Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/11/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian_15.html antes de ler esta postagem:
A semana que seguiu foi de
trabalho para as crianças. Mas elas conseguiram juntar dinheiro suficiente para
que Isabelle pudesse comprar os remédios que Georges tanto precisava. Hugo
percebeu que os relógios começavam a apresentar algumas diferenças nos
horários... Sabia que logo eles parariam de vez. Notou que o inspetor da
estação estava querendo falar com o desaparecido tio Claude, pois deixara um
bilhete anexado ao seu cheque-salário... Preocupado, o menino esperava ao menos
poder descobrir tudo sobre o autômato e as situações que acabaram envolvendo
também o velho Georges, o cinema e Isabelle.
Na véspera do dia combinado
para as visitas de René Tabard e Etienne à casa de Georges Méliès, o menino
Cabret teve uma noite agitada... Sonhou com o famoso episódio que conhecia
através de conversas a respeito do acidente que havia ocorrido na estação no
final do século XIX, quando uma composição locomotiva em alta velocidade perdeu
os freios e ultrapassou o ponto que deveria parar na plataforma... Avançou para
além dos trilhos e atingiu a parede com seus vitrais, que foram destruídos...
Uma reprodução fotográfica de duas páginas mostra-nos a famosa cena em que
vemos a locomotiva “pendurada” na calçada, junto com destroços de vagões e
parede... O sonho de Hugo o colocava na calçada no exato instante em que o
estrondo ocorria... Um pesadelo e tanto...
Depois de despertar, Hugo caminhou pela estação e conseguiu furtar uma
garrafa de leite e alguns croissants... Retornou para o quarto e se alimentou...
Aguardou o momento do encontro na casa de Georges Méliès.
Na hora combinada, Hugo
seguiu para lá. Sua chegada coincidiu com as de Tabard e Etienne. Estava
chovendo e Isabelle também aguardava ansiosa pelo encontro porque se antecipou
a recebê-los. A primeira coisa que Tabard quis saber era o sobrenome do tio da
garota... Ele trazia um grande pacote e mostrou-se muito interessado em
encontrar o velho Georges... Isabelle pediu que todos entrassem sem os sapatos,
pois o tio detestava sapatos dentro da casa.
Na verdade Isabelle não
havia dito nada sobre aquela visita para a tia Jeanne... A mulher que preparava
uma refeição (cortava legumes) estranhou a chegada dos homens... Hugo entregou o
livro que havia emprestado da Academia de Cinema à Isabelle. Então a menina
explicou à tia que Hugo havia descoberto muita coisa sobre o tio Georges graças
àquele livro escrito pelo senhor Tabard, do qual Etienne era aluno... Ela disse
que os dois queriam ajudar e que adoravam os filmes de Georges Méliès.
O senhor Tabard
percebeu o constrangimento, pediu desculpas e disse que retornariam... A
senhora Jeanne concordou e justificou que o marido ainda estava adoentado e que
muito provavelmente não os convidaria para uma próxima visita... Isabelle
insistiu com a tia para que não desperdiçasse a oportunidade.
Tabard contou como havia
conhecido Georges Méliès. Disse que era ainda um garotinho quando o seu irmão
mais velho trabalhou no estúdio do cineasta... Disse que ficava encantado com
tudo o que via... Algo como um “palácio de contos de fada”... Eram os tempos
dos primeiros filmes, tudo muito artesanal, mas muito bem feito... Tabard não
se esquecia da primeira vez que apertou a mão de Méliès e do que ouviu do
mestre... O professor contou que Méliès o instigara a fazer filmes, pois aquele
ofício estava vinculado à “arte de produzir sonhos”... Tabard gostaria de
retribuir as lições que recebera de Méliès... Ilustrações de duas páginas
mostram-nos o episódio referido por Tabard... Vemos o estúdio abarrotado de
artefatos cenográficos e Méliès agachado próximo à criança, que o ouvia
atentamente.
As palavras de Tabard
levaram Hugo a lembrar-se do que seu pai lhe dissera a respeito dos filmes, “era
como ver os próprios sonhos em pleno dia”... Tia Jeanne se emocionou com tudo o
que o professor havia contado, sentou-se numa cadeira e disse que Georges havia
mesmo sido muito importante, mas no momento encontrava-se fragilizado e “desenterrar
o passado” talvez não fizesse bem a ele.
Então Tabard revelou que havia trazido um antigo filme de Méliès e um
projetor... Ele também estava muito comovido porque, inclusive, imaginava que o
velho cineasta estivesse morto há muito tempo... Hugo e Isabelle manifestaram o
desejo de assistir ao filme naquele mesmo instante, mas Jeanne mostrou que não
era boa ideia porque Georges poderia acordar... As crianças insistiram e tia
Jeanne também foi tocada pela curiosidade e desejo de assistir à fita. Olhou
para a porta do quarto que permanecia fechada e solicitou que fossem rápidos
com o que pretendiam mostrar.
Tudo foi ajeitado por
Tabard... O projetor com um rolo de filme foi colocado sobre a mesa... Numa das
paredes seria feita a projeção... Hugo escureceu a sala fechando as cortinas...
Logo que o clarão se fez, notaram o próprio Georges Méliès ainda jovem com uma
barba postiça... O filme era o Uma Viagem
à Lua... Então Hugo pôde conhecer o filme que tanto marcou a vida de seu
pai.
Tia Jeanne chorou de emoção... A surpresa ficou
por conta de o próprio Georges Méliès abrir a porta do quarto e, encostado à
parede, assistir ao final da projeção. Ele também se mostrava emocionado...
Quis saber quem eram aqueles que se encontravam em sua sala... Isabelle tratou
de contar-lhe a história do autômato que havia sido revelada por Hugo... O
menino entregou-lhe as duas partes coladas do desenho que o boneco havia
feito... Isabelle apresentou Etienne e Tabard, referindo-se à Academia Francesa
de Cinema, e destacou que o seu amigo Etienne era aluno de Tabard... E que os
dois eram seus fãs.
Ao
pegar o desenho feito pelo autômato e ouvir toda história que Isabelle contou,
Georges solicitou o projetor... Desconectou-o da eletricidade e o carregou para
o quarto... Trancou a porta, deixando os demais do lado de fora.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/11/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian_27.html
Leia:
A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto