quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Henri despacha o envelope de das Viernas; diálogos com os jovens Lachaume, Vincent e Sézenac

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html antes de ler esta postagem:

Perron seguiu ao Ministério das Relações Exteriores. De sua parte, considerava que os papéis de das Viernas não sensibilizariam as autoridades francesas... Pobres portugueses... Ficariam “abandonados à própria sorte”.
Chegou pretendendo falar com o senhor Tournelle. Anunciou-se à secretária e, no formulário que lhe foi entregue, registrou que o assunto era confidencial. Ocupado que estava, o chefe de gabinete não o atendeu, porém Henri deixou o envelope com a moça. De certa forma ele sentiu-se aliviado por ter cumprido a sua parte...
Dirigiu-se para o Rouge (um bar). Logo viu Nadine entre Lachaume e Vincent. Comentaram que conversavam sobre ele e sua entrevista ao Lendemain. Henri toma gim e pouco ouvido deu à conversa dos rapazes... Sobre o jovem Lachaume, Henri pensava em sua adesão ao comunismo e no seu engajamento em tarefas que logo o colocaram em evidência... Lembra que teve de escondê-lo no estúdio de Paule, além de arranjar-lhe identidades falsas... Agradeceu o artigo de Lachaume acerca de seu livro que repercutia positivamente. Nadine ironizou, dizendo que os críticos eventualmente se posicionam unanimemente, como que enterrando alguém ou entregando um prêmio “à virtude”.
Henri disse ao rapaz que ele estava equivocado ao inferir que o personagem de seu romance se tornaria comunista... Então Lachaume quis saber do próprio autor o que seria do personagem, e Henri respondeu o personagem se tornaria o que ele próprio chegou a ser. O moço disse sua opinião acerca do SRL, que em pouco tempo já não existiria... Apostou que Henri se inscreveria no Partido Comunista. Perron respondeu que mantinha a sua posição de “desalinhado”; que fazia bem em manter L’Espoir na condição de levar os leitores à reflexões; que no Partido não teria liberdade... Lachaume quis explicar que a situação de sectarismo era momentânea e que ele e seu grupo em breve teriam uma revista própria, pois “dentro do Partido” há liberdade inclusive para isso.
Vincent rebateu às palavras de Lachaume, pois não concordava que haveria “liberdade dentro do Partido”. Desafiou o amigo a dizer aos camaradas que era lastimável acolherem antigos colaboracionistas que se diziam arrependidos (referia-se aos que colaboraram com os alemães ao tempo da ocupação)... Lachaume quis argumentar que existem os “recuperáveis”, mas Vincent não aceitava. Na opinião deste, todos deviam ser eliminados.
Vincent insinuava algo como um grupo que se destinasse a atacar os antigos colaboracionistas. Henri não concordou e disse que aquilo se resumia a atitudes de “bandos de justiceiros”... Não seria isso que “salvaria a França”. Vincent ironizou e disse que nem o PC nem o SRL o teriam em suas fileiras... A conversa parou por aí.
Henri retirou-se... Nadine, em seu encalço, conseguiu que ele se comprometesse a encontrar-se com ela no dia seguinte. Antes, porém, a moça deu a sua opinião sobre a conversa do bar. Disse que ele havia sido muito duro com Vincent... Então contrapôs o modo de vida levado por Henri... Aquilo era vida? Escrever, tornar-se célebre... E depois esquecido, como os próprios livros largados pelos leitores?
Henri seguiu para o jornal refletindo sobre o que é “viver” para as pessoas... Concluiu que, para elas, “viver é ocupar-se delas”... É isso o que querem... Que ele se ocupe delas... “Ninguém porá as mãos em L’Espoir”...
No escritório resolveu a correspondência, logo falaria com Preston, que chegaria em instantes... Teve tempo para tratar com Sézenac, com o qual estava insatisfeito... Assim que este entrou em sua sala, Henri foi perguntando se ele não podia contribuir com algo “mais que porcarias” para o jornal... O diálogo foi breve e Sézenac mostrou que, de fato, não tinha interesse em prosseguir no jornalismo... Disse que no começo até contava com a ajuda de Chancel... Mas agora estava interessado em lecionar inglês ou mesmo trabalhar como tradutor... Pediu dinheiro emprestado a Henri, que concedeu-lhe o dobro do solicitado. Sézenac agradeceu e retirou-se do jornal e de seus encargos... Henri ficou sensibilizado, mas apenas pensou que poderia saber notícias do rapaz através de Vincent.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas