a certas instalações...
Sem dúvida isso era uma indicação de que o Mongólia estava para chegar.
(...)
A tudo Fix observava com atenção sem deixar de reparar as pessoas que circulavam...
Eram dez e meia quando perguntou se o navio não chegaria nunca... Pacientemente, o cônsul explicou que o Mongólia não devia estar longe; que permaneceria em Suez por umas quatro horas, tempo suficiente para ser carregado de carvão; que de Suez até a saída do Mar Vermelho ainda faltavam 1310 milhas; que, sem escalas, a embarcação seguiria para Bombaim.
O policial tinha certeza de que o homem que procurava devia desembarcar em Suez para tomar o rumo de possessões holandesas ou francesas... O cônsul observou que em Londres um criminoso engenhoso tinha mais condições de se esconder. Depois de dizer isso retirou-se para o seu escritório.
(...)
Por algum tempo Fix refletiu sobre o que o cônsul lhe dissera, mas voltou a pensar que o seu suspeito só podia estar no Mongólia e que, se seu destino fosse a América, certamente percorreria a rota das Índias, mais complicada de se vigiar do que o Atlântico.
De fato, o Mongólia surgiu com os seus apitos ensurdecedores... A agitação aumentou ainda mais... Botes foram deslocados até as proximidades do navio e logo alguns passageiros entraram neles.
Às onze, a grande embarcação atracou... Muitos passageiros resolveram permanecer na cobertura até que se reiniciasse a viagem. De onde se posicionaram puderam contemplar a cidade e seu movimento.
O inspetor Fix permaneceu atento a observar a figura dos que desembarcavam...
(...)
Passepartout foi encarregado de buscar o visto do representante consular britânico... Logo que desembarcou foi assediado por vários felás surgiam de todas as partes para oferecer seus préstimos aos recém-chegados... O francês deixou claro que não pretendia nenhum tipo de ajuda.
Ele logo viu a quem podia recorrer... Aproximou-se de Fix e perguntou sobre a localização do escritório onde pudesse obter o visto do cônsul. Sem se apresentar, o policial pegou o passaporte e estudou as informações nele contidas. Não teve dúvidas de que as informações batiam com as características que haviam sido fornecidas pelo diretor de polícia de Londres.
Era óbvio que o documento não podia ser daquele que o levava... Fix sentenciou a este respeito... Passepartout explicou que o patrão permanecera no navio... Então o inspetor de polícia emendou que o dono do passaporte teria de comparecer ao escritório para obter o visto.
Ele informou o endereço... Nada complicado, já que o escritório ficava a poucos passos dali.
Passepartout agradeceu e voltou ao navio.
Fix antecipou-se e foi direto ao cônsul para informar-lhe sobre o contato que acabara de fazer.

                                                                  * Postagens dessa sequência são parceria de Mariana & Gilberto
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio”* – o canal de Suez, uma grandiosa obra; Phileas Fogg e Passepartout viajavam a bordo do Mongólia, rápido vapor da Companhia Peninsular e Oriental; o policial Fix tenta convencer o cônsul britânico a respeito de suas suspeitas

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_26.html antes de ler esta postagem:

A partir do capítulo VI o cenário deixa de ser o de Londres...
O texto descreve Suez, o canal e todos os benefícios que a grande obra proporcionou à navegação graças “aos esforços de Ferdinand Lesseps”, o diplomata francês que “passou para a História” ao promover a abertura da grande via de navegação... Lesseps era empresário e dono da Companhia Suez, responsável pela grandiosa obra (1859-1869) em que mais de 120 mil operários morreram.
(...)
No dia 9 de outubro, em meio ao movimento de uma multidão de egípcios e estrangeiros que buscavam se acertar para os próximos embarques, dois ingleses pareciam agitados enquanto aguardavam a chegada do Mongólia, um dos mais modernos navios da Companhia Peninsular e Oriental.
Um deles era o cônsul do Reino Unido para a Egito... Na região do canal, ele conferia com satisfação que, de fato, as embarcações de seu país atravessavam regularmente a grande obra que reduzira drasticamente o percurso que outrora se realizava pela região do Cabo (extremo sul do continente)...
O outro era um tipo de estatura mais baixa... Sem dúvida era o mais agitado e tinha semblante que revelava impaciência... Este era Fix, um inspetor de polícia que como tantos outros fora encaminhado para “algum porto do mundo” para proceder à captura do ladrão que desfalcara o Bank of England.
A partir do momento que surgisse um suspeito, o policial ou detetive devia persegui-lo de perto até que obtivesse um “mandado de prisão”... Como sabemos, este Fix é o policial que viria a suspeitar de Phileas Fogg. No momento ele alimentava suas convicções a partir das descrições sobre um “personagem distinto e bem apessoado” visto na “sala de pagamentos do banco”.
Não há dúvida de que a recompensa pela captura do criminoso motivava os agentes... Podemos imaginar o quanto isso também interessava o policial Fix.
(...)
O vemos perguntando ao cônsul se era certo que o Mongólia não se atrasaria... O outro o tranquilizava garantindo que a embarcação jamais deixara de receber a gratificação instituída pelo governo pelas viagens finalizadas em pelo menos vinte e quatro horas antes do tempo previsto.
O diplomata seguiu explicando que no dia anterior o Mongólia havia passado por Port-Said... Há apenas cinco dias havia recolhido carga “das Índias” em Brindisi (Itália)... O policial podia ficar sossegado que a embarcação não se atrasaria. A dúvida do cônsul era sobre o sucesso em relação à identificação do homem esperado por Fix.
O inspetor de polícia tinha suas convicções... Garantiu que tinha “faro” para sentir a presença do bandido... O tipo não lhe escaparia de modo nenhum. O cônsul desejou-lhe sorte, pois em tudo as descrições recebidas definiam um “homem honesto”.
Fix deu razão ao cônsul... Mas quis demonstrar que nada daquilo lhe era estranho, pois agindo daquela forma, os grandes bandidos podiam circular em meio às pessoas de bem. Este era o seu disfarce! Bem diferente era o que ocorria com os que não conseguem esconder sua “cara de bandido” e têm de “andar na linha” para não serem descobertos.

                                                                  * Postagens dessa sequência são parceria de Mariana & Gilberto
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas