Alfredo decidiu “dar uma carta branca” ao poeta em seu interior. Escreveu a Abner contando que retornou à montanha, conforme ele havia sugerido, para colher algumas daquelas flores.
Relatou que permaneceu por um bom tempo a observar as flores cobiçadas ao mesmo tempo em que pensava nas palavras do amigo e em Clara. Concluiu que não soubera viver a “contemplação do amor” enquanto esteve ao seu lado... Olhando as flores em silêncio, não se deixou perder em análises, apenas curtiu a beleza vegetal...
Pensou na história dos girassóis em sua necessidade de perseguir a luz e o calor do sol... Mas registrou que não se sentia preparado para falar sobre Deus... E também que não esperava que o professor fosse um tipo religioso, que confessasse uma fé...
A experiência vivida por Alfredo o satisfez. Ele contou que no instante de contemplação não se preocupou com racionalismos... Afirmou que gostaria de reencontrar Clara para contemplá-la... Apenas isso... Nada de livros, palavras ou argumentos... Confessou que não se lembrava de como era o seu rosto.
Estava realmente modificado... Contou que gostaria de transportar toda exuberância que encontrou na montanha para frente da casa dos pais... E que até conversou sobre isso com o pai. O pai de Alfredo ficou surpreso e disse que o ajudaria no que precisasse para a montagem de um jardim.
(...)
Como
não poderia deixar de ser, Abner respondeu que ficou muito feliz com a última
carta do amigo. Escreveu que, para ele, aquilo poderia significar o início de
um retorno de Clara.
O professor registrou que Alfredo não precisava se
preocupar em explicar Deus porque no instante mesmo em que estivera em
contemplação silenciosa na montanha, era no colo de Deus que ele se encontrava.
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Leia:
Tempo de Esperas. Editora
Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto