sábado, 9 de junho de 2012

Vamos exibir "Sonhos" de Kurosawa?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-uma-vez.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro.html antes de ler esta postagem:


A exibição das duas primeiras partes de Sonhos, de Akira Kurosawa, é pertinente. Elas propiciam o contato com uma produção de arte, talvez a primeira para muitos dos alunos... No mínimo garante-se a visualização de elementos folclóricos japoneses, das vestimentas das personagens e dos cenários, além da audição das músicas selecionadas pelo diretor.
Os “dois sonhos” podem ser interpretados... Não tenho credenciais para isso... Em todo caso... Eles nos remetem a temas como "sonhos", “espiritualidade”, "mistério", “vida e morte”, “cuidados com a natureza”...
As alterações provocadas às paisagens, as mudanças do tempo, os desmatamentos, "tempestades e trovões" aguçam curiosidades e temores das crianças... E isso é mais ou menos potencializado pelos adultos que fazem parte de sua convivência.
(...)
Sobre o “primeiro sonho”: Muitos se lembram do medo que sentiam logo que começava a chover... Também nos lembramos das brincadeiras em dias de chuva, das enxurradas carregando objetos flutuantes e barquinhos de papel... Lembramos de bolinhos feitos pela mãe, que se dedicava a "passar a roupa" em dias assim... Lembramos de Sol e chuva, casamento de viúva; Chuva e sol casamento de espanhol... Ou ainda do arco-íris, sua beleza e mistério...
É claro que não é por acaso que a mãe do garoto diz que no dia de chuva com sol ele não deve sair, “raposas se casam em dias como aquele”... Certamente o menino ouviu que as raposas não são afeitas aos olhares em seus “dias de casamento”... Ou que a beleza do cortejo nupcial era, garantida pela presença do sol, fascinante.
A curiosidade acaba sendo aguçada quando se ouve tanto a respeito de algo tão misterioso. Sonhamos a ousadia dos desafios... Mas no fundo temos os escrúpulos que nos advertem sobre os perigos que ela representa.
Assim, em seu sonho, o menino que saiu para a floresta maravilhou-se com a visão do cortejo e esforçou-se para não ser flagrado, sofreu com a notícia de que não poderia voltar ao refúgio confortante do lar... É aconselhado a se suicidar porque viu algo que não deveria... Dessa maneira, “morreria honradamente”... Sua esperança é obter o perdão das raposas... Façanha quase impossível... E em seu misterioso reduto no fim do arco-íris. Ele vence obstáculos e chega ao arco-íris... O sonho acabou (ele despertou?).
(...)
Sobre o “segundo sonho”: As bonequinhas de porcelana da irmã do garoto estão bem cuidadas e harmoniosamente dispostas no móvel... Quando as bonecas são bem tratadas trazem felicidade e harmonia... Se maltratadas, podem proporcionar acontecimentos ruins. Há um raminho com flores de pessegueiro entre elas... Ali deveria estar uma boneca?
Mas era o menino que experimentava mal estar... Só ele sentiu falta de uma das amigas da irmã, e só ele vê uma garota que, ao mesmo tempo em que parece estar fugindo, o atrai para fora da casa...
Sua família cortou os pessegueiros... As árvores que ele conheceu floridas e tão bem cuidadas pelos parentes viraram tocos sem expressão. Seu entendimento é o de que as árvores são dotadas de entidades... Em seu convívio aprendeu sobre isso... As árvores estão presas à terra e tiram dela a sua exuberância... É provável que já estivessem no pomar antes mesmo do nascimento do garoto...
Mas elas não mais alegrarão e embelezarão a paisagem porque “a natureza foi desprezada”. Os pessegueiros estão mortos, as entidades estão iradas e o menino se sente culpado. É por isso que chora desesperadamente... Ele tem a compaixão dos espíritos e é contemplado com a visão dos pessegueiros floridos... Logo tudo se dissipa e ele vê apenas os tocos das árvores, entre eles há um ramo florido... Pensamos na “visão” que o atraiu até ali... O sonho acabou (ele despertou?).
Indicação (livre)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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