domingo, 8 de julho de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – assim como o girassol não pode viver sem a luz do Sol, Abner considera-se nulo se não focar Deus em sua vida

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_02.html antes de ler esta postagem:

Naturalmente, Alfredo respondeu que nunca pensou em abrir uma funerária, não saberia lidar com os mortos, seria um verdadeiro fracasso no ramo... Iria à falência. Comentou que as irônicas finalizações reservadas por Abner para as suas cartas eram graciosas. Mas destacou também que o último conteúdo recebido o fizera chorar e refletir.
Ele deixa escapar que estava passando por algumas mudanças. Escreveu que em suas caminhadas e corridas pela cidade interiorana onde sua família vivia, topou com umas flores no alto de uma montanha. Destacou que se impressionou com a exuberância delas em época de ventos frios de final de inverno... Então indagou ao outro, que parecia entender mais do assunto, se as flores também têm personalidades como os humanos, podendo se mostrar mais tímidas, vaidosas, extravagantes... ”Podemos falar de uma personalidade vegetal?”
Em sua resposta, Abner felicitou o outro pelos exercícios físicos (que nos tornam mais saudáveis) e pela atenção dispensada às flores... O professor concordou com a idéia de que as plantas possuem personalidades... Elas são reflexo de uma espécie de estatuto que as rege. Citou o exemplo dos girassóis, que são submissos sem sofrer... Seguem com fidelidade e beleza a sua condição vegetal... Estão nos locais certos, realizando o que a eles cabe realizar... As “regras vegetais” não passam por argumentações ou aprendizados em livros... Submetem-se à luz e ao calor do Sol... Giram, querem o Sol. "Apenas" isso.
Abner concorda que há uma vaidade das flores... É algo que não temos como compreender, dados os limites de nossa consciência... Ele pode apenas afirmar que nota felicidade nas flores que estão exuberantes... Essa conversa requer muito zelo pelas plantas, mas também muita imaginação... É possível conjecturar sobre o trabalho do bom jardineiro, que é aquele que passa a conhecer e a respeitar o "estatuto das plantas"... Não adianta plantar gérberas à sombra porque a experiência mostra que são flores que necessitam de muita luz e calor solar... Ele afirma que também os humanos possuem um “estatuto dentro de si”, que precisa ser respeitado.
De repente, Abner volta ao exemplo dos girassóis para tratar de sua própria experiência... Ele declara que tem necessidade constante de Deus, o “guardião das possibilidades ontológicas” e de tudo o que ainda nos aguarda. Assim como o girassol não pode viver sem a luz do Sol, Abner considera-se se nulo se não focar Deus em sua vida... “Deus é nosso Sol”, ele afirma... Desviar o olhar pode levar-nos a seguir uma “luz artificial”...
O professor faz analogias, escreve que, assim como os girassóis, estamos num mesmo campo, mas nem sempre realizamos os movimentos em busca da luz. Abner sabe bem que Alfredo pertence àquele grupo de pessoas que resolveu extrair Deus de suas vidas e explicações. Ele próprio já experimentara essa condição. Porém revela que mudou e pensa que há mais enaltecimento no aceitar o Sagrado do que na sua refutação. Aliás, abraçar o Ateísmo exige praticamente nada das pessoas.
Por fim, novas provocações. Pergunta se o amigo trouxe algumas mudas da montanha. Em caso contrário, deveria retornar para consegui-las... Deveria ir como poeta, e não como filósofo... Comentou que Alfredo lembrava-lhe a personalidade de uma conhecida planta chamada Comigo-Ninguém-Pode.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_20.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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